Uma rivalidade histórica contra o Flamengo fortaleceu a união das torcidas de Vasco e Botafogo ainda na década de 80, quando o Rubro-Negro conquistou seus principais títulos. Parceiros nas arquibancadas, os clubes disputam mais uma edição do “clássico da amizade”, domingo, às 16h, no Engenhão, pela decisão da Taça Guanabara. Inclusive, a boa relação acarreta na tranquilidade da Polícia Militar para o esquema de segurança do jogo.
A amizade entre cruzmaltinos e alvinegros possui seus primeiros relatos ainda na década de 50. Dulce Rosalina, responsável por uma torcida organizada do Vasco, costumava receber cordialmente os rivais após as partidas. Mantida até os dias atuais, a parceria foi intensificada na década de 80 para que os torcedores pudessem “secar” o Flamengo. O principal rival é claramente repudiado pelos clubes de São Januário e General Severiano.
A boa relação já fez, em algumas ocasiões, o confronto ser confundido com o “clássico da paz”, composto por Vasco e América-RJ. O historiador esportivo Pedro Varanda explicou a polêmica em tornos dos duelos ao UOL Esporte.
“O clássico da paz é entre Vasco e América. Esse nome foi dado por ser o jogo da reconciliação. No Rio de Janeiro existiam duas ligas por questões políticas. Os presidentes queriam acabar com isso, se uniram e realizaram o jogo. Já Vasco x Botafogo foi denominado o clássico da amizade. Não existe briga entre as torcidas. Mas não é algo oficial e também não existe uma data certa de quando isso ocorreu”, afirmou o historiador.
A tranquilidade histórica faz com que a Polícia Militar transpareça relativo alívio com o confronto decisivo pela Taça Guanabara. Apesar de o contingente não ser alterado, o expediente costuma correr dentro da normalidade. As ocorrências ficam restritas aos cambistas e ambulantes.
Comandante do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), o tenente-coronel Fiorentini reconheceu que o clássico traz facilidade, mas deixou claro que o número de policias envolvidos na decisão não mudará, nem a forma de trabalhar.
“O esquema de policiamento não muda. Temos responsabilidade e 40 mil pessoas terão a segurança garantida. Esperamos que as torcidas mantenham a tradição e permaneçam no clima de paz. Não existe alteração para o Gepe. Será o mesmo contingente de um Flamengo x Vasco. A mesma disposição e a mesma rotina”, comentou.
Para o oficial, o principal problema está na comercialização de bebidas alcoólicas na parte externa do Engenhão. Com isso, os torcedores entram no estádio em cima da hora, o que costuma causar tumulto.
“A questão da bebida é trabalhada de forma errada. Não tem dentro do estádio, mas tem fora. Prejudica o trabalho da PM. Os torcedores ficam bebendo nos arredores e deixam para entrar em cima da hora. É um direito do torcedor, mas 30 minutos antes do jogo todo mundo quer entrar. Causa o desconforto. Libera a bebida dentro do estádio ou proíbe tudo de uma vez”, encerrou.
Fonte: UOL