“Estou pronto para trabalhar”. Demonstrando confiança, o técnico Cristóvão Borges atendeu a reportagem do UOL Esporte na última semana. Em meio às especulações sobre um possível retorno ao Vasco antes da chegada de Paulo Autuori, o profissional descartou a possibilidade e deixou transparecer a necessidade de desvincular no momento a sua imagem do Cruzmaltino. Após concluir um curso de aperfeiçoamento de seis meses, o treinador cogita a volta ao futebol até o fim de abril.
Bem visto no mercado, Cristóvão foi cogitado para assumir a vaga de Dorival Júnior no Flamengo. Dias depois, o Vasco esteve em pauta. Antes mesmo da queda de Gaúcho já se falava nos bastidores de São Januário sobre o desejo de dirigentes em reviver a parceria com Ricardo Gomes.
“Meu nome foi comentado, mas não me ligaram do Flamengo ou do Vasco. Em São Januário não era o momento. Estou com algumas ideias desde que saí e apostando nisso. Sei que um dia voltarei ao Vasco, mas em um curto espaço de tempo não é indicado. O meu trabalho está relacionado ao que deixei lá. Hoje você precisa ser um bom profissional. Foi uma coisa marcante e não tem problema. Recebi sondagens de outros clubes, não aceitei e ainda falam muito do Vasco. É normal. Mas a partir do momento que você assina com outro time as coisas mudam. É um objetivo que tenho”, afirmou.
Durante os últimos seis meses, Borges sentiu necessidade de aprofundar os conhecimentos de futebol e foi estudar ao lado do amigo Sebastião Rocha. Com a etapa concluída, ele explicou os motivos que o fizeram recusar ofertas conhecidas do Vitória-BA, Palmeiras e até para a coordenação das categorias de base da seleção brasileira.
“Continuo recebendo sondagens, mas estava concentrado na preparação. Declinei. Achei que precisava me aperfeiçoar e percebi a dificuldade das pessoas em entender isso. Fiz uma avaliação de todo o trabalho no Vasco, o que penso do futebol e vi que podia melhorar. Fui pesquisar e me preparei. Montei novos treinamentos e quero fazer bons trabalhos. Não desejo ficar empregado só para ganhar dinheiro. Sei que o tempo e as recusas possuem dois lados. Foi difícil fazer isso. Recusei ofertas, mas o propósito ficou acima de tudo. Acredito muito no que fiz. Estarei melhor na volta ao campo. É isso o que quero. Não tenho dúvida alguma”, comentou.
O prazo para o retorno ao banco de reservas foi estipulado pelo próprio. O final de abril é a expectativa para Cristóvão entrar novamente em ação. “Assisto aos jogos e busco a atualização. É importante estar pronto para o chamado. Mas tenho a certeza de que o mês de abril não termina sem que eu esteja trabalhando”, disse.
A passagem pelo Vasco o tornou conhecido no Brasil e divulgou uma amizade de anos com Ricardo Gomes. Mesmo separados pela profissão, o carinho permanece, assim como os tradicionais almoços.
“Nos falamos da mesma forma e almoçamos juntos com frequência. Conversamos bastante sobre futebol. Conheço a maneira como o Ricardo pensa e ele me conhece também. Além da amizade, temos identificação com o conceito do esporte. É o nosso meio de vida e procuramos nos entender da melhor maneira possível”, encerrou.
No Vasco, seu último trabalho, Cristóvão Borges foi vice-campeão brasileiro em 2011, chegou à semifinal da Copa Sul-Americana e foi vice-campeão da Taça Guanabara e Taça Rio (ambas em 2012). Além disso, quebrou o recorde ao manter o time no G-4 por 48 rodadas consecutivas durante o seu comando. O treinador dirigiu a equipe em 78 partidas, com 41 vitórias, 18 empates e 19 derrotas.
Fonte: UOL