O Vasco terá uma segunda-feira agitada fora de campo. Pela manhã, em São Januário, o Conselho de Beneméritos, do qual Eurico Miranda se reelegeu presidente em janeiro, dá o seu parecer sobre o balanço de 2011. À noite, na sede náutica do clube, no bairro da Lagoa, acontece a reunião decisiva, na qual o Conselho Deliberativo enfim decidirá se aprova ou não as contas de dois anos atrás apresentadas pela diretoria comandada por Roberto Dinamite.
Um acordo articulado, em parte, por Eurico Miranda ajudou a protelar o prazo para a correção dos pontos contestados do balanço de 2011, porém, mesmo após as mudanças, o Conselho Fiscal manteve na semana passada o parecer pela rejeição das contas.
O Deliberativo é composto por 300 membros, sendo 150 natos (beneméritos e grandes beneméritos), 120 da chapa vencedora da última eleição presidencial e 30 da segunda colocada, de Leonardo Gonçalves, da Cruzada Vascaína. O parecer que deverá sair do encontro de beneméritos e grandes beneméritos indicará a postura do grupo de Eurico na reunião do Deliberativo. Na sua reeleição para o Conselho de Beneméritos, o ex-presidente do clube teve 69 votos a favor, e dois em branco. Desses 69, nove ainda não ocupam cadeiras de membros natos do Conselho Deliberativo e, portanto, não participarão da reunião à noite. Dessa forma, calcula-se que Eurico pode mobilizar pelo menos 60 conselheiros a votar conforme sua orientação.
- O Vasco está procurando cumprir com todas as exigências do Conselho Fiscal. Esse momento é de profissionalização do clube e o próximo presidente vai entrar com uma situação melhor do que quando assumi. Isso passa pela aprovação das contas. Espero que o Conselho Deliberativo tenha bom senso e aprove - disse Dinamite, através de sua assessoria.
Se os partidários de Eurico e de Leonardo Gonçalves votarem pela rejeição, Dinamite pode ter problemas. Para o ex-presidente, contudo, o efeito prático de uma rejeição de contas é "somente" desmoralização.
- A minha posição é a posição do Conselho de Beneméritos, que vai emitir um parecer na segunda-feira. Não tenho muito a me posicionar, porque o Conselho Fiscal já se posicionou contrário à aprovação, então o que eu posso falar? Eu vou votar de acordo com a posição do Conselho de Beneméritos, mesmo que não seja a minha opinião pessoal. Posso divergir da maioria, mas tenho de acatar. Não seria correto eu, como presidente do conselho, não votar de acordo com o parecer que for emitido. Efeito prático mesmo, se as contas forem rejeitadas, acho que só a desmoralização. Até porque pode reprovar agora e aprovar depois, feitas as devidas correções - analisou Eurico.
Na última quarta-feira atrás, o presidente do Deliberativo, Abílio Borges, aliado de Dinamite, antecipou seu retorno ao cargo. Ele tirara licença em 27 de novembro, e sua volta estava prevista para 14 de fevereiro. Ele alegou que os seus motivos pessoais que justificaram a licença "cessaram" e que "o Vasco é paixão". A última reunião presidida por Abílio - o conselho esteve no comando de Roberto Monteiro, pré-candidato à presidência do clube em 2014, durante sua ausência - terminou em polêmica, em 23 de outubro. Sem votação das contas, com um prazo de 60 dias para correções, e sob protestos especialmente da Cruzada Vascaína. Chegou a haver uma discussão envolvendo o ex-vice de finanças Nelson Rocha.
Leonardo Gonçalves manteve a postura crítica em relação a Abílio e lamentou o seu retorno à presidência do Deliberativo antes da reunião. Afirmou que, por ser minoria no conselho, sua maior preocupação não é aprovar ou reprovar as contas.
- Se fosse isso, era melhor nem ir às reuniões. Somos minoria, então o nosso interesse maior é debater o Vasco. Espero que o Abílio, depois dessa licença, assuma uma postura diferente daquela que vinha tendo. Se tivermos espaço para debater o Vasco, estarei satisfeito.
Dinamite vive momento de asfixia financeira e fragilidade política no Vasco. Com todas as receitas penhoradas por execuções fiscais e cobrança de dívida de Romário, o clube atrasa todo tipo de pagamentos. Roberto Dinamite perdeu diversos dos seus vices, incluindo os dois principais de sua gestão, que tocavam o dia a dia do clube em seu primeiro mandato, José Hamílton Mandarino e Nelson Rocha. Ao se reeleger em 2011, Dinamite passou a centralizar as decisões e acabou se desgastando com sua diretoria.
São contestados principalmente dois pontos da prestação de contas de 2011: o contrato celebrado com a fornecedora de material esportivo Penalty e o programa de fidelidade para o torcedor, da empresa Torcedor Afinidade, ambos tidos como lesivos ao clube. O prazo de 60 dias - já expirado - dado pelo Deliberativo em outubro foi para correção de pontos do balanço relativos a esses contratos.
Fonte: GloboEsporte.com