Carlos Alberto sempre conviveu com a precocidade. Pouco depois de iniciar a carreira de profissional, foi campeão europeu – com gol na decisão – e mundial. E a conquista de outros títulos nos primeiros anos de carreira, somados à rodagem no mundo da bola, fizeram dele um atleta experiente, mesmo com pouca idade. Mas no novo e jovem elenco do Vasco, ele passou a ser efetivamente um dos mais velhos. Aos 28 anos, fica atrás apenas de Tenorio, Wendel e Renato Silva, no que se refere aos titulares.
Dessa forma, o Carlos Alberto de 2013 uniu idade, experiência e liderança no Vasco. O espaço deixado com a saída de jogadores como Juninho, Felipe, Fernando Prass e Alecsandro, ao fim do ano passado, fez o meia retomar o posto de um dos comandantes da nau cruz-maltina, assim como aconteceu na disputa da Série B, em 2009. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o camisa 10 se diz tranquilo por exercer essa função ao lado de outros atletas mais rodados e satisfeito por unir esse papel que começa fora do campo à grande forma apresentada dentro dele. Como exemplo, a atuação na vitória por 2 a 0 sobre o Audax, no último domingo.
- Tenho certeza de que vai ser um grande ano - disse ele, que marcou três gols em cinco jogos oficiais e está invicto em 2013 (quatro vitórias e um empate).
GLOBOESPORTE.COM: Pouco antes do início do início do segundo do jogo contra o Audax, foi marcante a sua atuação na roda de conversa dos jogadores dentro de campo. Naquele momento, a partida estava empatada em 0 a 0. Aquela atitude reflete seu papel no elenco do Vasco?
CARLOS ALBERTO: Procuro compartilhar as experiências vividas. Como o grupo é muito jovem, jogadores como Wendel, Renato Silva e eu demos ênfase ao fato de termos a oportunidade de depender apenas das nossas forças para classificar. Não poderíamos deixar a chance passar. Bem ou mal, havia a apreensão de torcer por outros resultados. A situação ainda não está resolvida, mas demos um passo importante.
Qual a influência da saída de jogadores como Juninho e Felipe no fato de você exercer esse papel em 2013? No ano passado você chegou com um grupo já formado. Ficou mais difícil ter espaço nesse sentido?
Independentemente da presença deles no Vasco, eu e outros sempre exercemos o papel de participar de decisões do grupo. A diferença é que com a saída desses jogadores isso ficou mais explícito. Antes essa responsabilidade era mais dividida. Agora ela é maior, e isso é normal. O Gaúcho e o Ricardo Gomes pedem que a gente tenha essa função. Futebol é repetição. Então as coisas precisam ser lembradas sempre. Quando o treinador passa uma instrução, os atletas precisam estar comprometidos para lembrar o que deve ser feito. Felizmente, os mais jovens hoje têm a humildade de ouvir.
É possível dizer que seu papel hoje é semelhante ao que você exerceu quando chegou ao Vasco, em 2009, para a disputa da Série B?
Não dá para fazer comparação, pois em cada projeto você tem sua participação. Isso eu deixo para quem está do lado de fora. O grupo de hoje é mais preparado, com mais jogadores experientes. Por tudo o que conquistei dentro e fora do clube é normal haver uma responsabilidade maior. A experiência de já ter vivido muita coisa é sempre importante.
Você sempre foi tratado como um jovem que adquiriu rápida experiência pelas conquistas logo no início da carreira. Mas neste Vasco de 2013 você é efetivamente um dos mais velhos do elenco. Isso marca uma nova etapa em sua trajetória no futebol?
Realmente é algo diferente, mas vejo como uma nova oportunidade. Sempre fui dos mais novos dos times em que joguei, mas sempre tive experiência. Agora, só não podem me chamar de tio. No máximo, sou o irmão mais velho (risos). Isso para mim é bom, porque posso fazer uma avaliação de tudo o que vivi. Hoje, com menos ansiedade, aumenta minha ambição de conquistar coisas novas. Tenho mais tranquilidade para traçar meus caminhos.
E o que dizer quando essa nova etapa da carreira combina com um desempenho animador dentro de campo, como tem sido o seu em 2013? Na sua avaliação, qual foi a última vez em que você esteve nesta forma?
Jogando é a melhor maneira de o jogador de expressar, pois é isso o que fazemos de melhor. Quanto à minha forma, estive dessa maneira pela última vez em 2009, que foi exatamente quando foi a última vez que fiz uma pré-temporada completa e sem problemas. Acho que desde então fiz bons jogos, sim, mas sem conseguir uma sequência. A diferença é que hoje me cuido mais, controlo a alimentação, me preocupo com o equilíbrio da musculatura... Tenho certeza de que vai ser um grande ano e que não vou ter esses problemas.
Fonte: GloboEsporte.com