Tapumes e a placa de “Proibido a entrada. Estamos em obra” são tudo o que atletas e alunos das escolinhas sabem sobre o Parque Aquático do Vasco. Fechado desde dezembro e sem data para ser reaberto, o local, que chegou a sediar uma etapa da Copa do Mundo de Natação, em 1998, com a presença do pentacampeão olímpico Ian Thorpe, corre o risco de ser demolido.
Construído em 1953, o parque aquático, composto por uma piscina olímpica, uma para saltos ornamentais e duas pequenas, para aquecimento, sofre um processo de degradação há pelo menos uma década. Se, no fim dos anos 90 e início de 2000, o clube se orgulhava de ter grandes atletas e uma natação competitiva - o medalhista olímpico Gustavo Borges nadou pelo Vasco de 1999 a 2002 -, com o tempo, o que se viu foi o esvaziamento da modalidade refletida na deterioração de suas instalações. No ano passado, o ex-nadador chegou a propor um projeto de recuperação do parque aquático, que não foi aceito pela diretoria.
- Depois de 2000, o parque aquático começou a se deteriorar. O descaso chegou ao limite mais ou menos há uns três anos. Eles deixaram a piscina cerca de três meses sem cloro. Para a gente, diziam que o clube não tinha dinheiro. Mas o cloro custa R$ 1.500. Como que um clube como o Vasco não tem R$ 1.500 para comprar cloro? É uma vergonha - indigna-se um treinador, que não recebe salário desde outubro e prefere não se identificar. - Todos estão sem treinar, aguardando uma posição concreta do clube. Não recebemos nenhum comunicado oficial, ninguém quis nos receber.
- A impressão é que deixaram deteriorar até que não houvesse outra alternativa - reclama um atleta que também pede anonimato.
Clube vive “situação caótica”
Vice-presidente de patrimônio do clube, Manuel Barros diz que a interdição foi necessária para evitar acidentes. Um vazamento entre a piscina olímpica e o sistema de tratamento de água, detectado no ano passado, teria sido a razão para que essa decisão fosse tomada:
- Optamos pelo fechamento para garantir a segurança das pessoas. Isso vem em primeiro lugar. Será feito um levantamento dos custos e, depois, vai se tentar encontrar uma forma de viabilizar a obra. Mas existe a nova Arena, que ocupará toda essa área. Se as negociações com a empreiteira avançarem, acredito que o presidente não vai querer iniciar as obras para, em pouco tempo, ter que demolir o parque.
De acordo com o projeto inicial, a nova Arena será um estádio moderno com 46 mil lugares, área comercial e restaurantes. O caminho parece natural. Até porque, segundo Cristiano Koehler, recém-contratado como CEO do Vasco, a prioridade é reverter a situação em que o clube se encontra, com passivo de R$ 500 milhões.
- O clube está em uma situação caótica, e com a receita que a gente tem, não dá para fazer nada. O momento é muito grave - justifica ele, que chegou com a função de profissionalizar a gestão. - O Vasco não está desprezando os outros esportes, mas precisamos nos enquadrar numa nova realidade. Eu não posso apostar em um esporte sem ter subsídios e ficar sem pagar minha razão de ser, que é o futebol. Vamos trabalhar na criação de uma fundação que consiga recursos para viabilizar outros esportes.
Para quem cresceu na piscina do clube, como o administrador de empresas André Andrade, de 39 anos, que começou a nadar aos 4, a sensação é de vazio e impotência.
- Fica a indignação. O Roberto é o ídolo que está se tornando vilão. E o Vasco, um clube de tanta tradição, está se esvaindo - lamenta.
Fonte: Extra online