Especialista diz que doping por remédio 'não é simples'

Terça-feira, 16/04/2013 - 21:54

Encontradas na urina de Carlos Alberto depois da vitória sobre o Fluminense no dia 2 de março, hidroclorotiazida e carboxi-tamoxífeno são substâncias que, isoladamente, não beneficiam um jogador, mas estão proibidas pela Organização Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) porque podem mascarar elementos que influenciam no rendimento do atleta. Assim, apesar de afastado do caso, o médico Eduardo De Rose, membro da Wada no Brasil, acredita que sejam reduzidas as chances de o Vasco ter sucesso na sua linha de argumentação. Os médicos do clube creem em contaminação na manipulação dos remédios ortomoleculares utilizados por Carlos Alberto.

- Já vi contaminação por hidroclorotiazida, mas nunca por tamoxífeno. No entanto, encontrar os dois juntos não é algo simples. Além disso, há substâncias permitidas e proibidas, e isso vale para aqueles atletas que fazem, ou não, tratamentos. A não ser que tenham uma autorização para tomar um certo tipo de medicamento – explicou De Rose.

Entretanto, as substâncias encontradas na amostra de urina de Carlos Alberto são consideradas até certo ponto prejudiciais à performance de um jogador de futebol. O tamoxífeno, por exemplo, é normalmente utilizado por mulheres em tratamento de câncer de mama.

- Ele é um hormônio usado por pacientes com câncer de mama. Ele é usado em comprimidos e tomado normalmente pelas mulheres durante cinco anos após o fim do tratamento de quimioterapia. O tamoxífeno é bloqueador de estrogênio e progesterona – afirmou o oncologista Luiz Augusto Maltoni.

Eduardo De Rose explica que, no caso do esporte, este hormônio pode ser considerado um mascarante de outra substância que influencia no rendimento de um atleta.

- Ele é muito usado com o anabólico esteroide, inibindo o crescimento das mamas, que é um efeito colateral do anabolizante – disse.

Em relação ao diurético hidroclorotiazida, o membro da Wada afirmou que, mesmo mascarante, a substância é prejudicial quando se trata de um atleta do futebol.

- Por ser diurético, ele faz perder sais mineirais, que são importantes para a contração muscular – disse Eduardo De Rose.

Cielo e Dodô: casos semelhantes com fins diferentes

A linha de defesa do Vasco não é nova em casos conhecidos de doping no esporte brasileiro. Em 2011, os nadadores Cesar Cielo, Henrique Barbosa e Nicholas dos Santos foram apenas advertidos pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça, porque o tribunal atribuiu o doping dos atletas à contaminação de um suplemento alimentar manipulado pela farmácia Anna Terra, da cidade paulista de Santa Bárbara D'Oeste. Na ocasião, o estabelecimento assumiu a culpa, enviando um relatório no qual avisava sobre a suposta contaminação das cápsulas com a substância furosemida por falta de limpeza no balcão onde as pílulas são produzidas.

Já o caso de Dodô, em 2007, foi bem diferente. Quando o jogador foi flagrado com a substância femproporex, o Botafogo inicialmente culpou cápsulas de cafeína produzidas por uma farmácia de manipulação. O atacante chegou a ser absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, mas o caso foi parar no CAS, que suspendeu o então alvinegro por dois anos.

Fonte: GloboEsporte.com