Quem é Dakson? Essa era a pergunta que não queria calar ano passado quando o meia, de 25 anos, chegou ao Vasco vindo do desprestigiado futebol búlgaro. Cercado de desconfiança sobre sua qualidade e até sobre sua transferência, o jogador trabalhou em silêncio. Este ano, ganhou chances e aproveitou. Se ainda não é unanimidade, ao menos vem ganhando reconhecimento, provando não ter caído na Colina de paraquedas.
Natural de Santana do Ipanema (AL), veio ao Rio tentar a sorte no mundo da bola. Em 2005, se transferiu para o Fluminense e viveu o momento de maior destaque até então.
Morando na concentração tricolor em Xerém, ganhou prestígio e títulos na base, inclusive internacionais, como em 2006, quando foi campeão do Torneio de Monthey, na Suíça, em cima do Espanyol tendo feito dois golaços na decisão.
As boas atuações lhe despertaram ansiedade para uma oportunidade no profissional. Ela não veio e uma proposta do futebol búlgaro acabou falando mais alto.
No Lokomotiv Plovdiv, enfrentou o frio e a solidão e venceu. Por lá, ficou por seis anos sendo destaque, até surgir a chance de voltar para o Brasil e recomeçar do zero, desta vez no Vasco, numa negociação cercada de polêmica, já que muitos alegam que se tratava de uma transferência apadrinhada, pelo fato de o empresário Pedrinho Vicençote alugar o CT de Itaguaí para o Cruz-Maltino.
Em 2012, Dakson jogou apenas duas partidas, mas em 2013, já soma 13 e ganha cada vez mais espaço.
– Quando recebi o convite, sabia que não seria fácil no começo. Evitava até ler essas coisas, mas agora inverteu e espero continuar assim para ajudar o Vasco.
Com a palavra
Alexandre Gama
Foi treinador de Dakson na base do Fluminense
"O Fluminense sempre apostou muito nele"
Dakson foi campeão comigo em 2006 (do Torneio de Monthey). Foi o principal jogador e fez dois gols na final. Na competição, foi eleito três vezes o melhor jogador. O Flu sempre apostou muito nele, mas estava ansioso por uma chance no profissional e ela não veio de imediato. Então, optou por ir para a Bulgária. Se tivesse ficado, seria aproveitado.
Ele sempre teve qualidade técnica grande. Tem uma bola parada das melhores que já vi. O chute tem precisão e força. Pelo que vi no Vasco, melhorou bastante em participação. Antes, carregava um pouco a bola, agora joga mais para o time. Ele ajudará muito o Vasco.
Bate-Bola
Dakson
Em entrevista coletiva no Cefan
Na última partida, você fez o gol da vitória. Como está curtindo este momento?
É sempre bom entrar, ir bem e fazer o gol da vitória. Mas independentemente do gol, quero deixar bem claro que o importante mesmo foi a vitória.
Como tem avaliado o trabalho do Paulo Autuori?
Tem duas semanas que ele chegou, está observando bem o grupo e nós ficamos felizes com a oportunidade que ele está dando aos jogadores. Ele é um cara justo, tem tranquilidade, fala com todos, dá atenção a todos. Espero que ele possa fazer um bom trabalho e a gente possa mostrar o nosso.
Quando não tinha chances, chegou a pensar em sair do Vasco?
Não cheguei a pensar, porque vim com a ideia de querer jogar, aparecer, fazer uma história no Vasco. Não seria bom chegar, nem ter jogado e sair para outro clube.
Trajetória
Início
Dakson chegou no Rio e atuou na base do Campo Grande entre 2002 e 2005.
Fluminense
Ainda em 2005, foi para o Fluminense e se destacou, sendo campeão e ganhando prestígio no clube. O jogador era visto como uma promessa.
Bulgária
Sem ter chance no profissional do Fluminense, aceitou o desafio do Lokomotiv Plovdiv, onde ficou por seis temporadas.
Medo de não continuar
Como jogou apenas duas vezes ano passado, Dakson admitiu que temeu pela continuidade em São Januário em 2013:
– Foi um momento complicado, porque não sabia se a comissão técnica contaria comigo ou não. Sempre confiei no meu trabalho e esperei minha oportunidade.
A apreensão dele se tornou ainda maior porque o filho nasceria em janeiro. Ao saber que continuaria, foi para a pré-temporada em Pinheiral (RJ) e acabou vendo-o somente depois de um mês e meio.
Somente em março a esposa dele veio morar no Rio e agora desfruta da companhia da família o que, para ele foi fundamental:
– Estava na casa de um amigo, agora estou numa casa minha. É diferente quando você sai do trabalho um pouco chateado e vê o filho, a esposa. Você esquece tudo.
Fonte: Lancenet