Site da Fifa relembra Barbosa e título do Sul-Americano de 1948

Quinta-feira, 14/03/2013 - 11:48

Qual é o melhor time da América do Sul? Esta pergunta sempre despertou muita controvérsia no continente, mas a discussão foi encerrada pela primeira vez há exatos 65 anos.

O Campeonato Sul-Americano de Campeões, um precursor da Copa Libertadores, foi disputado em Santiago, no Chile, em 1948. No sistema de todos contra todos, o torneio contou com as supostas melhores equipes de sete países da região. O formato deixou os torcedores mais ávidos por emoção um tanto decepcionados, já que não haveria uma final. Mas na prática ela existiu, e foi aquela que todo fã de futebol queria ver: River Plate x Vasco da Gama.

"A Máquina", como era conhecido o ataque do time argentino, exibia gênios únicos como Félix Loustau, Ángel Labruna e José Manuel Moreno, além de um ainda mais extraordinário Alfredo Di Stéfano, então com apenas 21 anos. Juntos eles haviam impulsionado o River ao título nacional no ano anterior, marcando nada menos do que 90 gols em 30 jogos da campanha.

Já o Expresso da Vitória, como era chamado o sensacional conjunto vascaíno, ganhou a vaga no Campeonato Sul-Americano por conquistar de forma invicta o Campeonato Carioca anterior. Aquele time, que seria a base da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da FIFA 1950, tinha como destaques o goleiro Barbosa, o elegante meia de criação Danilo Alvim, os fortes chutes do ala Chico, o calculista Friaça e o invariavelmente perigoso Ademir Menezes no ataque.

Com um ponto a mais que o River na tabela, o Vasco precisava apenas de um empate contra os argentinos em seu último jogo, mas a maioria sentia que isto estava fora de alcance por diversas razões. A Seleção Brasileira não ganhava um Campeonato Sul-Americano – o precursor da Copa América – desde 1922, e nesse período a Argentina havia acumulado oito títulos. Mais do que isso, o Vasco não contaria com seu craque Ademir, lesionado, e o técnico Flávio Costa surpreendentemente optou por não escalar Rafagnelli, que não se sentia confiante para começar diante dos temíveis adversários – possivelmente por que enfrentaria seus compatriotas e seu ex-time.

O primeiro tempo foi lá e cá e teve um ritmo vibrante. Barbosa fez várias defesas espetaculares, principalmente em lances de Di Stéfano e Loustau. Por sua vez, o arqueiro do River, Héctor Grisetti, mostrou reflexos igualmente refinados ao afastar um chute de Chico e uma cobrança de falta de Friaça. Mas o ponto alto foi quando o goleiro vascaíno parou o pênalti de Labruna, garantindo que um período inicial cheio de chances de gol terminasse como começou.

As oportunidades continuaram surgindo após o intervalo, mas Barbosa e Grisetti voltaram a frustrar os atacantes adversários – e, quando não conseguiam, a trave se encarregava disso. O Vasco ainda precisou passar pela decepção de ver um gol de Chico, saído de um contra-ataque iniciado por Barbosa, anulado por impedimento.

As más notícias para os cruz-maltinos não acabaram ali. Tanto Maneca quanto Wilson, que vinham tendo uma grande atuação na marcação a Di Stéfano, precisaram sair contundidos, enquanto Chico, peça fundamental do conjunto, foi expulso junto ao argentino Méndez após uma briga.

Sentindo que o adversário acusava o golpe, o River foi com tudo para frente em busca do gol que lhe daria o título. Talvez contra qualquer outro goleiro, Di Stéfano, Ferrari, Moreno e Muñoz teriam conseguido marcá-lo nos últimos cinco minutos. Mas o 0 a 0 final deixou claro que 14 de março de 1948 era o dia de Barbosa e do Vasco.

Para muita gente, Barbosa é lembrado pelo pior momento de sua carreira: o lance em que Alcides Ghiggia anotou o gol da vitória do Uruguai sobre o Brasil na decisão da Copa do Mundo da FIFA de 1950, em um Maracanã lotado. Para a torcida vascaína, porém, ele será sempre o homem a quem se deve o fato de seu clube ter sido o primeiro a olhar a América do Sul do alto.



Fonte: Fifa.com