O recém-aposentado meia Roger Flores virou uma unanimidade entre os jogadores do Rio de Janeiro em sua nova posição. Trabalhando nas transmissões do canal a cabo Sportv desde outubro de 2012, ele irritou atletas dos quatro grandes cariocas com sua sinceridade nos comentários e nas críticas, além de “entregar” as entranhas da profissão.
Ele chamou atenção nesse sentido, pela primeira vez, quando explicou como um jogador dá “migué” em uma partida do Corinthians. A reportagem apurou que a direção do canal gostou do comentário e o público reagiu bem a ele. O ex-jogador passou a ganhar espaço na Sportv e com os telespectadores, que gostaram desse tipo de informação. Acharam divertido. Mas a reação foi inversa junto de seus ex-colegas de profissão.
Dentro do Fluminense, pegou muito mal quando Roger disse que os jogadores do time “não treinavam muito e, por isso, erram muito passes”. Um dos jogadores mais incomodados com esse comentário foi o meia Deco, que a pessoas mais próximas respondeu com: “Como se ele treinasse muito”.
Revelado no clube das Laranjeiras, Roger é chamado apenas de “Chinelo” quando os jogadores querem se referir ao comentarista, relembrando o passado de muitas lesões dele no clube.
Mas o comentário que mais gerou críticas foi quando Roger disse que o volante Edinho, do Flu, “precisaria de um [revólver calibre] 38 para matar uma bola”. A declaração virou motivo de debate até mesmo no arquirrival Flamengo. O meia rubro-negro Renato Abreu, bastante incomodado, fez questão de sair em defesa do colega tricolor.
“Não costumo ver jogos pela TV, então ainda não vi o Roger comentando. Mas uma das maiores decepções que temos é quando ouvimos alguém que já jogou bola falando esse tipo de coisa [caso da 38]. Uma coisa é o cara que nunca jogou bola, mas quem já esteve dentro das quatro linhas sabe como é difícil a nossa situação. Existem críticas construtivas, que temos que ouvir mesmo. Mas críticas direcionadas, como essa, incomodam. Assim como o domínio pode até não ser o forte de determinado jogador, o Roger também tinha suas deficiências. Ficamos surpresos quando acontece algo desse tipo com um cara que já jogou”, disse.
Mas não foi apenas Edinho que recebeu uma crítica direta. No Botafogo, o comentário que mais incomodou até agora foi sobre Vitor Júnior. Após um bom início pelo clube, o meia caiu de produção e parou na reserva. Roger elogiou o futebol do meio-campista, mas veio uma “cornetada” em seguida: “Ele se perdeu nas farturas do Rio de Janeiro”
“Ele está querendo aparecer, ficar esculachando os jogadores. Fica pagando de santo na televisão, sendo que quem é do meio sabe de muita coisa dele. A opinião do Roger não pode ser sobre a vida pessoal dos atletas, mas sobre o que ele vê em campo. Além disso, parece que foi o maior craque dos últimos anos, mas ficou na reserva de um monte de gente ao longo da carreira”, disse um botafoguense, que pediu anonimato à reportagem.
Já no Vasco, alguns jogadores já até reclamaram dele a produtores e comentaristas quando convidados para a participar de programas do Sportv. “É algo muito chato. O cara sempre teve potencial, mas nunca ganhou nada na carreira. Ele não analisa o jogo e só quer saber de cornetar a própria profissão. É chato, são comentários para baixo e que não ajudam em absolutamente nada”, afirmou um atleta que preferiu não se identificar.
O UOL Esporte tentou entrar em contato com Roger, mas ele não atendeu aos telefonemas. A assessoria da Sportv não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Fonte: Blog UOL Esporte vê TV - UOL