O Vasco conquistou um importante resultado no último sábado (16/02) pela Copa do Brasil de Futebol Feminino. A equipe cruzmaltina venceu o Intercap-TO por 2 a 0 e garantiu uma vaga na próxima fase da competição. O Kinderman, clube de Santa Catarina, será o próximo rival vascaíno.
A atuação vascaína ao longo dos noventa minutos foi bastante elogiada, principalmente pelo fato das 'Meninas da Colina' terem apresentado um toque de bola envolvente e uma variação tática interessante. O grande responsável pela implantação desse sistema de jogo é o técnico Gláucio Carvalho, que vem realizando um excelente trabalho a frente do time feminino do Gigante da Colina.
Campeão do Mundo em 2012 com a categoria sub-17, o competente treinador bateu um papo conosco e analisou o desempenho cruzmaltino contra o time do Tocantins. Gláucio fez questão ainda de elogiar a jovem Gabrielly Soares, destaque do jogo, e não escondeu a emoção após falar sobre o grande número de pratas da casa no time titular.
Confira o bate-papo exclusivo com Gláucio Carvalho, técnico da equipe feminina:
Qual a importância da vitória conquistada frente ao Intercap-TO? Como o senhor avalia o desempenho do Vasco na partida?
"O jogo não foi importante apenas pela vitória, que nos deu uma vaga para a próxima fase, mas também para adquirir a confiança da torcida do Vasco e adaptar as jogadoras da base a jogar em São Januário. A maioria das jogadoras nunca havia jogado em São Januário e elas chegaram a sentir um pouquinho a responsabilidade junto com a torcida. Mas é um trabalho que vem sendo de renovação. A gente conseguiu fazer uma mescla de jogadoras experientes com a base que foi campeã mundial no ano passado. Quatro jogadoras que participaram do jogo fizeram parte do elenco campeão mundial. É um trabalho que está sendo feito para médio ou longo prazo. A gente tem convicção que com esse trabalho a gente pode chegar as finais da Copa do Brasil. O futebol brasileiro hoje está muito nivelado, mas foi fundamental o resultado. A gente teve tranquilidade. O que a gente tentou passar é que Copa do Brasil não é pontos corridos e que é por isso que temos que jogar com o resultado. Nós fizemos um resultado em Tocantis, ganhamos de 2 a 1, e não precisávamos ter pressa para correr atrás da vitória. A gente tinha que ter o domínio do jogo e foi isso que aconteceu, pois dominamos o jogo inteiro. Tivemos a oportunidade de fazer vários gols, fizemos apenas dois, mas tivemos também quatro chances claras de gol. Tivemos também um pênalti claríssimo que não foi marcado pela árbitra. Enfim, foi um bom início de campeonato e a gente já está muito mais preparado para enfrentar o Kindermann. Vamos ter uma semana de trabalho, corrigir os erros que ocorreram e ir em busca da classificação. A gente precisa que a torcida do Vasco compareça, pois hoje ela faz a diferença. A torcida do Vasco faz diferença em qualquer jogo. Ela comparecendo será o décimo segundo jogador e vai ajudar bastante ao time a conquistar uma vitória contra o Kindermann".
O próximo adversário do Vasco será o Kindermann-SC. O que o senhor poderia falar sobre esse time?
"O Kindermann é uma equipe que já é tradicional no Futebol Feminino. Ela tem uma estrutura toda voltada para a modalidade. Ela faz um investimento pesado na base. É um trabalho bem parecido com o que o Vasco faz hoje. Eles investem nas jogadoras quando elas são jovens com o objetivo de colocá-las na categoria adulta, nas seleções de base e adulta. É um adversário difícil e que possui várias jogadoras experientes. Temos algumas atletas do Kindermann que jogaram ao lado de algumas de nossas atletas na Seleção Brasileira. É um clássico do futebol feminino e vai ser um jogo duro. A gente conhece as características das jogadoras do Kindermann, que possuem muitas virtudes, e também tem os seus defeitos. Nessa semana a gente vai trabalhar em cima das virtudes do Vasco, das virtudes do Kindermann e vamos buscar em cima dos defeitos delas fazer nosso jogo e construir o resultado. Vamos tentar fazer um bom resultado no Rio de Janeiro e levar uma certa vantagem para o segundo jogo. O mais importante é a vitória, independente do placar. O Kindermann tem a tradição dele em Santa Catarina, mas o Vasco tem a dele no Brasil. A gente espera receber a torcida do Vasco".
O time titular do Vasco hoje é repleto de jogadoras reveladas na base. Por qual motivo o senhor resolveu escalá-las logo no início da Copa do Brasil?
"Na realidade elas fizeram e fazem por merecer uma vaga na equipe profissional. Elas estão até surpreendendo. A gente gostaria da colaboração delas num grupo e gostaria que elas adquirissem experiência com as jogadoras como a Tânia Maranhão, a Bárbara, a Stella Cristina e a Dani Batista. Pensávamos que elas iriam apenas aprender muito, mas elas têm nos surpreendido positivamente. Todas as jogadoras que vieram da base, a Raíssa, a Rolemberg, a Ana Clara, a Keissyane, a Brena Carolina e a Gabrielly, são jogadoras que por vivenciar o clima do Vasco, elas estão acostumadas a vestir essa camisa, jogam por amor, se dedicam e se empenham o tempo todo. Eu como treinador fico feliz. Na realidade são elas que se escalam, pois elas têm treinado muito bem. O que a gente tem visto é que elas estão evoluindo tão rapidamente que num curto espaço de tempo estarão compondo a Seleção Brasileira adulta. É fundamental esse trabalho que o Vasco tem feito de investir nas categorias de base. Enfrentamos o Intercap com quatro jogadoras reveladas no clube e com idade inferior a 18 anos. Quem vai ganhar com esse trabalho é o Vasco e o Brasil, que vai ter uma Seleção mais forte".
A Gabrielly Soares foi a grande destaque do time vascaíno no segundo jogo contra o Intercap-TO. O que o senhor poderia falar sobre ela?
"A gente sempre comparou a Gaby com o Neymar. Sempre disse que ela está para o Vasco como o Neymar está para o Santos. A Gaby é uma jogadora que a gente desconhece o limite. Ela tem tanta qualidade, tanta habilidade, que a cada dia de treino e a cada jogo surpreende a gente de alguma forma. É uma jogadora que se continuar levando a sério, se tiver uma vida correta fora e dentro de campo, se for profissional, tem tudo para ser uma das maiores jogadoras do mundo. Ela não fez só os gols na partida. Ela levou perigo para as adversárias, fez assistências, ela marcou, desarmou, roubou bola...A Gaby estava jogando no quinta de casa. Além de ser jogadora da base do Vasco, ela mora perto próximo a São Januário. Ela se soltou e deixou toda a comissão técnica feliz. É muito bom você ver uma jogadora de 17 anos e que foi criada dentro de São Januário, nas categorias de base, fazer o que ela fez hoje. É para qualquer torcedor vascaíno ficar louco e para qualquer integrante da comissão técnica ficar bastante feliz. As jogadoras mais experientes tem se mostrado satisfeitas com a convivência com ela e ficam dizendo que é muito bom jogar com a Gaby, que é muito bom estar perto dela. Ela tem tudo para ser uma grande jogadora. Ela não é mais uma promessa, mas sim uma realidade por ela já estar disputando um campeonato brasileiro. Se ela conseguir levar uma vida correta, como disse, será uma das maiores jogadoras do futebol mundial e vai estar entre as melhores do futebol brasileiro. A Gaby hoje é realidade e um das boas jogadoras do futebol brasileiro".
Como o senhor se sente vendo jogadoras reveladas no clube, que chegaram a São Januário muitos jovens, conseguindo fazer bons jogos e se tornarem importantes já na primeira temporada como profissional?
"Essa pergunta vai fundo no coração. É como se a gente tivesse vendo um filho nosso fazer sucesso. Você pegou aquelas meninas com 15 anos, 14 anos, e é uma satisfação enorme observar a evolução que elas estão tendo, ver que elas estão evoluindo e crescendo. Eu me sinto muito orgulhoso quando você comenta numa rádio ou em qualquer outro lugar que a Brena foi bem, que a Raíssa fez um bom jogo, que a Berg foi convocada. Não tem como negar a satisfação profissional. Todos que trabalham na comissão técnica ficam muito felizes. É com muita dificuldade, mas tudo que a gente passa no dia a dia, às vezes com a falta de estrutura, às vezes com falta de dinheiro, às vezes com falta de alguma coisa, é reposto quando você vê uma jogadora ser convocada, uma jogadora ser entrevistada, sendo procurada pela imprensa. Não posso negar que é uma satisfação muito grande. Sei que mais para frente vou poder dizer que elas começaram comigo, que evoluíram e chegaram na Seleção Brasileira ou na Europa. Só quem vem acompanhando esse trabalho e faz parte dele pode dizer o tamanho da satisfação que a gente está sentindo. É como um pai ver um filho obtendo sucesso na profissão que escolheu".
Com informações do Programa "Vasco Olímpico/ Só Dá Vasco".