A demissão de Gaúcho foi concretizada após a derrota por 2 a 0 para o Nova Iguaçu, mas ela já era pensada desde o revés diante do Volta Redonda, na rodada anterior. O jogo desta quarta-feira era encarado como a sobrevida para o treinador, fato que acabou não acontecendo.
INÍCIO
Se havia alguma dúvida sobre a paciência do torcedor com o técnico Gaúcho, ela foi desfeita nesta quarta. Mesmo antes da bola rolar, os poucos vascaínos que se fizeram presentes no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ), pegavam no pé do comandante. Quando o Gigante da Colina entrava em campo, a locutora enumerou os jogadores titulares e, quando o nome do treinador foi citado, uma sonora vaia foi ouvida.
Em seguida, Gaúcho parou perto de uma bandeirinha de escanteio para conceder entrevistas e um grupo de vascaínos se aglomerou perto da grade da arquibancada e passou a hostilizá-lo o chamando de burro e o xingando.PRIMEIRO TEMPO
Com a bola rolando, a torcida deu uma acalmada, mas bastou o time errar passes e proporcionar jogadas bisonhas que o coro "Fora, Gaúcho" começou a ecoar, seguido de gritos de Bernardo, que estava na reserva.
Após o gol do Nova Iguaçu no primeiro tempo, os cruz-maltinos perderam a paciência de vez e gritaram: "Gaúcho, vai se f... o nosso Vasco não precisa de você". Até mesmo o nome de Felipe, apoiador que teve seu contrato rescindido no início do ano e acabou indo para o Fluminense, foi lembrado.
INTERVAlO
Na saída do intervalo, o abatimento já era visível no semblante de Gaúcho. Depois que ele entrou no vestiário, uma série de protestos foram ouvidos na arquibancada. Abaixo, alguns dos coros entoados:
"Volta Eurico!"
"Ô Dinamite, vai se f... o nosso Vasco não precisa de você"
"Ô Dinamite, quebra o meu galho, pega o Gaúcho e vai para casa do c..."
"Ah! É Edmundo!"
"Queremos jogador!"
"Ão, ão, ão, Eder Luis é Seleção (ironicamente)"
SEGUNDO TEMPO
Vendo que a reação de sua equipe parecia inevitável, Gaúcho mostrou entregue. Foi calado e segurando o queixo que o treinador passou a maior parte dos seus últimos 45 minutos. Em silêncio, continuou ouvindo os protestos direcionados a ele sem reagir. Quando o árbitro decretou o fim da partida, foi cercado por um batalhão de jornalistas e, aos poucos, foi deixando o gramado abatido.
PÓS-JOGO
Ao adentrar o vestiário, foi procurado pelo diretor-executivo René Simões. Lá, ouviu nas palavras do dirigente que não era mais o treinador do Vasco. Foi então que se despediu de jogadores e funcionários, ambos demonstrando profunda tristeza pela situação.
Por volta de 0h45 saiu do vestiário e, mesmo com olhos marejados, abriu um sorriso para cumprimentar o irmão do apoiador Carlos Alberto, o volante Fernando, que acompanhou a partida. Sozinho, se direcionou ao ônibus cruz-maltino, que o levaria numa longa e pensativa viagem ao Rio de Janeiro.
Fonte: Lancenet