Mirim: Confira entrevista com o coordenador Ricardo Lopes

Segunda-feira, 08/04/2013 - 10:32

Publicamos recentemente duas entrevistas feitas com Fernando China, treinador do pré-mirim, e Adriano Barreto, treinador do mirim. Ambas as categorias disputaram no último mês de março o Mundialito de Clubes de Futebol de 7 na Espanha e em Portugal. O time sub-10 foi eliminado nas quartas de finais para o Barcelona, enquanto o sub-12 nas oitavas de finais para o Benfica.

Além dos dois citados acima, a delegação vascaína que viajou para a Europa contou com Ricardo Lopes, Coordenador da categoria mirim. Com longa experiência no futsal, o profissional tem contribuído e elaborado junto aos treinadores estratégias que visam facilitar a transição entre quadra e campo.

Para saber qual avaliação Ricardo fez da participação do Gigante da Colina nesse importante torneio internacional, o programa Só dá Base bateu um papo com o Coordenador na última quarta-feira (03/04). O profissional falou sobre o desempenho das categorias no Mundialito, revelou como o Vasco foi recebido na Europa e se mostrou impressionado com o trabalho que vem sendo realizado no Barcelona.

Confira uma entrevista exclusiva com Ricardo Lopes, coordenador da categoria mirim:

Como você avalia a participação do Mirim no Mundialito?

"No mirim ficou aquela sensação de que a gente poderia ter ido mais longe. Fizemos uma grande campanha, principalmente na primeira fase. Numa competição onde participaram vários clubes do mundo, grandes clubes da Europa, o Vasco da Gama se classificou em quinto lugar no geral. Nosso cruzamento, porém, não foi o melhor. A gente se classificou até bem, mas a gente cruzou logo com o Benfica nas oitavas de finais. Eles têm um time muito forte e estavam jogando em casa. Ano passado tivemos muitas dificuldades com eles, mas passamos. Nesse ano a gente não fez um bom primeiro tempo, mas no segundo tempo o Adriano conversou bastante com os meninos e nós jogamos no campo deles o campo inteiro, chegamos inclusive a colocar bolas na trave. Apesar não conseguimos reverter e por isso não conseguimos passar. Ficou aquele gostinho de que poderia ter ido mais longe, pois logo em seguida o Benfica enfrentou o Barcelona e perdeu. A gente tinha convicção de que podia fazer um jogo duro também contra o Barcelona na categoria mirim. Nós vimos o Barcelona jogar, vimos que eles tinham uma grande escola, uma grande posse de bola, mas nós sabíamos que tínhamos condições de ir um pouco mais longe. Infelizmente não deu".

E a do Pré-Mirim?

"No pré-mirim foi muito legal. Nós passamos pelo Porto fazendo um grande jogo e vencendo por 2 a 1. Vasco foi muito bem e jogou contra o Barcelona. A gente já tinha visto o Barcelona jogar, o professor Fernando China já tinha observado, e esse aí a gente sabia que era muito difícil de passar. Essa geração pré-mirim do Barcelona é melhor que a geração mirim que jogou lá. Falamos isso em termos individuais e de qualidade jogo. Foi uma equipe que sobrou no campeonato Ganhou acima de dez de todo mundo, menos da gente. Já o Barcelona sub-12 não, eles sempre passaram no mata-mata com um resultado apertado. A gente sabia que no mirim poderíamos fazer um jogo contra o Barcelona, mas no pré-mirim já sabíamos que era muito difícil passar. Tivemos o Cauã que se lesionou na primeira fase, ele fez falta, mas acho que a participação do Vasco foi muito boa. Todo mundo parabenizou o Vasco e disse que o time tinha feito uma bela apresentação. Já estamos pensando no ano que vem. Vamos nos preparar bem para poder representar o nome do Vasco da melhor maneira possível".

E o Barcelona? A forma de trabalho e o estilo de jogo demonstrado por eles na competição te impressionou?

"É impressionante. Conversei lá com o coordenador da base deles. É impressionante como o time joga. Eles raramente usam o drible. É o passe e a movimentação o tempo inteiro. Eles se mexem e dão o passe, se mexem e dão o passe. Recebe e passa, recebe e movimenta. É impressionante. Você ver os meninos de dez anos tocar a bola e se mexer te dá a impressão de estar vendo o jogo de um time profissional. Eles jogam da mesma maneira que o profissional. É impressionante como os caras conseguem. Eu estava assistindo o aquecimento do Barcelona sub-12 e vi que os meninos são franzinos e possuem uma carinha de menino que não sabe jogar futebol. É impressionante. Não tem nenhum menino fortão, nenhum menino muito grande. Eles são obedientes taticamente e possuem uma frieza impressionante. O objetivo deles é o gol o tempo inteiro. Não tem aquele negócio de querer dar caneta ou chapéu, você não vê isso no Barcelona. É uma coisa que serve de aprendizado. Brasileiro pega a bola e quer ir para dentro, que ir para cima. O estilo brasileiro é igual o do Neymar, ou seja, pega a bola e sai correndo. Isso é diferente do estilo deles".

Como o Vasco foi tratado lá na Europa, mais precisamente em Portugal?

"É impressionante o carinho que o pessoal tem com a gente lá. O Vasco está disputando competição lá desde 2009 e o carinho é muito grande. A gente consegue identificar alguns torcedores que estão sempre acompanhando o Vasco e residem lá em Algarve, Portugal. Tem um Português lá que acompanha a gente desde 2010. Toda vez que o Vasco vai lá ele é o primeiro que vai lá visitar a gente. Ele sempre pergunta se estamos precisando de alguma coisa. O carinho e dedicação que eles têm com a gente é impressionante. A gente faz questão de entrar em campo com a bandeira do Brasil, do Vasco e de Portugal. O fato da gente entrar em campo com a bandeira de Portugal aumenta e muito o carinho deles. Eles ficam sensibilizado com essa atitude. Quando enfrentamos Benfica, quem não torcia para eles ficou do nosso lado. Tem uma ponte Vasco da Gama em Lisboa e eu fiz questão de levantar no ônibus e mostrar isso para os meninos. Comecei a contar história para eles. Tem muitas coisas lá que lembram o clube. O carinho que as pessoas possuem é muito legal, pois sentimos que tem um pedaço do Brasil em Portugal. Isso deixa a gente bastante feliz. É super legal. Ficamos felizes com a divulgação que teve lá em cima do Vasco e vamos preparar para chegar no ano que vem um pouco mais longe e até quem sabe beliscar esse título".

Como é que foi a convivência da comissão técnica com os atletas e contato com os pais deles?

"Na minha parte de coordenação, eu fico mais fora do campo, foi muito tudo bem. Eu disse para os meninos quando retornamos, nós fazemos sempre uma última oração e reunião com a presença dos pais, que a nossa participação fora e dentro de campo foi a melhor possível. O grupo tem uma sintonia muito grande, parecia até que a gente estava na quinta viagem. Nós não tivemos nenhum incidente no hotel, nenhum incidente fora do campo, não recebemos nenhum cartão amarelo e não precisou a arbitragem chamar a atenção de ninguém. Não faltou nada para as crianças, que isso fique bem claro. Ocorreu tudo bem, assim como ocorre em todas as viagens do Vasco. Fomos acompanhados de um vice-presidente médico, que é o Doutor Moutinho. É muito gratificante voltar de uma viagem com um grupo que não passou por nenhum incidente. É assim que tem que ser. Por isso todo mundo nos cumprimentou e nos deu o parabéns. Isso deixa a gente com orgulho pelo fato de ter acontecido tudo da melhor maneira possível. Eles tiveram todas as condições de representar o clube da melhor maneira possível. Mas falou um detalhe, no caso o gol. Se a gente faz o gol no segundo tempo contra o Benfica, estou falando do Mirim, a gente avançaria de fase. Infelizmente a bola não entrou, mas tudo aconteceu da melhor maneira possível. O contato com os pais foi da melhor maneira possível".

Vocês também sempre entravam em contato com o pessoal da diretoria do Vasco, mais precisamente com o Mauro Galvão. Correto?

"A gente fazia sempre o contato. O Mauro nos deu bastante apoio e acho que isso tem sido fundamental para o nosso sucesso nas categorias de base. Os pais deixam as crianças com a gente com confiança e o fato de nós estarmos com ela durante um grande tempo faz com que a gente se torne uma família. Estamos trabalhando da melhor maneira possível e o apoio do clube tem sido o melhor possível. Saiu matéria no site oficial do clube, vocês aqui estão dando apoio e tudo isso é importante. Os pais ficaram sabendo tudo que estava acontecendo. Sempre que acabava os jogos a gente pegava o telefone que a gente comprou em Portugal e passava para as crianças conversarem com os pais. Tudo aconteceu da melhor maneira".

Quais são os planos da categoria mirim para a sequência da temporada? É verdade que você foram convidados para participar de um torneio na Espanha?

"Voltamos nessa segunda-feira (08/04) com as atividades normais no clube. Já começamos a trabalhar de novo. Recebemos um convite para disputar uma competição muito bem organizada na Espanha. O representante desse torneio acompanhou lá em Portugal a nossa delegação, assim como o pessoal da IBERCUP. Vamos ver essa semana, pois ainda temos dez dias para estudar esse assunto da melhor maneira possível para saber se é viável disputar mais uma competição internacional num curto espaço de tempo, pois ela acontece entre o final de maio e a primeira semana de junho. Logo depois tem um torneio no Espírito Santo, a Ibercup e o Carioca. Estamos com a agenda cheia e por isso ainda não sabemos se iremos poder disputar esse torneio. Vamos fazer uma reunião de planejamento e definir isso da melhor maneira possível essa participação na competição da Espanha. Nós temos que dar uma reposta para eles, mas como falei é um espaço muito curto de tempo para fazer outra viagem. Não é fácil ficar longe de casa, não é fácil as crianças ficarem longe. Mas vamos ver o que é melhor para o clube, o que é melhor para eles e para o departamento. Estamos muito interessados, mas vamos nos reunir com o departamento de futebol amador para dizer o que a gente acha. Essa viagem não estava nos nossos planos, mas foi um convite bem legal e o clube não tem custo com isso. Vamos ver se é viável ou não fazer essa viagem. Para o Carioca nós já estamos com um planejamento traçado e vamos trabalhar bastante. Defendemos o título da categoria e estamos montando um grupo bem legal, bem forte e estamos acreditando muito que conseguiremos conquistar esse bicampeonato da categoria. Esse é o nosso pensamento".

Por qual motivo é importante para vocês da comissão técnica a participação em torneios desse tipo?

"Para a gente é sempre importante participar. É sempre uma emoção que se renova, uma alegria e uma motivação nova para os profissionais que vão pela primeira vez e para a gente que já está indo pela quarta vez. É muito legal, pois se trata de uma competição que você enfrenta Barcelona, Porto, Benfica, Ajax, só times feras. As pessoas lá procuram a gente para saber como está o Vasco e como o trabalho está sendo feito. Tentamos da melhor maneira possível trocar experiência. No nosso hotel estava a delegação do Porto e do Zenit-RUS, por exemplo. Você acaba trocando informações na abertura, diariamente e durante os jogos. É sempre uma emoção nova".

Deixe uma mensagem final para a torcida do Vasco.

"É impressionante a força que o Vasco tem lá fora. Já viajei o Brasil inteiro com o Vasco e eu sei o tamanho da responsabilidade que é vestir essa camisa. A gente passa para os meninos que a história que o Vasco tem não permite que a gente pense pequeno de maneira nenhuma, seja jogando fora, em outro país ou no Rio de Janeiro. Passamos para eles o que é representar o Club de Regatas Vasco da Gama, independente da competição, Vasco é Vasco. Temos esse pensamento e as pessoas precisam entender. A gente trabalha na iniciação, que é onde as portas do clube se abrem. As pessoas tem que entender que nós estamos trabalhando com a primeira categoria e estamos tentando fazer o melhor possível. O departamento de futebol amador do clube sabe que a gente está tentando fazer o melhor e por isso eles dão o respaldo. Os resultados estão aí. Não é qualquer time que vai em Portugal e ganha do Porto. Não é qualquer time que faz jogo duro com o Benfica lá dentro. É muito legal e todos da comissão técnica estão de parabéns, do roupeiro até o nosso vice-presidente que nos acompanhou. Aconteceu tudo da melhor maneira possível e a torcida do Vasco pode ter certeza que todos que trabalhas nas categorias pré-mirim e mirim estão emprenhados em fazer o melhor possível para o Vasco".

Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.

Ricardo Lopes, coordenador do Mirim do Vasco


Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco