Em 1945, um jovem vindo de Campinas, com 24 anos, entrou pelos portões de São Januário pleiteando uma chance como goleiro no Vasco, nos primeiros passos de um dos maiores esquadrões da história do clube, o Expresso da Vitória. Naquele ano, o ainda jovem arqueiro foi apenas Moacir Barbosa, reserva do titular Rodrigues. A partir do ano seguinte, agigantou-se e virou titular da meta cruz-maltina, usando apenas o sobrenome para se inscrever no panteão dos maiores ídolos vascaínos.
Conquistada a titularidade, os títulos vieram somados às grandes atuações, que transformaram Barbosa em ídolo inconteste dos cruz-maltino e titular da Seleção Brasileira. Sua segurança embaixo das traves garantiu que as taças dos Cariocas de 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958 fossem repousar na Colina Histórica.
O momento de maior glória do goleiro ocorreu em 1948, na conquista do Campeonato Sul-Americano de Campeões. Recentemente, o site oficial da Fifa destacou as grandes defesas de Barbosa na partida que garantiu o título para o Gigante da Colina, no duelo contra o poderoso River Plate do craque Alfredo Di Stéfano. No primeiro tempo daquele jogo, o arqueiro vascaíno defendeu um pênalti cobrado por Labruna, garantindo o empate e a conquista histórica para o Vasco.
Mesmo com uma carreira brilhante, Barbosa é lembrado por muitos como “o goleiro que sofreu o gol de Ghiggia”, que garantiu o título para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, diante de um Maracanã lotado. Sua suposta falha foi contada e recontada no anedotário do futebol brasileiro, colocando Barbosa como o culpado pelo silêncio que assolou o país após a derrota para a Celeste.
Tentando reparar um erro histórico da opinião pública, Armando Nogueira, mestre da crônica esportiva, sintetizou: “(Barbosa é) certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera”.
Após aquele fatídico jogo, Barbosa continuou tendo grandes atuações. Saiu do Vasco em 1955 e voltou para conquistar o Torneio Rio-São Paulo e o Super-Super Campeonato Carioca em 1958. Encerrou a carreira em 1962, no modesto Campo Grande, no Rio de Janeiro.
Apontado por muitos como o maior goleiro da história do Vasco e um dos maiores do futebol brasileiro, Barbosa faleceu em 07 de abril de 2000. Sua vida de glórias e vitórias, devotada ao Gigante da Colina, merece ser lembrada.