Não há mais Zizinho. Não há mais Ademir. Não há Zico nem Roberto. Apesar dos pesares, o Flamengo e Vasco segue apaixonante e imprevisível. E em 2013, o Clássico dos Milhões completa 90 anos. O primeiro jogo da temporada entre rubro-negros e cruz-maltinos é nesta quinta-feira e, para comemorar, o Yahoo! Esporte Interativo relembra um pouco dessa história de tantos jogos, títulos, risos e lágrimas.
A memória do Flamengo e Vasco se confunde com a do Maracanã. Porém, a história desse clássico começou bem longe do Gigante de Concreto. Em 29 de abril de 1923, quando nem se pensava em construir um estádio no terreno do Derby Club, um 3 a 1 vascaíno carimbava o campo da Rua Paissandú, no Flamengo, propriedade do Rubro-negro. Quatro anos depois, um novo 3 a 1 para o Vasco marcaria o primeiro clássico em São Januário, casa portuguesa com certeza do Cruz-maltino.
São Januário e Gávea
Passaram-se os anos. Líder do país de 1930 a 1945, Getúlio Vargas transformou São Januário, construído com o suor dos vascaínos, em templo dos trabalhadores em suas comemorações do 1º de maio. Enquanto isso, o Fla também seguia seu caminho para se tornar o clube do povo, o Mais Querido, com seus treinos abertos na Paissandú.
Em 1933, o profissionalismo é oficializado em nosso futebol. Cinco anos depois, José Bastos Padilha ergue a sede rubro-negra na Gávea, polarizando os confrontos entre as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas e o imperial bairro de São Cristóvão. Nesta época, também foram jogadas partidas em General Severiano, nas Laranjeiras e no campo do América, na rua Campos Salles.
Com o passar do tempo, porém, tais estádios foram ficando pequenos para as dimensões cada vez mais colossais do clássico. Flamengo e Vasco, assim como todo o futebol brasileiro, precisam de uma casa nova, maior. Com a Copa de 1950 a ser realizada no Brasil, os motivos já eram mais que suficientes. E veio o Maracanã.
Maracanã, o palco perfeito
Com o Maraca, inaugurado com gol de Didi, ídolo do Botafogo, o valor de um Flamengo e Vasco foi elevado à máxima potência. Com o vermelho e preto à esquerda das cabines de rádio e a Cruz-de-Malta à direita, em tradição mantida até os dias de hoje, as equipes fizeram sua primeira partida oficial no estádio em 24 de setembro de 1950. Como de praxe em estreias, deu Vasco. 2 a 1.
Desde então, é a História na frente dos olhos dos milhões e milhões de espectadores de tão memoráveis confrontos. Em 1978, Zico cobrou escanteio com precisão cirúrgica e Rondinelli, o Deus da Raça, entrou na área a toda velocidade, subiu mais que todo mundo para iniciar uma das mais brilhantes fases rubro-negras. Dez anos depois, outra entrada triunfal valeria um título. Agora para o Vasco. Cocada entrou aos 43, marcou golaço aos 44 e, já campeão, foi expulso aos 45. Não precisava fazer mais nada.
Depois disso, um 2001 de tirar o fôlego. Com atuação magistral de Romário, que marcou três, o Cruz-maltino fez 5 a 1 no arquirrival. Aquele ano, porém, ficaria marcado por outra atuação emblemática. Decidindo o Carioca, o 2 a 1, apesar de favorável ao Flamengo, ia dando o título para o Vasco, já com dois vice-campeonatos nas costas. Contudo, aos 43 minutos, eis que surge Dejan Petkovic. Sérvio com coração carioca, Pet cobrou falta perfeita, colocou no ângulo e levou o tri para a Gávea no que talvez tenha o lance mais liberador de emoções da História do Clássico dos Milhões.
Noventa anos. Quinta-feira eles se encontram de novo. Em campo, Bernardo, Hernane, Carlos Alberto e Elias. Mas também Pet, Romário, Cocada, Rondinelli, Roberto, Zico e todo o caminhão de emoções.