Competitividade, esforço, garra e superação à milésima potência estarão na pista e nas águas do Centro de Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), na Penha, na Avenida Brasil, neste fim de semana, quando será disputada a etapa regional Rio-Sul de Atletismo e Natação do Circuito Brasileiro Paralímpico. Trata-se da abertura do calendário de 2013 com mais de 400 atletas dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Neste sábado, as competições vão das 8h às 18h, e neste domingo, de 8h às 12h. Em ação, estarão atletas portadores de deficiência física, como a velocista Viviane Soares e o nadador Adriel de Souza, atletas que, além das dificuldades típicas de qualquer esporte, têm de lidar também com deficiências físicas Tudo isso rumo a 2016.
Aos 16 anos, a carioca Viviane Soares é especialista em provas de 100m, 200m e 400m. Deficiente visual, foi classificada no universo paralímpico como T 13, o que significa que ela tem visão muito reduzida. Em 2011, em Guadalajara, nos Jogos ParanPan-Americanos, ela foi prata nos 100m. Ano passado, Viviane teve sua maior experiência esportiva e pessoal, a de participar das Paralimpíadas de Londres, onde obteve o quinto lugar nos 100m e o sétimo nos 400m, com apenas 16 anos.
— Ter ido às Paralimpíadas Foi uma experiência muito, muito boa! Foi uma das melhores experiências da minha carreira e espero estar nas Paralimpíadas de novo daqui em quatro anos, no Rio — conta ela, que fará 17 anos no dia 14 de maio e sofre de glaucoma desde a infância.
Viviane estudou por muito tempo no Instituto Benjamin Constant, na Urca, especializado no atendimento e na formação cultural de deficientes visuais. Lá, ela foi revelada para o esporte pelo professor Fábio Dias, em 2006. Inicialmente, ela logo se interessou pelos treinamentos, mas depois perdeu contato com o técnico, até que ele a procurou em 2009. Desde então, ela vem competindo e ultimamente integra a equipe do Botafogo/Instituto Superar.
— Atualmente, sou a número um do ranking nos 100m e tenho boas colocações também nos 200m e nos 400m — diz ela, que no ano passado, no processo de conquista de vagas paralímpicas, obteve bons resultados também no salto em distância.
Neste fim de semana, no Cefan, a carioca, aluna do ensino médio no Colégio Estadual Sousa Aguiar, no Centro, espera se sair bem e melhorar suas marcas.
— Tomara que dê tudo certo. Nos 100m é que espero me sair melhor — diz ela, que tem a medalhista paralímpica Therezinha Guilhermino como modelo.
Terezinha, por sinal, foi uma das grandes atletas que começaram a parecer neste circuito, assim como o nadador Daniel Dias. Natural de Nova Iguaçu, no Grande Rio, o jovem Adriel de Souza, de 15 anos, vem-se dedicando à natação. Com problemas de nanismo, ele mede 1,10m e foi classificado no esporte como S6 (para pessoas com nanismo, por exemplo). Em outubro do ano passado, na edição das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, com mais de 1, 2 mil competidores de 24 estados e Distrito Federal, Adriel obteve duas medalhas de ouro nos 50m e 100m livre (suas especialidades além dos 50m borboleta).
— Acredito que eu vá conseguir bons resultados no circuito, apesar de que nossos treinos recomeçaram há duas semanas — conta o atleta do Vasco, cujo parque aquático foi interditado, por falta de conservação adequada — A piscina do Vasco está fechada, e nosso treino recomeçou há duas semanas (agora na piscina da Vila Olímpica do Mato Alto, em Jacarepaguá). A piscina do Vasco me faz muita falta. Pego três conduções para ir de Nova Iguaçu até o Mato Alto, e para chegar ao Vasco, saindo de Nova Iguaçu, pego apenas uma.
Bem-humorado, Adriel não se incomoda quando, ao chegar em alguma loja ou sair à rua, atrai olhares por ser “baixinho”:
— Tem muita gente que acha engraçado ver um anão, mas não ligo...
Para este fim de semana, o atleta iguaçuano espera contar com o apoio da família e amigos:
— Os meus pais, Marcos e Sheilla, vão sempre às competições. Meus amigos daqui também vão. Aluguei uma van para levar todo mundo...
Adriel ainda não teve a oportunidade de ir às Paralimpíadas, e espera estar começando a dar as braçadas que o levem a isso. Mas gostou muito da experiência e dos resultados das Paralimpíadas Escolares, onde, como conta, pôde conhecer gente nova.
— Foi muito bom também eu ter feito novos amigos e ter conhecido São Paulo, que não conhecia. Ainda não viajei para o exterior, e gostaria de conhecer os Estados Unidos — sonha. — Para 2016, sei que vou treinar muito, mas penso em ir logo ganhando o ouro...
A natação está na vida de Adriel desde o primeiro ano de idade. No esporte, começou no clube Iguaçu, em sua cidade. Há três anos está nadando pelo Vasco, sob coordenação da professora Lívia Prates. O clube tem projetos gratuitos de natação, futebol de sete e vôlei sentado.
— Cheguei ao Vasco por meio da Associação de Nanismo do Rio de Janeiro (Anaerj) — conta ele, que está cursando o ensino médio no Ciep 196, em Nova Iguaçu. — Na faculdade, quero fazer administração de empresas.
Fonte: O Globo