O Vasco sempre foi uma escola formadora de bons goleiros. Carlos Germano e Hélton, que conquistaram títulos brasileiros com a camisa do cruzmaltino, são exemplos de arqueiros consagrados que começaram a carreira no clube de São Januário. Nos últimos anos, porém, o Gigante da Colina não conseguiu revelar nenhum goleiro capaz de vestir sua camisa 1.
Um dos responsáveis pela formação de goleiros é justamente Carlos Germano, um dos maiores que o clube já teve nessa posição. Na última quarta-feira (06/02), o ídolo participou do programa 'Só dá Base' e discorreu sobre o assunto. O preparador de goleiros do profissional analisou os goleiros que o clube tem atualmente em suas categorias inferiores e fez juras de amor ao cruzmaltino.
Confira a entrevista exclusiva do Só dá Base com Carlos Germano:
Você levou para a pré-temporada o goleiro Yuri, de apenas 15 anos de idade. Como você avalia o desempenho dele no time principal até agora? Por qual motivo você preferiu levar o Yuri e não os goleiros mais velhos, como Gabriel Félix, Jordi, Brenner, Juninho e Alexandre?
"O Yuri já esteve com a gente no ano passado fazendo alguns treinamentos. A minha intenção é fazer um revezamento. Eu não tiva ainda a oportunidade contar com todos, de ver o treinamentos de todos, do mirim ao juniores, mas alguns eu já conheço. O Yuri eu conheci ano passado quando veio treinar com a gente. Os rapazes do juniores estavam jogando, o Jordi e o Gabriel. O Juninho também não esteve com a gente no ano passado, só no ano anterior. Também já trabalhei com o Juninho. Existe uma rotatividade enorme entre esses meninos. A minha pretensão é a de que a cada semana ou a cada dez dias a gente possa contar com um goleiro da base. A gente coloca aí atletas do pré-mirim até o juniores. Acho que isso é importante, pois eles têm que estar no meio dos profissionais para ver como as coisas funcionam. O Yuri esteve com a gente no ano passado e esteve muito bem. É um garoto que mora no Rio de Janeiro e como estava o Jordi na Seleção sub-20, o Gabriel Félix e o Brenner na Taça São Paulo de Juniores e o resto da garotada estava tudo de férias, um deles o Juninho o que mora fora do Rio, resolvemos levar o Yuri, que foi muito bem na temporada que fez. Ele foi merecedor de estar com a gente no início de ano. Ele está com a gente ainda. Até o dia 18 de fevereiro ele vai continuar com a gente, pois hoje a categoria dele está de férias. Estão retornando dia 18 e quando a categoria voltar, ele vai retornar para ela e a gente vai poder observar novos garotos. Mas o Yuri tem tudo para dar certo, só depende dele. É bom que ele está no meio dos profissionais, está observando os treinamentos e goleiros mais experientes. Isso é fundamental. A gente torcer. Acho que o Yuri pelo comportamento dele e pelo que ele vem desempenhando com a gente no dia a dia, tem tudo para brigar por um bom futuro no Vasco. Só depende dele".
O Vasco voltou a ceder um goleiro para a Seleção Brasileira no início dessa temporada. O convocado foi Jordi, que inclusive já treina com o time profissional. O que você poderia falar sobre ele? É verdade que vocês pensam em fazer um revezamento de goleiros no time principal?
"O Jordi já trabalho comigo nessa semana. Ele está sofrendo com um problema no tornozelo e não pôde jogar o último jogo do juniores contra o Fluminense. Ele vai ficar comigo mais uma semana. O Gabriel se contundiu na Copa São Paulo. O Brenner jogou contra o Fluminense. O Marcelo Pires é um grande amigo nosso e um cara que está sempre presente nas nossas conversas em relação a preparação desses rapazes. Eu tive uma conversa muito séria com o Jordi e com o Yuri na semana passada. Gostaria até que o Gabriel estivesse junto, mas não deu. Como os dois estavam treinando comigo, aproveitei e bati um papo com eles sobre a importância deles estarem jogando. Acho que com essa idade eles precisam queimar etapas. Jogar no Infantil, no Juvenil e no Juniores. Isso vai ser fundamental para a carreira dele. O Yuri hoje é juvenil e tem que fazer o possível para jogar no juvenil. São etapas que precisam ser queimadas para que quando ele alcançar o time principal a camisa não pesar tanto. Disse ao Jordi que ele tem tudo para brilhar, para se dar bem e trilhar um caminho bom dentro do Vasco da Gama. O mesmo falei para o Yuri porque estavam os dois comigo no mesmo dia. Eu só pedi para eles jogarem o máximo que puderem e se dedicarem. Eles vão estar treinando com os profissionais constantemente. Uma semana sim, uma semana não, eles vão estar treinando conosco nos profissionais. Isso para eles é importante, pois quando eles descem para a categoria que fazer parte, descem com uma confiança enorme. Eu estou muito feliz com o desempenho deles, sendo sincero. O Jordi jogou bem no ano passado na Copa do Brasil, tanto é que ele foi convocado devido suas atuações nessa competição. O Gabriel tem tudo para jogar no juniores, pois tem muita qualidade para isso. Ele tem uma bela reposição e você viu no jogo que ele se machucou ele fazendo duas ou três grandes defesas. Eu estou levando fé. A minha intenção em relação a esses rapazes, em relação ao trabalho de base, é a melhor possível. Junto com o Marcio, o Marcelo e outros treinadores de goleiros, penso em elaborar um projeto para o melhor do Vasco da Gama. Eles têm vão ter a responsabilidade de buscar nomes e garotos que venham futuramente vestir a camisa do Vasco durante dez ou quinze anos. Essa é a minha pretensão. O Vasco sempre teve uma bela escola, desde a época do Mazzaroppi, do Acásio, passou por mim e terminou no Hélton. O Marcio também estava ali, assim com o Fábio, que veio de fora e ficou muito tempo ali. Via goleiros da base ficarem dez anos vestindo a camisa do Vasco. Hoje vejo o Vasco trazendo muita gente de fora. Não só para o gol, mas também para outras posições. Eu vejo que o Vasco possui meninos que irão fazer a alegria da gente. Já conversei com Jordi e Yuri e com certeza vou estar conversando isso com o Juninho, com o Gabriel, com o Brenner, com o Pedro (Infantil), com o João (do juvenil). A gente vai conversar com esses rapazes justamente isso. Queremos mostrar que a gente tem qualidade para que o Vasco não tenha futuramente preocupação nessa posição".
O Alexandre, que iniciou a Copa Promissão como titular, já treinou com você?
"O Alexandre treinou coma gente no final do ano passado também e possui muita qualidade. Você vê qualidade nesses rapazes. É só questão de fazer um projeto legal, como a gente pretende junto com o Marcelo e com o Márcio. Quero que os treinadores de goleiros coloquem sempre esses meninos à minha disposição para que eles passem uma semana, dez dias, treinando com os profissionais. Eles vão ganhar muito com isso. Podem ter certeza que eles vão ganhar muito".
Como é a sua relação com os outros preparadores de goleiros e com os goleiros da base? Você possuem ou pensam em implantar uma metodologia única de trabalho?
"Eu tenho tido mais contato com o Marcelo Pires, do juniores, porque existe essa preocupação dele em me mostrar sempre alguns jogos do Jordi, do Gabriel e do Brenner. Isso porque são os meninos que estão mais próximos do profissional. Eles estão com idade para estar pensando para jogar no time de cima. Eu sempre comento com eles: o garoto que possuei 17 anos e está no Vasco da Gama tem que estar pensando em jogar no profissional, em jogar la em cima. Passo que a qualquer momento ele pode ser chamado para jogar no time principal e quando chance chegar ele precisa estar bem. A gente conversa bastante por isso. Com os outros treinadores de goleiros a gente não conversou ainda, mas iremos fazer uma reunião para definir algumas coisas. Ocorrerá nesse mês de fevereiro e nela iremos traçar alguns planos para os meninos que buscam obter futuro na posição de goleiro, que pensam em vestir a camisa do Vasco. A gente vai estar sempre conversando e escutando da parte deles o que eles pretendem, o que eles buscam. Esperamos que essa reunião faça com que todos fiquem mais unidos. Abro espaço para todos os treinadores mandarem goleiros para participar de treinamentos conosco, desde que possua horário compatível. Não se pode vestir uma camisa apenas por vestir. Quem veste a camisa do Vasco precisa ter uma postura e saber o que falar. Não é chegar e achar que vai fazer o que quer. Existe uma disciplina, uma estrutura. Acho que é fundamental que a gente esteja sempre perto dos treinadores de goleiros. O Juninho e o Gabriel estão sempre ali treinando conosco. Algumas vezes via eles observando os treinos e mandava um ou outro buscar a chuteira para treinar. O Juninho acho que até matava aula para ficar atrás do gol e ser chamado para treinar com os profissionais (risos). Não é fácil não. Esses moleques são danados (risos). Mas isso é bom. A gente trata eles com carinho porque é como se fosse um filho. A cobrança existe? Existe, mas de uma forma tranquila. Imagina você pegar um menino do infantil e do mirim para treinar no time principal. Não é fácil. Eles chegam lá tensos, nervosos, com medo de errar, com medo de falar. É por isso que a gente dá essa liberdade para eles, dá essa tranquilidade para eles, para que eles possam realmente se sentir em casa como realmente são. Eles são do Vasco. Para mim é um todo , do mirim ao juniores. Os do Futsal, que hoje é comandado pelo Pedrinho, também. Foi uma bola dentro da diretoria trazer o Pedrinho. Acho que o coração do clube é isso aí. A gente tem que tratar esses meninos com carinho para que eles tenham tranquilidade na hora que subirem para o time principal".
Você pensa em se tornar preparador de goleiros da Seleção Brasileira?
"Eu tenho algumas coisas para resolver dentro do Vasco da Gama em relação aos projetos que falei anteriormente. As coisas ainda não estão funcionando da forma que eu quero, da forma que os preparadores de goleiros da base almejam. Mas desde o momento que a gente tiver a oportunidade de estar junto , de marcar uma reunião e a gente colocar esse projeto de descobrir três ou quatro goleiros na base que futuramente vão vestir a camisa do time principal, fazendo assim com que o Vasco não contrate mais goleiros, vou estar um pouco mais tranquilo para pensar em Seleção Brasileira. Na época que eu jogava tive a oportunidade de vestir várias vezes a camisa da Seleção Brasileira e disputar uma Copa do Mundo, mas foi o Vasco que me deu essa oportunidade. Consegui tudo através do Vasco, jogando pelo clube, conquistando campeonatos nacionais, conquistando Libertadores da América, Brasileiro, Rio-São Paulo e Carioca. Então, o Vasco gosta do meu trabalho e pode proporcionar minha ida para a Seleção Brasileira. O Vasco está me dando a oportunidade de ser treinador de goleiros da equipe principal, mas é lógico que ainda tenho muita coisa para fazer no Vasco da Gama nessa nova etapa da minha vida. Seleção Brasileira agora não. Não penso. Tenho que resolver algumas coisas primeiro pelo Vasco da Gama. O meu pensamento é esse. Ele é igual ao do Márcio, do Marceloe todos os outros preparadores de goleiros da base. Queremos juntos organizar essa posição. Desde a saída do Hélton nós não revelamos mais ninguém e quanto t empo faz que o Hélton saiu do Vasco? É parar para pensar um pouquinho. Tenho fé que o trabalho e a gente vai realizar. Quando a gente estiver num ponto ideal vamos pensar em Seleção Brasileira. Mas sair do Vasco acho que nunca mais. A ideia que tenho é a de permanecer no Vasco eternamente. Não tenho pretensão nenhuma. Trocaria qualquer coisa para não sair do Vasco mais, como ficou o Pai Santana. O meu desejo é o de estar ajudando sempre o Vasco da Gama. Seleção Brasileira mais para frente, agora não. Desde que não atrapalhe meu trabalho no Vasco. Quero continuar trabalhando no Vasco".
Quando você acha que o Vasco poderá ter um goleiro formado em casa em seu time titular?
"Em termos de previsão a gente depende da resposta dos que hoje estão. Dependemos do Jordi, do Gabriel e do Brenner, que são os três que estão mais perto do profissional. O Jordi está a um passo de ficar no grupo do profissional. Ele treina com a gente, mas joga com o Juniores. Tenho deixado ele mais com o Sorato, com o Mauro Galvão, porque é importante ele estar perto do grupo dele, fazer coletivo e ficar treinando. Mas ele está mais com a gente ali em cima. O Jordi é um nome que pode daqui a dois anos, três ou até mesmo seis meses estar jogando. Tudo é muito rápido no futebol. Vai que acontece alguma coisa com o goleiro dos profissionais. Quem vai jogar? O goleiro do Juniores porque está com ritmo de jogo. Por isso que eu conversei com o Jordi , com o Yuri e conversarei com os outros. Eles têm que se preocupar em estar jogando. Qualquer coisa que aconteca com o goleiro principal do Vasco ou seu reserva, de repente não jogue o terceiro e jogue o menino do júnior, que está com ritmo de jogo e está jogando.
Mas não sei falar uma previsão. O Jordi já está com a gente, hoje está como quarto goleiro, mas daqui a um ano pode ser o segundo goleiro. Acho que num prazo de dois ou três anos a gente estará com um menino da base brigando por uma posição de titular na meta vascaína".
O que você diria para os goleiros que estão atualmente defendendo as cores do Vasco na base?
"Que vão ser avaliados constantemente, pois são meninos que possuem qualidade. A gente leva muita fé neles. É treinar, cabeça boa, ajudar os companheiros, ter disciplina e a noção da grandeza do Vasco da Gama".
Como você enxerga o atual momento da base vascaína?
"A base do Vasco vai melhorar, pode ter certeza. É muita coisa que precisa ser resolvida e aos poucos vai ser resolvida. Hoje você tem um diretor de futebol que é o Mauro Galvão que dispensa comentários para qualquer vascaíno. Tem o treinador da equipe de juniores que é o Sorato, um ídolo nosso também. Temos no juvenil o Cássio, que tem três ou quatro títulos nesses poucos anos como treinador. Acho que o Vasco está no caminho certo, a base está no caminho certo. Podem ter certeza quem o Mauro Galvão vai fazer um grande trabalho ao lado do Jair Bragança, com o André Portella e outros. O nosso coração pulsa ali, pulsa na base do Vasco e no Futsal. Hoje temos o Pedrinho no Futsal, o que é importante. Mas se Deus quiser vamos revelar em breve bons meninos e bons garotos".
Com informações do Programa "Só dá Base/Só Dá Vasco".