Titular do Vasco durante os títulos do Campeonato Brasileiro da Série B (2009) e da Copa do Brasil (2011), o goleiro Fernando Prass foi nas últimas temporadas uma da grandes lideranças do elenco cruzmaltino. Nenhum jogador entrou mais em campo com a camisa do Gigante da Colina do que antigo camisa 1 nos últimos anos. Atualmente com 34 anos, Prass deixou o Vasco após 248 partidas disputadas.
Mesmo atuando hoje no Palmeiras, o arqueiro não deixou de acompanhar a trajetória vascaína. No último sábado (09/03), Fernando Prass conversou com a reportagem do programa Só dá Vasco e fez questão de desejar sorte aos antigos companheiros na final da Taça Guanabara, vencida pelo Botafogo no último domingo (10). Além disso, a antiga 'Muralha da Colina' abordou outros assuntos, dentre eles o atual momento vivido por Alessandro e a escolha de Dedé como capitão do Vasco.
Confira a transcrição da entrevista:
Como você avalia o início do Alessandro com a camisa do Vasco?
"Ele vem vindo muito bem. Não é só o tempo que ele ficou na reserva que atrapalha, mas sim o começo de temporada. Ele é difícil para todo mundo. Se você for observar irá notar que o cara do meio-campo erra muito passe, o zagueiro erra desarme e o atacante perde gol. O problema é que quando o goleiro erra no começo da temporada a coisa fica mais gritante. Isso aconteceu em vários times do Brasil. Eu vejo o Alessandro muito bem. Ele é novo ainda e o importante é que ele não está estagnado. A cada jogo que passa eles está crescendo e melhorando. Eu tenho certeza, posso falar porque trabalhei com ele, que ele possui condições absolutas de ser titular do Vasco".
Você que as críticas que ele sofreu no início da temporada não foram justas?
"Você ficar muitos anos sem jogar é prejudicial, porque treino é uma coisa e o jogo é outra completamente diferente. Muitas vezes as pessoas cobram em excesso, muitas vezes o torcedor fala mais pela emoção do que pela razão e acaba jogando responsabilidade muito grande para cima de um único jogador. O importante é ter pessoas que trabalham contigo e confiam em você. É necessário também você ter uma autocrítica muito grande para saber em que ponto você errou. Já passei por situações em que tinha convicção que não tinha errado e fui criticada. Outras vezes eu passava por situações em que eu sabia que tinha falhado e as pessoas, talvez por não terem essa noção da função de goleiro, não me criticavam. É uma posição muito difícil de analisar, até mesmo por conta da visão que o goleiro tem do jogo. O volante, o meia e o atacante tem uma visão contrária do goleiro. O goleiro é o único que ver a jogada de frente. O ângulo de visão do goleiro é muito diferente e até mesmo por isso ele pode ter percepções que nem mesmo o pessoal que está vendo o jogo pela televisão consegue ter. Você precisa ter uma autocrítica muito grande para evoluir. É preciso trabalhar em cima dos erros".
O Dedé hoje é o capitão do Vasco. Acredita que ele é merecedor da braçadeira?
"Eu acho que muita gente merece isso. Um time que tem um capitão só, que é o cara que ostenta a faixa, as coisas não dão certo. Ninguém consegue ser uma liderança isolada. Acho que no grupo do Vasco hoje existem jogadores que exercem essa função mesmo sem a braçadeira. O Dedé personifica essa liderança, até porque é uma cara que tem um respeito muito grande da torcida. Eu acho que é merecedor pelo fato de todo mundo saber, não é segredo para ninguém, que o Dedé não deve ficar o Vasco por mais tempo, deve ser negociado e isso é um caminho natural. Acho que é legal para ele levar isso como recordação do Vasco".
Você foi o primeiro goleiro a levantar um trófeu como capitão dentro do Vasco. Aquela conquista da Copa do Brasil foi marcante para você?
"Foi uma situação que marcou mesmo, pois o Vasco é um clube mais do que centenário e multicampeão. Foi uma competição importante, um título inédito, a única Copa do Brasil que o Vasco tem. Foi legal, tanto é que na sala da minha casa eu tenho a camisa que joguei, as luvas e a faixa de capitão. É uma lembrança que vou guardar para sempre".
Que mensagem você deixaria para a torcida do Vasco?
"A torcida tem que valorizar esse grupo, pois ele passou por uma dificuldade muito grande, muito grande mesmo. Ele lutou contra muitos obstáculos. A história do Vasco mostra que sempre que a torcida abraçou o time as coisas fluíram".
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco