A piada mudou de lado. Até o dia 16 de março, era Rafael Marques, do Botafogo, quem convivia com o deboche por jamais ter marcado um gol com a camisa de seu time. Balançou, finalmente, a rede, e, no clássico de amanhã, contra o Vasco, verá tal peso nas costas de um adversário. Agora, é Eder Luis quem tem de lidar com a cobrança. Quando entrar em campo, às 19h30m, no Raulino de Oliveira, levará consigo um jejum de 44 dias sem gol.
Em 17 de fevereiro, o atacante do Vasco marcou pela última vez, na vitória de 2 a 0 sobre o Audax. De lá pra cá, o time disputou seis jogos, e Eder não conseguiu modificar o quadro de artilharia: fez, em todo o Campeonato Estadual, apenas dois gols, cinco a menos do que Bernardo.
A atenção do técnico Paulo Autuori ao futebol de Eder Luis não vem de hoje. Quando assumiu o time, há 10 dias, já sabia que teria esse problema a resolver. Fazer o atacante voltar a jogar o futebol que empolgou a torcida na sua chegada ao clube, em junho de 2010, é um dos desafios do trabalho de recuperação que vem sendo desenvolvido pela nova comissão técnica.
— O que não pode é roubar a bola e... pum! Dá lá pro Eder Luis... Ninguém aguenta isso. Nos jogos que vi, reparei que a toda hora ele era a válvula de escape. Recupera a bola aqui, bota lá pra ele. Isso, não. Nem ele nem ninguém aguenta — disse Autuori.
Para o treinador, a responsabilidade passa por suas mãos. Botar a bola no pé de Eder Luis para que ele resolva é a antiga e superada tática de uma página virada em São Januário.
— Tenho que organizar a equipe para os jogadores criativos poderem arriscar mais. Essa responsabilidade é do técnico. Quero o Eder Luis usando a velocidade que tem e fazendo gols decisivos.
Uma cirurgia no pé, no fim de 2011, e a perda de um primo, no início de 2013, são alguns dos dissabores de Eder Luis desde sua chegada ao Vasco. Assim como o atacante não desistiu, o treinador também não aceita jogar a toalha.
— Se ele sair hoje do Vasco, quatro ou cinco clubes de nível top vão querer contratá-lo — destacou, certo de que pode recuperar o futebol do jogador.
Outra aposta de Autuori é o lateral-esquerdo Yotún, que será titular pela primeira vez no clássico de amanhã.
— Não adianta o Botafogo pensar que o Yotún vai sentir o clássico. Isso seria uma estratégia mental, e eu não acredito nisso. Senti que ele tem uma personalidade legal. É ousado. Espero que demonstre isso nos jogos.
Ao menos na coletiva, Yotún mostrou:
— Clássico não se joga. Clássico se ganha - afirmou.
O técnico confirmou que Bernardo ficará no banco, mas com boa chance de ser aproveitado ao longo da partida.
Fonte: Extra online