Donato, sobre Dedé: 'É um grande jogador, mas ainda não pode ser chamado de craque'

Sexta-feira, 08/03/2013 - 18:01

Um dos brasileiros mais respeitados do futebol espanhol, Donato está preocupado com a safra de jogadores do país e teme um vexame da amarelinha na Copa do Mundo de 2014. O ex-zagueiro de Atlético de Madrid e La Coruña vê o título mundial como algo distante e critica a falta de craques na nova geração. Sobre a sua antiga função, o carioca destaca que hoje em dia todos querem ser atacantes, o que compromete a organização da defesa. Segundo ele, o vascaíno Dedé, considerado por muitos o melhor zagueiro do Brasil, ainda é jovem e não pode ser visto como craque. Donato destaca ainda que a "escola de zagueiros" se perdeu no tempo e a geração de antigamente não pode ser comparada à atual.

Natural do Rio de Janeiro e radicado na Espanha há 25 anos, o carioca será um dos destaques da Fúria no Mundialito de Futevôlei 4 por 4, que ainda contará com a presença de Brasil, Paraguai, Uruguai, Portugal, Argentina e Itália. No sábado, o SporTV transmite a fase classificatória e, no domingo, a TV Globo, transmite a etapa decisiva.

- A imprensa supervaloriza o Dedé, ele é um grande jogador, mas ainda não pode ser chamado de craque. O plantel de antigamente era melhor. Na minha época, enfrentávamos o Flamengo de Zico, Andrade, Júnior e Adílio. A zaga do Vasco era formada por Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho, e o ataque tinha Roberto Dinamite, Mauricinho e Romário. Hoje, os jogadores não mantêm uma regularidade e nem têm em que se espelhar. Os zagueiros querem ser atacantes e deixam a defesa desorganizada. O Brasil tinha uma grande escola de zagueiros, que não existe mais. Não adianta ser bom jogador, você precisa ser um líder em campo - contou o ex-zagueiro, tricampeão carioca pelo time da Colina.

Revelado pelas categorias de base do América, Donato despontou no Vasco no início dos anos 80 e mudou-se para o país ibérico em 88, quando passou a atuar pelo Atlético de Madrid. Após cinco anos, foi contratado pelo La Coruña, onde virou ídolo a ponto de se naturalizar e defender a Fúria em campeonatos como a Eurocopa de 1996.

Com um ar melancólico, ele admitiu que se sentiu esquecido quando mudou-se para o Velho Mundo. Após esperar anos por uma convocação para a seleção brasileira, em vão, decidiu seguir um novo rumo e passou a defender as cores da Espanha, que o acolheu de braços abertos. Aposentado há 10 anos dos gramados, o "avô", como é conhecido na Galícia, não acredita que houve progresso após o título da Copa do Mundo de 94.

- Até 94, os brasileiros eram os melhores. O futebol mudou nos últimos anos e, infelizmente, está nas mãos dos empresários. Colocam menino de 17 anos para ser titular, tem gente que paga para o filho jogar no clube e faltam craques, o que é o mais preocupante. Só se fala em Neymar, que é o nosso único craque. Nem do Ganso falam mais. Temos poucos bons zagueiros, o Thiago Silva, do Paris Saint-Germain, e o David Luiz, do Chelsea, são raros exemplos. Precisamos de uma nova geração de craques, a situação é preocupante. Fico constrangido pela seleção, estamos a um ano da Copa e a torcida não sabe qual é o time titular. Na minha opinião, a maior favorita em 2014 é a Espanha, que tem uma boa base - finalizou.



Fonte: GloboEsporte.com