O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, após reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, comemorou o saldo que considerou positivo da ocupação do Complexo do Caju e da comunidade da Barreira do Vasco, ocorrida na madrugada deste domingo, na zona norte da capital fluminense.
Cabral agradeceu os esforços do governo federal, via Ministério da Defesa, que auxiliou a megaoperação com blindados da Marinha (no total, foram cerca de 1,4 mil homens das forças de segurança) e foi categórico ao afirmar que a política das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, são um processo sem volta no aspecto da segurança pública fluminense.
"Eu não tenho dúvida a população se apropriou da política de segurança pública. Quando isso acontece, é muito difícil, diria impossível, de isso acontecer. É algo muito importante para a população", declarou o governador, que também esteve reunido com os comandantes da Polícia Militar (coronel Erir Ribeiro da Costa) e da Polícia Civil (delegada Martha Rocha).
A ocupação, na opinião do governador, é ainda um símbolo do resgate de uma área completamente degradada. Vizinha a região portuária, o Complexo do Caju, que abrange 13 comunidades no entorno da avenida Brasil e Linha Vermelha, e a Barreira do Vasco, agora ocupados, vão trazer mais poder de investimento para a população local.
"Estou muito feliz. Como vascaíno, que frequenta São Januário, eu vi a Barreira do Vasco crescer em violência e gerar, em São Cristovão, uma deterioração econômica de um bairro que foi dos mais importantes durante o século XIX. É um resgate da história, é o renascimento de uma região", completou o governador.
Ao ser questionado sobre a resistência do poder paralelo em algumas áreas, como na Vila Cruzeiro, onde criminosos estariam andando armados com fuzis na área pacificada, Cabral explicou que este é um processo natural e que será combatido pelas forças de segurança do Estado.
"É natural que você tenha comunidades com maior desenvolvimento das UPPs, e outras onde a marginalidade tenha tido maior presença e que a ação da UPP ela passa por maiores desafios. Na Mangueira (zona norte) e no Leme (zona sul), temos comandantes excepcionais, com entrosamento com a população, mas ainda há resistência, como ainda temos em Santa Tereza (centro) e no (Complexo do) Alemão (zona norte)", respondeu.
"A permanência das UPPs é que darão maior tranquilidade. As UPPs representam a ruptura da Cidade Partida. É um processo de amadurecimento muito grande", completou ainda, antes de enaltecer que, hoje, o Estado tem em seu efetivos de UPPs a expressiva marca de 6 mil policiais. "Esse número vai aumentar, nosso processo continuará, é um trabalho que não cessa", finalizou.
A ocupação
Em operação que durou cerca de 25 minutos e sem encontrar resistência, as forças de segurança ocuparam na madrugada deste domingo o Complexo do Caju, conjunto de favelas que, no total, abrange 13 comunidades, e a Barreira do Vasco, na zona norte da capital fluminense. A ação teve início às 5h. Com as comunidades ocupadas, a Secretaria de Segurança Pública do Estado deve instalar novas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, no local. No total, cerca de 20 mil moradores vivem no Caju, e outros 7 mil na Barreira do Vasco.
Mais de 1,3 mil homens do agrupamento Centro de Operações Especiais (COE) - que engloba, dentro da PM, o Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Batalhão de Choque, o Batalhão de Ações com Cães e o Grupamento Aeromarítimo -, participaram da ocupação do Complexo do Caju. Blindados da Marinha - 17 unidades no total -, juntamente com 200 militares, deram apoio tático durante a ação.
Nos locais ocupados, está prevista a instalação de três UPPs: Parque Alegria, Parque Boa Esperança e Barreira do Vasco. Na primeira etapa das operações, o Bope, junto dos fuzileiros navais, permanecem nas comunidades fazendo o cerco por armas, drogas escondidas e membros da facção criminosa local, até a chegada do efetivo da PM (cerca de 500 homens, estima-se) que trabalhará permanentemente nas favelas.
Fonte: Terra