Bebeto deixou o futebol profissional há mais de uma década, mas precisará, pelos próximos anos, do mesmo fôlego e velocidade que apresentava como jogador. Além de deputado estadual no Rio de Janeiro e executivo do COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014), assumiu o posto de coordenador das divisões de base da CBF após o fracasso do Brasil no último Sul-Americano sub-20. Três atribuições complicadas de conciliar por uma pessoa ocupada, sobretudo quando se exerce um cargo público importante. O resultado: uma função — no caso, a de legislador eleito pelo povo — acaba em segundo plano.
Desde 16 de fevereiro de 2012, quando aceitou o convite do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para fazer parte do COL, Bebeto mantém uma agenda lotada. Roda o Brasil com autoridades públicas, como o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, para vistoriar estádios na preparação para o Mundial. Assim, precisa faltar aos compromissos na Assembleia Legislativa.
De 113 sessões ordinárias (são três por semana) já como membro do COL, Bebeto não foi a 39 — seja por eventos esportivos, seja por compromissos políticos. Como quarta-feira passada, por exemplo. Logo na segunda sessão de 2013, o deputado não compareceu porque estava em uma reunião com o governador Sérgio Cabral. A assessoria de ambos não sabe o assunto da conversa.
O percentual de faltas de Bebeto desde fevereiro de 2012 chega a 35%, mas, de acordo com o site oficial da Alerj, acessível a qualquer cidadão, o deputado não perdeu nenhuma sessão legislativa no período. O portal não computa as vezes em que Bebeto justificou a ausência do plenário, ou pediu que algum outro deputado justificasse. O ex-jogador nunca deixou de prestar esclarecimentos ao presidente da casa, Paulo Melo. Explica sempre, em detalhes, quando estará viajando e a qual evento atenderá. Roberto Dinamite, por exemplo, falta a mais de 50% das sessões e não dá justificativas. No máximo, faz pedidos de licença não remunerada, quando viaja.
— Tem se falado muito sobre isso (das faltas), mas estou representando o país, em compromissos da Copa do Mundo. Por que não se fala dos outros deputados que mantêm os empregos? — questiona Bebeto, que faz questão de enfatizar: — Tem que falar que sou voluntário no COL, não recebo nada.
Logo depois, completa um assessor de Bebeto:
— Ele está dando o tempo dele a isso — afirma, exibindo o número 35, relativo à quantidade de projetos do gabinete do tetracampeão em 1994, que revelou ainda não saber se receberá salários pelo cargo de coordenador das divisões de base da CBF.
Fonte: Extra