A espera tem sido longa. Serão 912 dias de portões fechados até que a bola volte a rolar no Maracanã, no dia 27 de abril, numa partida — finalmente definida — entre os amigos de Ronaldo e os de Bebeto. O último jogo no velho Maracanã foi no dia 5 setembro de 2010 (Flamengo 0 x 0 Santos). Deivid estreava pelo rubro-negro. Na época, Conca ainda atuava pelo Fluminense, que seria campeão brasileiro daquele ano, sob o comando do técnico Muricy Ramalho. O Flamengo, aliás, era o então campeão brasileiro. O atacante uruguaio Loco Abreu defendia o Botafogo. O Vasco comemorava a volta de Felipe a São Januário. O torcedor que for assistir a Brasil e Inglaterra, no dia 2 junho, último teste e primeira partida aberta ao público, vai encontrar um Maracanã novo, mais moderno, luxuoso, tecnológico e sustentável. O estádio, que há muito tempo não é mais o maior do mundo, tem tudo para ser aprovado o torcedor.
— Quem vê o Maracanã do lado de fora, hoje, enxerga o mesmo estádio. Mas, quando entra, percebe que está mais moderno, transformou-se numa arena multiuso. Certamente, dará muito orgulho a todos os brasileiros — afirma Hudson Braga, secretário estadual de Obras.
O Maracanã está muito mais parecido com os estádios europeus do que com o gigante que o torcedor estava acostumado a ver antes do fechamento para a reforma. A 33 dias do fim previsto das obras, o estádio já mostra a que veio. Um lounge moderno, que funcionará como área vip, está pronto, com isolamento acústico, climatização, dois bares, banheiros privativos e aparelhos de TV que vão proporcionar suntuosidade a quem pagar por lugares mais caros.
— No lounge, o público poderá escolher onde vai assistir ao jogo e o que vai ver. As TVs vão exibir os jogos. Até no banheiro será possível saber, por exemplo, quando o intervalo acabou — diz Ícaro Moreno, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop).
Cerca de 92% das obras estão concluídas, segundo a medição de fevereiro, a última que foi divulgada. Ícaro mostra, com números, as mudanças para o público:
— A estrutura de metal da cobertura tem mais de 4 mil toneladas de ferro para sustentar a lona e os telões. A lona torna o ambiente mais fresco, por que reflete a luz, deixando passar apenas 10% do calor.
A cobertura, cenário de uma passagem inusitada em que funcionários de cuecas retiraram a água da chuva, no mês passado, está 60% completa e esticada. Será o principal item de sustentabilidade do estádio. Está posicionada de forma que a chuva escorra para funis de captação. A água ficará contida em dois grande reservatórios e, depois, será utilizada nos banheiros e na irrigação do gramado.
Para o torcedor, a modernidade deverá impressionar menos do que ver a bola rolando novamente. E o novo Maracanã permitirá que se veja o jogo sem barreiras (pilastras, vigas, grades etc.) de todos os setores. Ao contrário da antiga configuração do estádio, que tinha 1.872 lugares em pontos cegos, na nova distribuição de cadeiras, será possível ter uma visão plena do gramado. As cadeiras de plástico instaladas num plano inclinado garantem o conforto.
Em um jogo fechado ao público, com plateia apenas de operários que trabalharam na obra, além de suas famílias, o Maracanã já vai apresentar, nessa pré-inauguração, em 27 de abril, um novo conceito para o futebol carioca: os torcedores terão de se acostumar a ver jogos sentados.
Para o Maracanã ficar totalmente pronto, ainda faltam cerca de 48 mil das 78.639 cadeiras. Os banheiros das arquibancadas também precisam ser finalizados. No campo, ainda entrarão os bancos de reserva e escadas de emergência. Três do quatro painéis receberão placas de led.
Ontem, as obras da Arena Pernambuco chegaram a 94% de sua conclusão. A empresa responsável terminou de pôr o gramado 17 dias antes do prazo estipulado. A cobertura já está completamente instalada.
Fonte: O Globo online