Os recentes insucessos do Vasco da Gama no Campeonato Carioca - derrota para o Botafogo na final da Taça Guanabara e derrota contra o Volta Redonda na estreia da Taça Rio - fizeram com que o trabalho que vem sendo realizado começasse a ser questionado pela mídia e por grande maioria da torcida vascaína, que criticou bastante a postura do time nos últimos jogos.
Em entrevista ao programa 'Só dá Vasco' na última terça-feira (19/03), René Simões respondeu aos questionamentos e fez uma avaliação do desempenho cruzmaltino até o presente momento na temporada. O diretor-executivo declarou que não acha o time vascaíno fraco e garantiu o clube só mudará de treinador quando perceber que ele perdeu o vestiário.
René revelou ainda que conversou com os jogadores na início dessa semana com o objetivo de fazê-los esquecer a derrota na final do primeiro turno para o Botafogo.
Confira a transcrição da entrevista de René Simões ao Só dá Vasco:
Que avaliação o senhor faz da participação do Vasco no primeiro turno da Taça Guanabara?
"Eu me sinto tranquilo para fazer uma avaliação agora. Me lembro que após as três primeiras vitórias do Vasco todo mundo estava absolutamente encantado com a equipe e eu dizia que estava muito preocupado. Disse por achar que o desenvolvimento do time dentro da competição depende de entrosamento, do conhecimento dos jogadores entre si, conhecimento da comissão técnica com os jogadores, de jogadores conhecendo a competição e como ela se desenrola. O Vasco foi surpreendendo. Se você for ver, o Vasco empatou com o Fluminense, atual campeão Brasileiro, no primeiro jogo, eles fizeram o gol no finalzinho, e no segundo ganhou numa partida que foi emocionante. Fizemos uma partida ruim contra o Botafogo lamentavelmente. Nós não fomos bem e acho que é isso que abateu mais os jogadores. O que abateu não foi o fato de perder para o Botafogo, que tem um projeto já montado há algum tempo e o nosso é um projeto inicial. Nós fomos muito confiantes para aquele jogo e o desempenho da equipe foi muito abaixo do que os jogadores sabem que pode render. Isso foi um abatimento muito grande para a equipe e acabou causando essa instabilidade que nós vimos no jogo contra o Volta Redonda. São coisas que a gente não gostaria que acontecesse, mas são coisas que acontecem, lamentavelmente. Eu conversei muito com os jogadores e mostrei para eles que nos momentos em que dizem que nós somos fracos, nós temos que mostrar que somos fortes. Disse que todos precisam estar unidos, pois é um momento de superação. Agora tem que superar fazendo um belo jogo contra o Nova Iguaçu para retomar a caminhada e o processo todo de montagem da equipe. O projeto dentro do Vasco da Gama não pode parar. A gente lamenta pelo que aconteceu, mas não digo que estou surpreso. Eu não imaginava que o abatimento fosse tão grande, mas isso mostra que os jogadores estavam muito comprometidos com aquele título".
Como você recebe o fato de muitas pessoas estarem dizendo que o time do Vasco é fraco?
"Acho que nós não temos uma equipe tão fraca como dizem. Eu não acredito nisso. Eu acho que uma equipe que consegue fazer a Taça Guanabara que nós fizemos, ela não é tão fraca como agora querem dizer. Essa é a mesma equipe que diziam no início do ano que não ganharia absolutamente de ninguém e que era a quinta força. O time estava muito convicto de que ia ganhar a Taça Guanabara e posso garantir isso a todos. Fiquei o tempo todos juntos deles e eles tinham a plena certeza de que iriam ganhar a Taça Guanabara. Foi um frustração muito grande para todos, mais ainda por conta da atuação da equipe, que não conseguiu jogar. Isso foi o que mais aborreceu a todos no Vasco e creio que ao torcedor também. A forma como a equipe se portou dentro de campo não agradou. Naquela derrota que teve para o Botafogo, o Flamengo perdeu encarando, jogando, indo para cima, perdendo gols e várias oportunidades. Agora quando você perde um jogo em que só cria uma chance de gol em noventa minutos é frustrante. Frustra quem está vendo de fora e quem está la dentro também. Essa conversa que tive com os jogadores foi para fazer com que todos esquecessem o golpe da derrota da Taça Guanabara. Agora é o momento de reagir e reagir bem".
O que o senhor conversou com os jogadores no vestiário?
"Eu disse para os jogadores no vestiário que desde que nós chegamos, essa nova administração, nós pagamos os salários de setembro, outubro, novembro, dezembro e décimo terceiro. Foram cinco folhas de pagamento. Se nós computarmos isso a partir de dezembro, que foi o mês que nós chegamos, nós teríamos pago dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril. Estaríamos até com abril pago. O problema é que nós tínhamos tantas dívidas e pagamos não só a folha salarial, mas também algumas parcelas que devíamos para alguns jogadores. O clube pagou uma premiação pequeninha, algo que em 2012 não aconteceu. No ano passado não se pagou absolutamente nada aos jogadores em termos de premiação. Foi pago dois milhões de reais para a "Timemania". A luta que se tem feito dentro do Vasco é muito grande. Nós precisamos passar bem o primeiro semestre. Precisamos de um pouquinho de sorte. Se nós tivermos a sorte e passarmos bem o primeiro semestre, jogarmos melhor do que foi contra o Botafogo. No segundo semestre vai estar tudo mais clareado, tudo mais limpo e vamos fazer de tudo para montar o Vasco da forma que ele merece, que sua grandeza obriga".
Muito tem se falado numa possível demissão do técnico Gaúcho. O que o senhor pode falar sobre isso?
"Temos que ter muita tranquilidade com isso, muita tranquilidade. Eu tive a oportunidade de participar recentemente do programa de uma rádio, a Rádio Globo, e tem um momento que eles lançam um quadro chamado 'quem é quem'. Quando foi comparado o Oswaldo de Oliveira com o Gáucho eu dei o voto para o Oswaldo de Oliveira e todos ficaram surpresos. Eu disse que que estava votando pelo que cada um fez na carreira. Não pela qualidade, pois qualidade todos os dois possuem. Temos que ter calma no momento de avaliar, até porque existe muita pressão. Vamos ter calma e fazer as coisas de forma bem pensada para não fazer nada com emoção. Quem trabalha com futebol não pode trabalhar com emoção, tem que trabalhar com razão. Eu costumo dizer que a melhor coisa do mundo é você dar tempo para que um trabalho apareça. A não ser que o treinador perca o vestiário. Eu sempre disse isso e vou dizer que no meu início de carreira na Portuguesa de São Paulo o presidente não queria que eu deixasse o clube de forma alguma, adorava o meu trabalho, mas eu disse que tinha que sair. Foi o único que eu me demiti na vida. Era muito jovem na época e perdi o vestiário. Quando o treinador não tem o vestiário, não tem jeito. Enquanto o treinador tiver o vestiário, tiver tudo bem, os jogadores sob o controle, temos que ter bastante calma nas avaliações. Naquela época eu perdi o vestiário pelo fato de eu ser muito novo e os jogadores, a grande maioria, serem mais velhos do que eu. Você tem que ser bem racional, não adianta agir com a emoção. é isso que nós estamos tentando fazer com o Vasco da Gama. Vamos continuar com esse sistema de avaliar constantemente o trabalho de todos os profissionais que trabalham no Vasco da Gama".
O Vasco está se movimentando no mercado?
"Nós estamos atentos a tudo. Volto a repetir que o Vasco não está parado. Eu digo que em termos de orçamento não tem como fazer um mágica para que o dinheiro apareça agora. O dinheiro do Vasco continua bloqueado. Em termos de orçamento o Vasco não pode contratar".
Com informações do Programa Só Dá Vasco.
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco