Carlos Alberto fala da sua ligação com Vasco mesmo após confusões

Domingo, 10/03/2013 - 12:23

Em 2007, Carlos Alberto oficializou seu casamento com Carol, com quem estava junto há dois anos. Os frutos da união são os filhos Lucca, de 3 anos, e Davi, de 9 meses. Em 2009, o meia deu início ao seu namoro com o Vasco. O casamento não demorou muito a acontecer, e no fim daquele ano a união viveu seu auge com o título do Campeonato Brasileiro da Série B, que celebrou a volta à elite. Mas, depois de uma crise no relacionamento, que resultou numa separação, jogador e clube reataram. Se o ano de 2012 foi uma espécie de readaptação, 2013 começou com uma nova lua de mel. E, neste domingo, o título da Taça Guanabara pode ser o resultado dessa nova união.

Em dez anos como jogador profissional, Carlos Alberto aprendeu. Aprendeu a falar, escutar, responder, se calar. Resumindo: aprendeu a se relacionar. E à custa de sucessos e fracassos, chegou à conclusão de que o Vasco é sua casa. Em São Januário ele tem a certeza de que encontrou o carinho que não se apagou com as eventuais decepções. Pelo contrário. Elas o ajudaram a entender que tudo fez parte do processo que fortaleceu a união que pode ter no clássico contra o Botafogo mais um capítulo positivo.

- Tenho certeza de que tudo o que aconteceu aqui, as coisas boas e ruins, serviu para me ligar mais ao clube. Essa relação é como um casamento mesmo. Muitas vezes você discute com sua mulher e continua morando na mesma casa, não é? Depois tudo acaba se acertando. É mais ou menos assim - resumiu.

Ao chegar a São Januário, em 2009, Carlos Alberto viveu um de seus melhores momentos, sendo o principal nome do time que recolocou o Vasco na Série A. Mas foi também neste clube onde ele admite ter vivido o momento mais difícil da carreira, após retornar de empréstimo do Bahia, em dezembro de 2011, e não ser reintegrado ao elenco.

- Aquilo foi terrível, me doeu porque você vê seus companheiros treinando e jogando pela televisão. Foi doído. Meu filho mais velho me perguntava: papai, quando você vai jogar? Aquilo me arrebentava por dentro. Cumpri com muita dignidade, mas foi duro. Ficava treinando numa solidão danada, a cabeça pensava várias coisas. E quando você tem tempo para pensar, não pensa coisa boa. Mexeu muito comigo e foi por isso que falei: agora tenho que mudar isso aí, não dá para mais ter esse tipo de atitude. Agora felizmente as coisas estão andando. Consegui fazer uma pré-temporada bacana. Em dezembro, com todo mundo de férias, eu já estava me preparando.

Tudo começou com uma discussão com o presidente Roberto Dinamite no vestiário do Engenhão após a quarta derrota seguida do Vasco no início de 2011. O episódio resultou no afastamento de Carlos Alberto, que posteriormente foi negociado com Grêmio e Bahia. O retorno ao elenco cruz-maltino, em março do ano passado, foi o desfecho positivo para alguém que garante ter encarado esse episódio como mais um obstáculo superado e, principalmente, um aprendizado.

- No vestiário, perdendo ou não, é preciso muita tranquilidade. Em momento algum se pode esquecer seu comando, sua hierarquia. Eu não me esqueci disso, mas cometi um erro e assumi. Hoje a gente se dá superbem, o Roberto me trata muito bem, me aconselha bastante. Foi um cara muito amigo meu num momento difícil. Quando o Lucca nasceu, ficou um mês internado na UTI, e o Roberto esteve lá. Não sou o dono da verdade. Então, toda vez que eu cometer um erro, se puder resolver dessa forma, acho que é o melhor caminho.

Pedido de perdão a Emerson Leão três anos depois

Foi esse caminho que Carlos Alberto trilhou ao procurar Emerson Leão para pedir desculpas. Os dois discutiram durante uma partida do Corinthians em 2006, culminando no afastamento do jogador. Ele revelou que três anos depois decidiu entrar em contato com o treinador para selar as pazes e prosseguir seu caminho livre do sentimento de culpa e certo de que o peso a menos nas costas o ajudaria a seguir adiante mais facilmente.

- Aquela situação com o Leão foi ruim para mim e ruim para ele. Tive uma passagem boa pelo Corinthians, fui campeão brasileiro, mas as pessoas lembram mais daquele momento. Mas eu tive humildade, liguei para ele, pedi perdão, e ele me perdoou. Desrespeitei um pai de família, e hoje eu sou um pai de família. O Leão foi muito amistoso comigo, me tratou superbem. Decidi ligar em 2009. Já estava decidido, mas me faltava coragem. Não tenho vergonha de falar isso, porque machucar uma pessoa é fácil, mas voltar atrás e resolver é um ato de coragem maior ainda.

Os episódios conturbados fora de campo e os sucessos dentro dele são alguns dos elementos que Carlos Alberto usa para sentir-se capaz de, hoje, ser um dos líderes do time do Vasco. Aos 28 anos, ele é o terceiro jogador mais velho dos titulares - atrás de Wendel (30) e Renato Silva (29) - e, por isso, acredita que orientar os muitos jovens do grupo é uma obrigação.

Então, com a serenidade das muitas situações vividas, Carlos Alberto confia na capacidade do Vasco de continuar a superar as expectativas e conquistar a Taça Guanabara. Um título que chegaria para dar vida nova à sua relação com o clube, mas o meia garante que tem fôlego para fazer muito mais no futebol. Até porque, para ele, experiência não é sinônimo de idade.

- Parece que eu tenho 34 anos (risos). Pior é que muitas pessoas acham. Eu não cheguei a ter cabelo branco e ele não começou a cair. Mas não quero ficar velho, não. Tenho pavor de envelhecer. Quero viver cada dia.

Então, Carlos Alberto ainda sente-se na obrigação de buscar grandes objetivos. Um deles é chegar à seleção brasileira. No clube, ele se acostumou a conviver com as palavras de companheiros de elenco e comissão técnica, que destacam sua capacidade de cumprir a meta. Mas o meia sabe que tudo vai depender somente de seus esforços.

- Não tenho mágoa, mas tive momentos mais novo quando poderia ter tido oportunidade e não tive. Mas tenho que trabalhar para que esse momento chegue, tenho idade suficiente para atingir isso. Na verdade, nunca gostei de fazer propaganda do meu trabalho, como vejo alguns fazerem. Continuo tendo esse desejo, procuro falar o menos possível, mas seria o maior orgulho da minha vida.

Carlos Alberto na social de São Januário: cadeira cativa no coração dos vascaínos


Fonte: GloboEsporte.com