O Vice Geral do Vasco, Antonio Peralta, falou com exclusividade a Rádio Mitos da Colina. Confira na íntegra:
Peralta fala sobre a situação financeira do clube e diz que jogadores e funcionários têm sido solidários com o Vasco.
“Vamos fazer o dever de casa nessa explicação: como qualquer um de nós pode administrar uma simples casa sem que os seus trabalhadores recebam seus salários, quatro, cinco meses sem receber salário, quer dizer, você entra em um vermelho muito grande e você asfixia, e é isso que está acontecendo com o Vasco. O Vasco está sendo asfixiado pela Fazenda Nacional e faço sempre esse posicionamento e essa pergunta, por que escolheram o Vasco? Só agora os outros clubes estão sofrendo com essa iniciativa da Fazenda, ora, não bastasse isso, veio a questão do Romário que também não é compreensível, como alguém pode dar uma cisão vinculando 50% da receita do Vasco pra uma só titularidade, que é o Romário.
Não vamos discutir se tem razão ou não embora que o Vasco tenha suas razoes, mas não é isso que está sendo discutido, é como é que pode ser bloqueado 50% de uma receita global de um clube para pagar a dívida de um ex atleta, que não importa o valor, é inviável pagar. O René deu um exemplo extraordinário. Se você me deve, eu te amarro em um tronco e eu só vou te liberar quando me pagar. Você vai morrer e não vai me pagar, eu preciso deixar você circular pra me pagar. Nós não temos como pagar os salários, os nossos atletas tem sido de uma solidariedade ao extremo, os nossos funcionários tem sido, a maioria, amigos, firmes, porque eles estão solidários, estão vendo a nossa luta, o trabalho que está sendo realizado, o esforço que está sendo feito para que a gente possa chegar com uma coisinha pouca para dividir. E futebol não é barato, são valores grandes, não é o Vasco, são todos os clubes, nossa folha ainda é uma das menores, e você tem a sua receita via TV, condicionada, aceita propaganda, marketing, camisa, tudo, é estática, tudo bloqueado, então é realmente uma luta que nós estamos fazendo, mas nós continuamos a luta, nós temos que dar o nosso testemunho de força e coesão, e luta, e buscar energia na linha do bem, para que a gente possa buscar definitivamente uma solução para essas questões todas.
Acredito que vem aí novos ares, vamos iniciar uma nova era, uma nova etapa na vida do clube, veio para o nosso colo uma situação terrivelmente desgastante, uma situação que nos deixa reféns, e ao mesmo tempo, cultivar a famosa frase “o sentimento não pode parar” e ao mesmo tempo aquele sentimento de perseguição. Eu não estou afirmando ser uma perseguição pois todos tem suas razões, mas o que nós buscamos e pedimos é para que as autoridades olhem a instituição Vasco da Gama dentro da sua real grandeza, não como uma instituição pequena e medíocre, sem qualquer sentido de grandeza, quando o Vasco é grande por nascimento. O Vasco nasceu grande não fisicamente, mas espiritualmente, o Vasco da Gama é um clube que nasceu com a alma grande, que é buscando além das práticas esportivas ajudar o próximo. A história do Vasco é bonita, talvez no mundo não haja um clube com uma história tão bonita e real, e quem quiser comprovar que busque na história desportiva, nós temos em São Januário muitas informações nesse sentido, desde a emancipação do negro, incluindo os excluídos, ajudando as áreas carentes, sempre a instituição indo além da prática esportiva, buscando ter uma participação inclusive na vida do país, isto é o sentimento vascaíno, é a instituição Vasco da Gama. Se não for uma instituição criada para a prática da caridade, ela faz caridade, nós temos lá uma comunidade em volta que procuramos ajudar, estamos com dificuldades sérias, no entanto continuamos dando alimentação, se continuarmos bloqueados não sei se poderemos continuar com aquela ajuda ao semelhante, então o Vasco é uma instituição que merece respeito, principalmente das autoridades, e porque é escolhido no sentido pior de uma situação dessas, em que poderíamos estar discutindo diferente, estar em uma situação diferente, mas a porta parece que se fecha, nós vamos continuar trabalhando, insistindo e buscando aquela famosa luz do túnel e vamos alcançar essa luz libertar o clube dessas amarras, desse cinturão que tanto nos aflige.”
Hoje quanto o Vasco era pra ter recebido e não entrou nos cofres do clube?
“Se somar a Fazenda Nacional, o Diego Souza, que foi um negócio mal feito, uma operação que infelizmente não foi boa para a instituição, e digo que não foi mesmo, o clube perdeu um jogador bom, perdeu alguns gols, isso é da prática, é natural, é bom que não aconteça mas temos que encarar isso com naturalidade. O Diego Souza foi liberado sem que o Vasco tivesse o recurso na sua conta, até porque esses recursos viriam através de uma empresa que pagaria pelo clube, eu não posso dar mais detalhes além disso porque não é a minha área, não competia a mim, então o Diego hoje, daria ao Vasco uma soma de aproximadamente 5 milhões e meio, 5 milhões mais a Receita, em números assim, em torno de 10 milhões, mais algumas pendências que estão também condicionadas a ação do Romário, a grosso modo uns 15 a 16 milhões de reais. O Vasco estaria em dia, até com a própria Fazenda Nacional, estaria pagando o parcelamento, só que o parcelamento tipo, ou paga assim em 36 meses, me ajuda a pagar que eu pago ou então tem que me botar na cadeia, eu acho que não é por ai, o Estado tem o dever de ajudar o seu contribuinte a pagar as suas contribuições. O que nós queremos é que a Fazenda Nacional nos ajude, nós estamos dispostos a sentar e encontrar um valor que a gente possa pagar, o que nós não podemos é assumir um compromisso que não dê pra pagar, e todos os clubes tem o dever dehonrar os seus compromissos com o Estado, e isso nós não temos a menor dúvida, isso nós temos que fazer, agora, nós temos que encontrar um meio de fazer e cumprir o que for assinado.”
Queria que você falasse sobre a chegada do René Simões para o futebol do Vasco e sobre a chegada do Cristiano Koehler.
“O René já era um desejo, não antigo, mas em um passado recente ele já tinha sido convidado para ser o treinador do Vasco, quando veio o Marcelo oliveira. O René é muito sério, é uma pessoa que o Vasco precisava muito, e elegantemente, ele disse que só sairia do São Paulo se o São Paulo liberasse porque ele não quebrava contrato, então o deixamos a vontade, e na época o São Paulo teria dito pra ele “olha, isso é contigo” e lógico, ele não quebrou o contrato.
Ele chegou em uma hora boa, onde nós precisávamos muito. O Cristiano já esteve conosco, é um profissional muito competente, ele busca no dia a dia resultados do que é de sua competência, sua obrigação e sua competência. Ele retornou ao Vasco em um momento onde parece que as coisas se encaixam, muito importante, de muita carência nossa para atender um pensamento que já era antigo, que é profissionalizar o Vasco. Já veio o jurídico, que é o Gustavo, que era ligado ao Grêmio.
Esse grupo que está chegando tem uma ligação com o Grêmio, pegaram ao Grêmio naquela fase de segunda divisão, muito ruim, e hoje o Grêmio é um clube que está saneado, construiu sua nova Arena, e eles atenderam o Vasco pra fazer esse novo trabalho aqui no Vasco da Gama. Tenho certeza que também com a nossa participação e dando os elementos que eles precisam para trabalhar, que nós vamos colocar o Vasco no rumo certo. A nau vai ter que navegar e chegar em porto seguro.”
Um dos exemplos do trabalho desses profissionais é o Dedé, onde eles conseguiram a permanência do Mito no Vasco. Peralta comenta sobre isso.
“Na verdade, nós saímos de uma situação de inferioridade e passamos para uma situação confortável, porque o Dedé hoje não só se elevou o valor de referência, mas também precisa da vontade do Vasco e o Dedé muito contribuiu para isso. É um atleta extraordinário, mas o Vasco teve atletas que, acredito eu, renunciaram a vantagem pra se manterem na instituição que eles gostam, hoje mudou um pouco esse perfil, mas ainda existe um Dedé. Ele poderia ter saído com vantagem e ele aceitou ficar no Vasco e aceitou dar sua contribuição em um momento difícil.
É como eu falei, nosso elenco tem dado um testemunho de solidariedade ao momento do Vasco. São as forças positivas que se levantam contra as forças negativas que tentam nos denegrir e infelizmente nos prejudicar. O Cristiano é muito habilidoso nisso, o René também, os dois fazem uma dupla extraordinária nisso.
Eu queria falar sobre a questão das pessoas que saem. Eu não gosto muito de entrar nesse terreno, mas tenho um desabafo a fazer. As pessoas que foram embora, foram embora da instituição, ou melhor, elas puniram a instituição que não merecia isso, porque eu voltei para o Vasco a pedidos e para ajudar.
No meu sentimento vascaíno, só tinha um desejo: ajudar o Vasco da gama, onde passei 14 anos na época do Calçada e depois com o Eurico fiquei pouco tempo e saí, mas não sai atirando em ninguém, não é meu forte esse tipo de acusação, agora, uma coisa me deixou muito desgastado emocionalmente, é que as pessoas que foram embora, que abandonaram o Vasco, fizeram isso em uma hora imprópria, em uma hora errada, numa hora em que o clube precisava de todos juntos, porque se tem alguma coisa no presidente que não me agrada, alguma atitude, eu chego pro presidente e falo, como já falei várias vezes, eu digo “não gostei disso, isso não pode, vê isso melhor”, agora nunca vou sair do Vasco dizendo “ah, zanguei com o fulano”, ou seja, não gosto do presidente e eu pulo na instituição. O presidente não me agradou, uma atitude dele não me agradou. Tudo vira responsabilidade do presidente, então ele tem o direito de saber por que isso, porque aquilo, então vamos debater, vamos contratar o jogador, perfeito, vamos nos reunir aqui para ver isso melhor, não, traz pronto, vendi assina aqui, isso é uma beleza, isso é farra do boi. E quando ele resolveu dar um basta nisso tudo, e eu sou um dos responsáveis por ele ter insistido, porque ele não podia ficar, uma vez ele tava no aeroporto e chegaram “presidente, tem que assinar aqui”. Então ele assinou e eu disse “presidente, como você assina isso aqui, você nem leu”. Porque, se tivesse havido, uma reflexão maior sobre esse ou aquele atleta que vieram e com contratos longos que o Vasco tem que pagar até o final do contrato, se joga ou não joga, quem paga a conta é o almirante. Ta bem assim né, responde. Se tivesse se debatido melhor, nós não estaríamos com uma carga tão grande de valores que escasseiam nossos recursos para o presente. Então veja bem, ta sendo um verdadeiro milagre na instituição.
O Vasco sem dinheiro, é líder, e claro, já me disseram “ah, tem o jogo contra o Flamengo”. Cada jogo é um jogo e eu sou líder, acabou. Eu posso até perder para o Flamengo, se Deus quiser vamos ganhar. Agora, saiu agora uma publicação da CBF do ranking de todos os clubes do Brasil. Nos últimos 5 anos, o Vasco é o 3º, o Flamengo é o 6º ou 7º. O Fluminense é lógico, que ganhou 2, 3 títulos em 2 anos, o Vasco não ganhou o Campeonato porque o árbitro nos tirou o título em cima do Flamengo, eu tenho até hoje a fotografia do jogador arrancando a camisa do Diego Souza dentro da área e ele do lado, não esqueçam porque quando eu encontrá-lo eu mostro a fotografia pra ele. Ele não deu porque não quis, e se nós ganhássemos aquele jogo, nós éramos campeões e não o Corinthians. O próprio árbitro aqui do Rio de Janeiro nos prejudicando em benefício ao clube de São Paulo, e não tem que beneficiar nem prejudicar ninguém. O árbitro tem quem apitar direito, ele tem que lógico, buscar uma técnica de apitar que busque com que ele faça uma arbitragem sadia, correta, agora, um árbitro que, agora eu já falo como torcedor, que quase arranca a camisa do jogador na frente dele e ele não marca é porque ele não quer dar o pênalti, eu falei isso para o Presidente da Federação uma vez. Dois jogos ele nos prejudicou, um foi com o Bernardo que tomou uma rasteira na área que inclusive o Léo Moura confessou que fez o pênalti e só ele não viu. Porque a mídia foca o Vasco tão negativamente: é porque o Vasco é grande. Ninguém olha cachorro morto, o Vasco é grande. Porque a nossa água foi cortada em verso e prosa, cortaram a água porque o Vasco se recusou a pagar 400 mil reais de água. A SEDAE cobra esgoto e lá não tem esgoto. Em São Januário não tem esgoto, então isso trouxe constrangimento, trouxe, mas trouxe também um movimento no sentido de defender o Vasco e agora estamos pagando metade. Agora o Flamengo teve água cortada até não sei quando, ninguém falou nada, não pagou jogador, ninguém falou nada. Recentemente teve um jornalista foi ao Vasco no período de férias, o clube fechado, em reforma de gramado, e o Vasco tem lá pombos, gatos que vem da vizinhança de São Januário e esse jornalista teve a petulância de fotografar um coco de gato e uma barata e colocar na internet. Na minha casa tem baratas e tem coco dos cachorros, então ele tem que ir na minha casa fotografar isso. Ai vê se tem alguma lógica.”
O Vice Geral explica a utilização da água da piscina para irrigar o gramado de São Januário.
“Nós pesquisamos lá a nossa tubulação, o engenheiro Gaspar fez uma sondagem do escapamento de água, fuga de água, e descobrimos que tínhamos uma perda de 165 mil litros da piscina por semana, vocês já imaginaram isso? A piscina é muito grande e lógico, nós temos que paralisar para consertar porque não dá pra ficar pagando água potável quemuitas vezes falta água ai nessas comunidades mais carentes, nos pontos mais altos da cidade, e nós ai jogando água fora.”
Peralta comenta um pouco sobre Hélio Donin, Barroso e o João Marcos.
“Eu tive a oportunidade, em algumas ocasiões, de estar com os 3 e sempre fiquei na certeza de que trabalham com muita seriedade pra ajudar a instituição, o que nós precisamos fazer é justamente o que eles estão fazendo, que é um trabalho correto, direito, que está visibilizando o clube cada vez mais, que a gente possa dizer assim “eu cumpri meu dever.” Eu acho que o Donin é uma pessoa muito séria, o Barroso trabalhou comigo na minha gestão e ele era ligado ao futsal, já advogava para o Vasco na Federação de Futsal, e dispensa comentários, felizmente o Vasco estão bem servido com esses 3 nomes no conselho.”
Antonio Peralta dá seu recado para Hélio Donin e o parabeniza pelo trabalho que vem fazendo no Vasco.
“Nós já estivemos hoje juntos, reunidos, e sabe que sempre que eu sento com você e com o Barroso eu saio muito feliz porque eu aprendo um pouco, eu não sou da área que você abraçou, mas eu conheço um pouco de Vasco e posso dizer a você que o Vasco está muito bem servido com o trio que está lá examinando as contas do Vasco.
Eu, pessoalmente, falo a você e repito para os vascaínos que estão me ouvindo que eles possam colocar em suas certezas que o Vasco está buscando pelo caminho certo, o Vasco está rumando para uma visibilidade que o futuro vai dizer e com certeza os frutos vão ser colhidos. Donin, parabéns pra você, para o Barroso e para o João Marcos, eu sinceramente sempre vi em vocês três uma harmonia pró Vasco.
Eu sei que você vai ficar contente, e hoje eu já resolvi com o grupo do Aníbal que mês a mês vai ser feito o registro para que não voltemos a ter aquele atraso de oito, nove meses e aquele corre corre, porque a pressa é inimiga da perfeição.
Amanhã, marquei uma reunião com eles, vou fixar o prazo e vai terminar o ano de 2012 e já está iniciando 2013 mês a mês para que vocês tenham a cada três meses o resultado e possam fazer um trabalho mais sereno, com mais tranquilidade e com certeza, menos desgastante para vocês e melhor para o Vasco.”
Para finalizar, Peralta explica sobre a Penalty e sobre o programa de sócios.
“Eu faço periodicamente obras na minha casa, e eu nunca acertei nos valores inicialmente apropriados, estipulados. Quando chega lá para o meio, para o fim, não bate. Obra não tem como você dizer quanto vai gastar, precisa se respeitar uma tendência ai de suplementação, menos é difícil.
O que aconteceu em relação a Penalty é que a Penalty fechou em construir uma loja, que é muito bonita por sinal, e grandiosa, em 2 milhões de reais, quando chegou lá no curso da obra, surgiu a necessidade de fazer uma área apropriada lá para o jurídico, algumas modificações e lógico, houve um acréscimo nessa obra em torno de 340 mil reais, isso é só aditivar, não houve erro, nem desvio, o que houve foi um acontecimento natural que é inerente a qualquer obra. Você vê o Maracanã, que estava orçado em 700 milhões e vai ficar em torno de 900 milhões. Houve uma diferença em torno de 15% que foi pro acréscimo e não para o erro que poderia ter havido no projeto inicial, houve um acréscimo, e a Penalty entendeu que ela tinha fechado em 2 milhões e então o Vasco teve que pagar.
Em relação ao Torcedor Afinidade, inicialmente aquela ansiedade que o clube tinha, a necessidade que o clube tinha em fazer um programa novo de sócios, era muito grande, o clube tinha dificuldade e fez-se um contrato com a empresa Novo Traço, que não teve grande sucesso, não houve felicidade para os dois lados, foi mal elaborado e o proprietário dessa empresa se retirou no meio da jornada. O Jeferson, que era uma empresa agregada assumiu a responsabilidade e ficamos em uma situação complicada e o Jeferson me procurou e eu estava muito aflito por causa da eleição e ele colocou toda equipe a disposição. Trabalhamos muito naquela eleição e se não acertamos 100%, nós buscamos o melhor e foi feito o melhor, e passou aquela fase crucial e percebemos que o Jeferson, apesar da boa vontade, não tinha mais condições de prosseguir com aquele contrato. Havia falhas estruturais muito grande e chegou em um ponto que o Vasco não prosperava mais na captação de novos sócios, estava limitado a 7 mil, 7 mil e pouco. Foi ai que surgiu o pensamento de buscarmos um novo parceiro.”
Fonte: Supervasco