O programa Só dá Vasco recebeu uma pessoa de muito caráter e que marcou época vestindo a camisa do Vasco na última sexta-feira (08/ 02). O convidado disputou mais de 260 jogos com a camisa cruzmaltina e marcou 97 gols. Foi um jogador que sempre se destacou na bola parada e que disputou sete temporadas com a camisa vascaína.
Estamos falando de Ramon Menezes Hubner ou simplesmente Ramon para a imensa torcida vascaína. Com a camisa do Gigante da Colina, ele conquistou Campeonato Brasileiro (97), Taça Libertadores da América (98), Campeonato Carioca (98) e Torneio Rio-São Paulo (99).
Durante sua conversa com os integrantes da rádio, Ramon relembrou sua chegada ao clube, a excelente fase vivida pelo Vasco no final da década de 90 e revelou quais são seus planos para o futuro. Confira a transcrição da entrevista:
Você chegou ao Vasco em 1996 após uma passagem pelo futebol alemão. Como era o ambiente no clube naquele momento? O que você sentiu quando foi convidado para jogar num clube da grandeza do Vasco?
"Eu cheguei no Vasco no final de 96 vindo da Alemanha, que foi um lugar onde eu aprendi muito. Eu peguei uma fase da Alemanha em que uma geração de grandes jogadores estava próxima de se aposenar. Eu tive a felicidade de jogar com grandes jogadores. Para mim foi muito importante naquele momento ter ido para a Alemanha, pois quando eu sai do Vitória era praticamente um atacante".
Quando você tornou um excelente cobrador de faltas?
"Eu já desde as categorias de base eu já pegava bem na bola e eu fui muito incentivado pelo meu pai. Sempre que acabava o treino ele me mandava continuar treinando e eu comecei a obedecer. Acho que para você atingir um nível de ser um grande cobrador de falta, você tem que trabalhar muito, tem que treinar muito. A gente fazia isso no Vasco, pois o Antônio Lopes trabalhava muito isso de bola parada. A gente fazia muito. Cobrava falta lateral e depois ficava para bater falta frontal. Você jovem tem a musculatura, uma musculatura forte e ela suporta você jogar e treinar muito".
Logo em sua segunda temporada pelo Vasco , você conquistou o Campeonato Brasileiro ao lado de jogadores como Evair, Edmundo, Felipe, Pedrinho, Juninho, Mauro Galvão e Carlos Germano. O que você poderia falar sobre essa conquista? Quando a temporada começou vocês imaginavam que conseguiriam conquistar esse título?
"O Carioca já foi muito bom. Nós perdemos para o Botafogo aquela final quando jogavámos pelo empate. O Dimba fez o gol naquela oportunidade no Maracanã. O time já era bom, tinha uma base muito boa desde o Carioca. No Brasileiro chegaram jogadores importantes, como o Mauro Galvão e o Evair. Junto com a rapaziada que ficou, uma rapaziada nova, Juninho, Pedrinho, eu. O Edmundo ficou também e o time ficou muito forte. Por conta disso a confiança começou a aumentar com os resultados positivos. A torcida começou a ser o décimo segundo jogador e em São Januário a gente não perdia para ninguém mais. O time fez uma bela campanha, uma campanha belissíma e merecemos o títulos. Tínhamos grandes jogadores e o ambiente era maravilhoso. Foram jogadores que marcaram época. Você aí até hoje o Felipe jogando e o Juninho jogando. São jogadores que foram importantes naquelas conquistas. Aquilo ali foi a primeira grande conquista e que nos encheu de confiança e moral para que a gente pudesse em 98 ganhar a Libertadores".
O ano de 98 foi muito bom para o Vasco, pois além de comemorar seu centenário, o clube de São Januário conquistou o Carioca e a Libertadores. Que análise você faz dessa temporada? Aproveitando, nos falem também sobre o título da Libertadores, do qual você também participou.
"Foi um ano fantástico. Acho que só faltou a gente classificar no Brasileiro, acho que a gente relaxou um pouco. Aquele Brasileiro também dava para a gente chegar na final e conseguir ganhar por conta do elenco que a gente tinha. A gente deu uma relaxada porque já tinha o Mundial. A gente poderia ter chegado na final. Era um time que estava muito acostumado a chegar, a chegar e a chegar. Merecemos conquistar a Libertadores. Acho que fizemos uma grande competição. Foi um campeonato muito difícil, com jogos fora. O Vasco foi muito forte em São Januário. Era muito difícil o Vasco perder alguma partida naquela época em São Januário. Aquele foi marcante e muito importante para o Vasco".
O Vasco não conseguiu conquistar o Mundial de Clubes no final da temporada contra o Real Madrid. Na sua opinião o que faltou para o cruzmaltino ganhar o torneio? Como era o clima dentro do clube para aquela decisão?
"Eu acho que para essa geração ficou faltando sem dúvida nenhuma isso aí. Foi uma tristeza muito grande para nós, pois sabíamos que a gente tinha condições de ganhar no Japão e no Maracanã. O nosso time era muito forte, o da decisão do Maracanã nem se fala. Uma grande parte do grupo havia jogado na Seleção Brasileira. Faltou isso. A tristeza foi muito grande. O ambiente era todo favorável, pois a gente estava muito confiante. Nós fomos quase um mês antes para o Japão. O Real Madrid chegou lá quatro ou cinco dias antes do jogo e conseguiu vencer num lance em que a gente treinou muito. Não é que a gente esteparava, mas estava ciente de que aquilo poderia acontecer. Aconteceu e a gente tomou o gol. Foi o lance do Raul. Fizemos um segundo tempo brilhante, em cima do Real Madrid, mas não fizemos o gol. É aquilo, futebol é dessa maneira. A gente ficou muito triste, mas aquele time era um time muito vencedor. Chegamos no Brasil e já ganhamos o Rio-São Paulo. Aquele time era movido a resultados, a conquistas e por isso ficou marcado. Time grande sempre tem que estar ganhando. A gente torce para que o Vasco volte a ser o que era. Estou na torcida para que isso aconteça".
Qual foi a sua maior alegria dentro do Vasco?
"Jogar no Vasco já é uma grande alegria. Você ser campeão com essa camisa, fazer parte de momentos marcantes, acho que não tem alegria maior que essa. Ando na rua até hoje e sou reconhecido por isso. Isso é a maior satisfação , a maior alegria que tenho".
Sua maior tristeza foi a não conquista de um Campeonato Mundial?
"Doeu muito, mas tudo passa. O Vasco tem amplas chances de ganhar novamente a Libertadores, voltar a disputar a Libertadores, voltar a ganhar e ir para o Japão ou sei para onde for e ganhar o Mundial".
Você em continuar trabalhando com o futebol? O Vasco poderia ser uma opção?
"Sem dúvida nenhuma que a tendência vai ser continuar no futebol. Quem sabe não é no Vasco? Quem sabe não exerço outra função no Vasco? Independente disso, quero o bem do Vasco. Quero que o Vasco acerte seu time e consiga um grande campeonato carioca. Eu fico na torcida sempre pelo fato de ter grandes amigos lá, como o Carlos Germano, o Márcio e o Pedrinho, que mereceu a despedida. Achei fantástica a despedida".
Com informações do Programa "Só Dá Vasco".