Nesta quinta-feira, às 19h15, o goleiro Fernando Prass entrará em campo para a sua primeira grande decisão com a camisa do Palmeiras. Se bater o Libertad-PAR, no Pacaembu, o Verdão já garantirá sua classificação às oitavas de final da Taça Libertadores.
Prass está feliz com a iminente classificação. Especialmente porque no ano passado, logo depois de acertar com o Palmeiras, recebeu boa proposta de um grande da Série A. “Foi justamente naquele momento que tive a certeza de que eu deveria mesmo vir ao Palmeiras. Era meu destino estar aqui”, afirma. Confira a entrevista exclusiva do goleiro ao DIÁRIO.
DIÁRIO_ Você era ídolo no Vasco. Por que decidiu jogar no Palmeiras em um ano tão complicado?
FERNANDO PRASS_ Eu respeito muito o Vasco e não vou falar sobre a situação do clube. Digo apenas que o desafio proposto pelo Palmeiras me pareceu interessante. É claro que a questão financeira pesou, também. Mas algo me dizia que o caminho certo para mim estava aqui no Palmeiras.
Você teve mais um ano de destaque em 2012. Deve ter recebido propostas de outro times da Série A...
Recebi, mais de uma. Não vou dizer de qual time, por respeito aos envolvidos. Houve um clube que queria me tirar daqui, antes mesmo de eu ser apresentado. Aí me deu um estalo. Pensei: “Não, eu vou jogar no Palmeiras”. Era meu destino estar aqui. Até agora a decisão está certa. Espero que isso continue sendo assim para mim.
O que o Palmeiras já representa na sua vida?
Vir para cá foi uma grande mudança. Já era ídolo no Vasco, estava lá havia quatro anos, fui capitão, levantei troféu... É um desafio. Mas era para ser.
Por falar em desafio, o que foi pior: ser agredido pela própria torcida na Argentina (após o jogo contra o Tigre, Prass foi atingido por uma xícara, no aeroporto) ou levar seis gols em um mesmo jogo (contra o Mirassol, derrota por 6 a 2)?
A derrota é algo do jogo. Eu nunca havia tomado seis gols antes. Fiquei atordoado. Deu tudo errado para a gente e tudo certo para eles. De 200 jogos, vai acontecer uma vez. Mas a agressão, mesmo não tendo sido endereçada a mim, foi uma covardia, que revolta a gente.
A agressão foi o pior momento da sua carreira?
Uma vez, quando eu jogava no Vila Nova-GO, a torcida invadiu o vestiário e a gente brigou com eles, mesmo. A briga na Argentina não foi comigo. Depois, os torcedores do Palmeiras que estavam lá até vieram falar comigo. Disseram que não era para ter chegado àquilo.
Muita gente diz, brincando, que você é tão bom goleiro que a xícara o procurou...
Vi que a xícara ia na direção do Valdivia e coloquei a cabeça na frente (risos). Mas, falando sério, eu nem vi a xícara vindo. Vi um copo explodir na parede e virei o rosto. Por isso, ela pegou perto da minha orelha.
E os seus familiares? Como foi explicar para eles?
Minha mulher, Letícia, não entende de futebol. Eu tive de explicar para ela que havia sido um acidente, que não era para mim. Meus filhos gêmeos, de 5 anos (Caio e Helena), entenderam, mas não muito. A Helena queria saber quem tinha me agredido para ela ir até lá bater neles (risos).
E essa classificação iminente na Libertadores? Era algo esperado por vocês?
Ainda não estamos classificados e temos de ir um passo por vez. Mas vale lembrar que, com o Vasco, no ano passado, a situação era parecida com a do Palmeiras neste ano. E nós quase eliminamos o Corinthians, que foi o campeão.
Vai ser a sua primeira decisão pelo Palmeiras. Qual é a sua expectativa?
Bom, vale a vaga, se ganharmos. Depois, a gente vai para o Peru ver quem fica em primeiro, embora isso seja relativo. Vai ser uma decisão, com um ambiente que está se criando, com casa cheia. Ganhar a primeira decisão do ano será excelente para todos.
Há muitos garotos no time e gente nova no clube. Vai ser um batismo de fogo, não?
Batismo de fogo costuma ser visto como algo negativo, mas pode ser positivo. O batismo de fogo é o que dá chance ao jogador de conseguir coisas grandes na carreira.
Com pouco tempo de clube, você já é um líder do grupo. Como isso aconteceu?
Tenho muita experiência. É obrigação compartilhar isso. Não é algo pensado. Faz parte da minha personalidade, acho.
Prass lembra defesa ‘de cara’ e avisa: goleiro tem de ser louco
Já se tornou corriqueiro nos jogos do Palmeiras ver o goleiro Fernando Prass se jogando na frente dos atacantes adversários, em lances frente a frente, com as mãos, o peito, o ombro... Mas o camisa 25 afasta uma possível fama de corajoso e explica que o arrojo nada mais é do que um recurso inerente à profissão.
“O goleiro não pode pensar na jogada que vai fazer, prever como ele vai até a bola. O goleiro tem de reagir às jogadas do atacante adversário. Aí, vale fazer qualquer coisa”, explica Prass.
Ele relembra uma passagem de quando jogava pelo Coritiba. “Eu estava com os braços no chão e vi o atacante chegando”, conta. “Sem ter o que fazer, enfiei a cara na bola”, acrescenta o arqueiro palmeirense. “Goleiro tem de ser meio louco, mesmo.”
Fonte: Diário de S. Paulo