Juniores: De família vascaína, lateral Gabriel fala sobre sua carreira no Vasco e no exterior

Domingo, 27/01/2013 - 18:41

Ele tinha tudo para estar brilhando nos gramados europeus, mas quis o destino que alguns problemas impedissem sua permanência no velho continente e o obrigassem a retornar ao Brasil, local onde conseguiu realizar o sonho de seu familiares: atuar com a camisa do Vasco da Gama. A história do lateral-direito Gabriel dos Santos é parecida com a de muitos jovens atletas que deixam o país cedo para tentar a sorte no futebol exterior.

A diferença existente entre a promessa da equipe de juniores e os demais jogadores, é a origem e o sangue que corre nas veias. Diferentemente de alguns, Gabriel vem de família vascaína e carrega o sangue cruzmaltino dentro de si. No Gigante da Colina desde 2010, o garoto de 19 anos iniciou sua trajetória no Campo Grande e logo depois se transferiu para a Itália, onde defendeu as cores do Vicenza.

No clube italiano, o atleta atuou como atacante e obteve sucesso, porém as pendências documentais impediram a assinatura de seu contrato. Para não ficar sem atuar até completar 18 anos, Gabriel resolveu voltar ao Brasil. Ao chegar fez um pedido especial para seu empresário: "Quero jogar no Vasco".

Para atender o desejo do garoto, o agente procurou a diretoria do Gigante da Colina, agendou um teste e o viu ser aprovado. No cruzmaltino, Gabriel passou a jogar de lateral e a superar algumas dificuldades de deslocamento, que o obrigavam a sair de casa três e meia da manhã para não chegar atrasado aos treinamentos em São Januário.

Atual momento no Vasco

Gabriel foi reserva de Richard ao longo da última Copa São Paulo, porém o desempenho do pernambucano não foi muito bom. Por conta disso, Gabriel ganhou espaço e voltou a ser titular nos primeiros jogos do cruzmaltino no Campeonato Carioca da categoria. A vaga no time titular, todavia, não será dele nas próximas partidas. Isso porque o jovem de 19 anos sofreu uma lesão no pé e ficará fora de combate por no mínimo duas semanas.

Vale lembrar que Gabriel vinha sendo titular desde que Sorato assumiu o comando da equipe de juniores. Perdeu a posição após sofrer uma lesão no mesmo local no final do ano passado, período no qual o cruzmaltino disputava a Copa do Brasil e o Brasileirão sub-20.

Confira uma entrevista exclusiva com Gabriel, lateral-direito do Juniores:

Quando você começou a jogar? Quais clubes você passou e quais dificuldades você enfrentou?

"Eu comecei jogando futebol de esquina, nas velhas peladas mesmo (risos). Meu primeiro clube foi o Campo Grande, aonde eu cheguei com onze anos de idade. Com 14 anos viajei pra Itália, onde fiquei dois anos. Só que eu não pude jogar devido a documentos. Por isso, ficava seis meses lá e voltava para passar três semanas. Foi assim durante dois anos. Como eu fiquei dois anos sem jogar, resolvi voltar para o Brasil. Foi quando eu acertei com o Vasco. Estou aqui faz dois anos. Dificuldade mesmo eu nunca passei, graças a Deus. Tudo o que eu precisava, do tipo coisas básicas, meus pais sempre me deram".

Em qual clube da Itália você jogou? Como foi a experiência e por qual motivo você voltou?

"Joguei no Vicenza, time da Série B. A experiência foi ótima, pois aprendi muita coisa, como a língua, a cultura e o futebol. Tive treinadores que me ajudaram desde o dia que cheguei lá. A única coisa ruim foi o fato de que eu não podia jogar devido a documentos. A diretoria do Vicenza demorou a fazer meus documentos e quando terminaram de fazer surgiu a Lei Pelé. Como eu já estava dois anos sem jogar e teria que ficar mais dois, eu e minha família resolvemos voltar para o Brasil".

Mas você gostaria de ter ficado na Itália ou acha que foi uma boa voltar ao Brasil?

"No início eu queria muito ter ficado lá, pois eu já estava acostumado com tudo, até com o frio (risos). Esse desejo durou até eu acertar com o Vasco. Quando cheguei comecei a pensar diferente e hoje vejo que fiz um ótima escolha".

E como foi esse seu acerto com o Vasco?

"Na verdade quando eu ainda jogava no Campo Grande já havia um interesse, mas surgiu numa época em que eu ainda era muito novo e sonhava em jogar na Europa. Quando voltei, conversei com meus pais e meu procurador e disse que queria jogar no Vasco. Ele falou com o pessoal e eles me trouxeram para um período de testes. Quando eu passeis fizemos até festa, pois minha família toda é vascaína (risos). Imagina a festa que foi (risos)".

Então se vacilar dentro de campo vai tomar bronca dos familiares (risos). Não é?

"(Risos). Verdade. Eles cobram muito e sempre vão aos meus jogos. Quando dou um passe errado ou algum mole, já sabe (risos). Mas eu sei que tudo que eles falam é para o meu bem".

Agora fala um pouco sobre sua passagem no Vasco. Quais categorias você passou? Conquistou títulos? Jogo mais emocionante?

"Eu cheguei no final de 2010. No juvenil fui campeão da Taça Guanabara no ano de 2011. O jogo mais emocionante que disputei com a camisa do Vasco foi em Xerém, quando vencemos o Fluminense por 1 a 0. Com essa vitória alcançamos a liderança da chave e avançamos para a final".

E como foi que você virou lateral?

"(Risos). Boa pergunta. Eu era meia, mas num coletivo atuei de volante e fui bem. A partir daí passei a jogar de volante. Num jogo atuei como lateral e fiz até gol. Aí passei a jogar de lateral. Quando fui para a Itália passei a jogar de atacante, posição na qual me destaquei em todos os torneios que disputei. Voltei para o Vasco e virei lateral de novo (risos)".

E que história é essa de que você tinha que madrugar para chegar ao treino do Vasco?

"Assim...Eu tinha que estar no Vasco sete horas da manhã. Eu acordava três e meia da manhã para ir. Às vezes nem dava tempo de tomar café da manhã. Eu ia de ônibus e às vezes até em pé. Chegava lá umas seis e meia. Era mais de uma hora e meia de viagem de Itaguaí para São Januário. Todos os dias eram assim. Chegava em casa às seis horas da tarde ou até mais devido ao trânsito. Aí só tinha tempo de jantar e dormir".

Quais são suas características como lateral? Em quem você se inspira?

"Minhas principais características são a força, o passe e a velocidade. Na minha posição eu me inspiro muito no Maicon. Acho meu estilo de jogo parecido com o dele".

O que você espera da temporada de 2013?

"Espero que seja um ano vitorioso. Eu espero bem nas competições do juniores para poder receber uma oportunidade no time profissional".

O que representa o Vasco para você?

"Representa tudo, É um clube Gigante e que está me dando a oportunidade de fazer o que eu mais amo: jogar futebol".

Que mensagem você deixa para a torcida vascaína?

"Torcida, pode esperar de mim. Sempre que estiver em campo terei muita garra, dedicação e empenho para ajudar o Gigante da Colina na conquista de muitos títulos. Não deixem de acreditar na base".

Com informações do programa 'Só dá Base/Só dá Vasco'







Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco