Dona Mirian, é filha de japoneses e sempre trabalhou com muito orgulho no plantio e colheita de legumes e verduras no interior do Paraná. O engenheiro elétrico Cristiano é mineiro. Da união dos dois veio ao mundo Pedro Ken. Um nome composto que une as duas culturas. No mundo nipônico simboliza a pessoa cooperativa, diplomática e trabalhadora. Qualidades que desde menino aprendeu a respeitar. Na contramão da maioria dos jogadores de futebol que enfrentaram dificuldades na vida, sempre estudou em escola particular em Curitiba, e teve uma criação de classe média alta. Após dois meses de sua contratação pelo clube de São Januário, ele vê chegada a hora de dar uma contribuição pessoal aos companheiros além das quatro linhas. Antes de o time do Vasco entrar em campo para enfrentar o Volta Redonda, hoje, às 16h, em São Januário, vai tentar inovar e mostrar um lado ainda um pouco conhecido de sua personalidade no clube que é a de agregar e liderar. Vai tomar a palavra e pedir solidariedade e sacrifício de todos para a equipe dar um pequeno, mas importante passo à frente, na estreia no segundo turno do Estadual.
Pedro Ken conta com um dado importante para começar a assumir um papel mais importante no clube. Desde que chegou e graças a sua seriedade e humildade para atuar na posição que o treinador lhe pedir — a que prefere é a de meia atacante mas não se importa de jogar como um segundo volante ajudando na marcação e no trabalho tático de saída de bola —, não deixou de ser titular em nenhum jogo do Vasco no primeiro turno.
Sua regularidade, inteligência na observação do jogo e a aplicação o fizeram ganhar pontos junto ao técnico Gaúcho e o diretor técnico Ricardo Gomes. Eles gostam do estilo solidário e intenso que o jogador costuma dar ao time.
— O Pedro Ken é um jogador que te dá muitas opções. Sua entrega ao jogo é grande e ele ajuda tanto na parte defensiva como na ofensiva. É sempre uma boa opção em um time que está sendo formado em plena competição— costuma dizer Gáucho.
Pedro Ken concorda. Ele, que começou como uma grande revelação e s tornou capitão do Coritiba, chegou a ser convocado algumas vezes para a seleção brasileira olímpica, teve os seus direitos econômicos adquiridos pelo Cruzeiro onde não conseguiu confirmar todas as qualidades que dele se esperava. Depois, foi emprestado ao Avaí e Vitória-BA, onde novamente acabou capitão, vê um início de entrosamento do novo grupo, mas com muito trabalho a ser feito pela frente.
— O futebol é surpreendente. Mas não vai ser surpreendente sempre. Lá no topo estão sempre aquelas equipes que atuam juntas a mais tempo e são bem organizadas. A gente está neste processo de construção. O título da Taça Guanabara era importante por isso. Mas não ganhamos. O momento é de reiniciar o caminho com solidariedade e trabalho. Este grupo tem tudo para crescer — concluiu .
A chance de aparecer
Os dois meses no Vasco já mostraram ao jogador que existe uma chance grande de reconquistar o espaço que tinha no início de sua carreira no Coritiba e explodir de vez:
— É um clube grande com uma torcida gigantesca. Ela apoia se vê você empenhado. É tudo que eu queria para ver se confirmo as expectativas que todos tinham sobre mim — afirma o jogador já mais bem adaptado ao Rio de Janeiro e as alegrias e cobranças do torcedor vascaíno que nos últimos tempos vive a incerteza sobre o desempenho do time e o desejo de ver o Vasco de novo no caminho das conquistas.
— Um clube grande vive sempre de conquistas. Nós temos que entender as cobranças e mostrar que realmente estamos no caminho certo — diz Pedro Ken, mostrando que desde cedo aprendeu a ser diplomático, cooperativo e trabalhador para enfrentar os grandes desafios do mundo.
Fonte: O Globo