Desde a saída de Hélton, que ocorreu em 2002, o Gigante da Colina não possuiu um goleiro da base de qualidade em seu time titular. Alguns tentaram, mas nenhum dos candidatos conseguiu obter sucesso como o hoje titular absoluto e ídolo do Porto. Nosso entrevistado de hoje é o jogador que está mais próximo de acabar com esse longo tabu, que há anos incomodam os preparadores de goleiro do clube.
Nascido na cidade de Volta Redonda, Jordi Martins de Almeida, o Jordi, iniciou sua trajetória no futebol no Voltaço, mas por pouco não desistiu da carreira. Insatisfeito com a falta de oportunidades na categoria juvenil do time de sua cidade, o garoto chegou a pensar em desistir da carreira, algo que não aconteceu por conta do apoio dos pais, que sempre estiveram ao lado do hoje quarto goleiro do plantel principal do Gigante da Colina.
A história do atual camisa 1 do juniores no cruzmaltino começou no início de 2010 graças a um familiar, mais precisamente seu tio Richard. Isso porque foi ele que conseguiu agendar um teste para Jordi no clube de São Januário. Com talento e dedicação, o garoto da cidade do aço conseguiu ser aprovado e ainda no mesmo ano disputou seu primeiro torneio com a camisa vascaína.
Um dos responsáveis pela contratação de Jordi foi Marcelo Pires, atual preparador de goleiros do time de juniores. Foi ele o primeiro profissional a trabalhar com o jovem ainda no time juvenil. Com exclusividade, Marcelo conta o motivo que o fez pedir a contratação da promessa e revela em qual fundamento o mesmo mais evoluiu:
- O atleta Jordi chegou no inicio de 2010 com muitos erros primários, mas apostei nos treinamentos e determinação do atleta. Após dez dias de treinamentos pedi para meu coordenador do juvenil, o Teixeira, e ao treinador, o Tornado, a contratação dele. Ao longo desse período no Vasco, ele evoluiu bastante na saída de gol. Ele mesmo possuindo 1,91 de altura não sabia sair do gol nas bolas altas - disse.
SITUAÇÃO IDÊNTICA NO JUNIORES
Apesar de não ter demorado muito para disputar seu primeiro torneio com a camisa do Vasco, Jordi não encontrou facilidade para alcançar seu espaço dentro do clube. Quando foi promovido ao time de juniores, o jovem enfrentou uma situação parecida com a que vivencia hoje no time profissional: ser o quarto goleiro. Até mesmo por conta disso, as oportunidades foram raras.
Tal situação não fez o jovem se abalar e tampouco desistir. Com empenho nos treinamentos, dedicação e força de vontade, Jordi conquistou o respeito dos companheiros, dos treinadores e dos preparadores de goleiros do Gigante da Colina. Um dos admiradores de Jordi é Carlos Germano, responsável pelos arqueiros do time profissional.
Ídolo cruzmaltino, Germano acredita que Jordi tem potencial para se tornar camisa 1 do Vasco num curto espaço de tempo:
- O Jordi está a um passo de ficar no grupo do profissional. Ele treina com a gente, mas joga com o Juniores. Tenho deixado ele mais com o Sorato, com o Mauro Galvão, porque é importante ele estar perto do grupo dele, fazer coletivo e ficar treinando. Mas ele está mais com a gente ali em cima. O Jordi é um nome que pode daqui a dois anos, três ou até mesmo seis meses estar jogando no time profissional do Vasco - declarou.
CONTRATO
Jordi tem contrato com o Vasco até o dia 25 de abril de 2014, mas já negocia com a diretoria vascaína a renovação. O acerto entre o atual camisa 1 do juniores e o Gigante da Colina deve ocorrer em breve.
BATE-BOLA COM JORDI, GOLEIRO DO VASCO
Como foi seu início no futebol? Por quais clubes você passou? Quem sempre te apoiou e quais as maiores dificuldades que você enfrentou?
“O início da minha carreira foi no Volta Redonda. Fui para lá com 13 anos. Atuei no Volta Redonda durante cinco anos e sempre tive uma boa base lá. Tive excelentes treinadores, um deles foi o Léo Siri. Devo uma boa parte do que sei hoje foi a ele.O momento mais difícil foi no meu primeiro ano de juvenil, porque não tive oportunidade de jogar. Fiquei durante um ano largado no Volta Redonda e muito desanimado. Pensei em parar de jogar. As pessoas que me apoiaram, e me apoiam, até hoje foram, são, meus país. Foi graças a eles que continuei e consegui subir com 16 anos para o Juniores, onde destaquei muito e chamei a atenção do Vasco”.
E como foi que você foi parar no Vasco? Quem foi o responsável?
“Foi em janeiro de 2010. Numa noite de segunda, meu tio Richard foi a minha casa e falou que eu tinha um teste para fazer na terça-feira de manhã no juvenil do Vasco. Ele disse que um amigo dele, hoje meu procurador, tinha marcado para mim. Então, meus pais deixaram e eu fui morar na concentração. Com uma semana ainda fazendo teste fui para Santiago do Sul para disputar uma competição. Assim que voltei eles confirmaram minha aprovação no teste. Foi assim que vim parar no Vasco”.
Você sempre quis ser goleiro? Conta um pouco sobre como você achou essa posição'
“Quando criança eu gostava muito de ficar no gol. Fui crescendo e fui gostando cada vez mais. Acabou que isso virou uma paixão”.
Como foi a sua trajetória no Vasco? Quais títulos você conquistou? Por quais categorias você passou? Quais seus melhores amigos no clube? Seus melhores treinadores?
“No começo foi difícil. Tive que trabalhar muito para chegar aonde cheguei. Subi para o Juniores para ser o quarto goleiro. Apesar disso, sempre corri atrás do meu espaço. Ao longo do tempo fui conquistando o meu espaço e graças a Deus cheguei aonde estou. É claro que isso só aconteceu graças a ajudas de meus treinadores de goleiros, o Marcelo Pires, o Márcio Cazorla e o Carlos Germano. Meus melhores amigos no clube são o Malco, o Walber Correa e o João Victor, mas o que foi mais primordial foi a ajuda de Deus”.
Você integrará o elenco profissional em 2013. Qual é a sua expectativa?
“Sim. A expectativa é a de treinar muito e manter o que venho fazendo no juniores”.
Como é para você treinar como um ídolo como o Carlos Germano?
“Eu já venho treinando faz um ano com Carlos Germano. É um prazer está do lado de um grande ídolo do Vasco. Ele vem me passando bastante experiência e isso foi importante para que conseguisse chegar até a Seleção”.
O que representa o Vasco para você?
“O Vasco representa para mim a realização de vários sonhos que eu tinha quando criança”.
Que mensagem você deixaria para a torcida vascaína?
“Que apoie o Vasco nesse momento difícil que estamos passando”.
BATE-BOLA COM MARCELO PIRES, PREPARADOR DE GOLEIROS DO TIME DE JUNIORES
Como você recebeu a convocação do Jordi para a Seleção Brasileira? Ele quebrou uma grande marca. O último do vasco a ser convocado para uma competição da Seleção sub-20 havia sido o Hélton, hoje no Porto.
“Quando cheguei para a equipe juvenil, em outubro de 2008, a convite do treinador da época, o Tornado, tinha uma meta que era revelar goleiros para o profissional e futuramente um goleiro capaz de chegar na Seleção Brasileira. Fiquei muito feliz com a convocação do Jordi. O meu coordenador da equipe juniores, o Jair Bragança, me deu a notícia por telefone na época. Logo liguei para o Jordi e foi só alegria”.
Como você caracteriza o Jordi como profissional e como pessoa? Quais são as maiores qualidades dele como goleiro?
“Ele é uma excelente atleta, pois possui muita determinação e está sempre disposto a escutar os conselhos e fazer as correções nos treinamentos específicos. Como pessoa, é amigo, sincero e muito alegre. Suas maiores qualidades são as saídas de gol nas bolas altas e a excelente reposição com os pés”.
Durante esse tempo que você trabalha com o Jordi onde ele mais evoluiu? Onde você acha que ele pode e deve concentrar os treinamentos específicos?
“O atleta Jordi chegou ao Vasco no inicio de 2010 com muitos erros primários, mas apostei nos treinamentos e determinação do atleta. Após dez dias de treinamentos pedi para meu coordenador do juvenil, o Teixeira, e ao treinador, o Tornado, a contratação dele. Ao longo desse período no Vasco, ele evoluiu bastante na saída de gol. Ele mesmo possuindo 1,91 de altura não sabia sair do gol nas bolas altas. Ele precisa melhorar sua queda na diagonal”.
A convocação do Jordi mostra que seu trabalho vem sendo reconhecido?
“Sem dúvida. É muito gratificante quando seu goleiro é convocado para Seleção Brasileira, mas queria deixar bem claro que agradeço muito ao Sorato, ao Carlos Germano e Márcio pelo apoio não só com Jordi, mas também com os demais goleiros dos juniores”.
Que conselho você daria ao Jordi, que hoje faz parte do elenco profissional?
“O conselho que dou ao Jordi é que ele continue demonstrando a determinação que sempre teve. Com ela, ele vai disputar posição na Seleção sub-20 ou em qualquer outro time. Sobre o profissional, ele já está acostumado a treinar lá. Eu, o Carlos Germano e o Márcio Cazorla estamos fazendo um trabalho em conjunto, não só com o Jordi, mas também com os outros goleiros: Gabriel, Brenner, Alexandre, Juninho e Yuri”.