Com apenas quatro linhas de mensagem pela despedida do zagueiro Dedé, o Vasco só volta a se pronunciar oficialmente na manhã desta quinta-feira sobre a venda do jogador. Roberto Dinamite vai falar à torcida, através de coletiva de imprensa, depois do treinamento. A entrevista do presidente vascaíno vai acontecer momentos depois das declarações do zagueiro ídolo dos vascaínos, que preferiu falar separadamente no condomínio que mora na Barra da Tijuca.
Durante toda a quarta-feira, a assessoria do Vasco não confirmava o pronunciamento do presidente. O GLOBOESPORTE.COM obteve a informação de que, inclusive, o acesso de torcedores a São Januário no treino desta quinta-feira será controlado. Há receio de novos protestos pela venda do principal jogador e ídolo do elenco. Nos últimos jogos do time - como na vitória de 2 a 1 sobre o Friburguense -, o presidente foi muito hostilizado.
A intenção da diretoria do Vasco era realizar uma coletiva de saída de Dedé com o jogador. No entanto, a ideia não agradou ao zagueiro. Com Dinamite, os diretores Cristiano Koehler e René Simões vão participar da coletiva sobre a saída do agora já ex-jogador do Vasco.
Depois de muitas sondagens e algumas propostas de dentro e fora do Brasil, desde o fim de 2011, a saída de Dedé passou de última alternativa para sair do sufoco financeiro a única receita possível para "respirar" durante o ano de 2013. Anteriormente, no dia 25 de janeiro, o anúncio da parceria com a DIS - que substituiu a Liga Participações - era visto como extensão do ciclo de Dedé no Vasco.
Na época, o diretor geral Cristiano Koehler anunciava o novo acordo, com nova cláusula de saída - no valor de 10 milhões de euros - e se mostrava confiante na permanência do badalado jogador.
- Dedé é a nossa referencia no que diz respeito a nossa recuperação profissional dentro de campo. Nós entendemos que era fundamental trabalhar em cima do Dedé. Seria muito fácil tomar a decisão de vender o Dedé. Sustentamos o Dedé por conta da importância do jogador para o clube. Se algum clube aparecesse aqui com sete milhões de euros e o Vasco não tivesse como cobrir, o jogador teria que ser vendido. Aí foi que saiu a Liga e entrou o DIS, do grupo Sonda. Nós conseguimos modificar cláusulas importantes do contrato. Agora não são mais sete milhões de euros, mas sim 10. O jogador só sai do Vasco a partir do primeiro de julho de 2013 e se o Vasco quiser. A venda só acontecerá se for uma propostar irrecusável para o clube, para o Sonda e para o Dedé. Até o dia primeiro de julho ele fica. O Dedé não sai antes do meio ano - dizia Koehler, há menos de três meses.
Pouco depois, no dia 16 de março, Koehler admitiu em entrevista à Rádio Globo que era inevitável a venda de Dedé. Segundo o dirigente, um "somatório dos desejos das partes" iria proporcionar a despedida do jogador.
- O clube precisa do recurso, o jogador também quer seguir sua carreira e buscar outras oportunidades, com melhores remunerações, e também buscando a sua independência. Os parceiros também querem realizar o investimento - lembrava o diretor geral, dias antes do técnico Paulo Autuori também dizer que sabia que a permanência de Dedé seria breve.
Com discurso um pouco reticente, Dinamite ainda resistia em admitir a venda de Dedé, como disse em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM na última semana.
- Sinceramente, se amanhã aparecer uma situação em que o Vasco saia do problema que tem, das dificuldades que tem, com a permanência do Dedé aqui, não tem nem que pensar duas vezes. O Dedé fica porque é um jogador importante. Agora, você tem que analisar a coisa num todo. E como avaliar isso? E aí entra o aspecto técnico e financeiro. Temos uma situação. A permanência tem isso, a possível saída gera uma outra situação. E temos que analisar e ver da melhor maneira possível. Quando falo isso não estou em cima do muro. Agora, hoje, pelo quadro que nós temos, a permanência dele não é tão simples. Ela fica quase que meio a meio - disse o presidente do Vasco.
A última investida do Cruzeiro surgiu num novo contexto, que somava a eliminação precoce no Campeonato Carioca ao aperto financeiro cada dia maior - com dois meses de salários atrasados -, e a lentidão nos desbloqueios de receitas que estão na Justiça, além da pressão de empresários e da própria DIS na realização do negócio. Dedé, ao longo de todo esse conturbado período, admitiu que o psicológico ficava abalado com tantas coisas envolvendo seu nome. Na maior parte do tempo, o jogador deixou claro que queria permanecer no clube. No fim do ano, ficou seduzido pela chance de jogar no Corinthians, mas, naquele momento, o Vasco conseguiu a sua permanência. Agora, não teve forças para mantê-lo.
Fonte: GloboEsporte.com