O grupo DIS entrou na negociação por Dedé e costurou um novo acordo para o jogador, que deixou para trás a Liga, empresa gaúcha que detinha 45% dos seus direitos econômicos. Os detalhes do contrato atualizado do zagueiro serão anunciados pelo Vasco em uma entrevista coletiva nesta sexta, e o clube carioca se vê fortalecido. Só que o bom trânsito dos investidores com os cruzmaltinos e o Corinthians, possível destino do atleta, ainda mantém a negociação aberta.
A entrada da DIS se deu na última quarta-feira, em uma reunião no Rio de Janeiro. O experiente grupo, conhecido por ter participações de jogadores de peso como Ganso e Neymar, substituiu a Liga Participações na composição dos direitos econômicos do zagueiro. Até então, ele era “fatiado” entre Vasco (45%), Liga (45%) e Villa Rio (10%).
O novo contrato de Dedé não significa, necessariamente, uma renovação de seu compromisso com o Vasco. Em meados do ano passado, o zagueiro assinou com o clube cruzmaltino até o fim de 2015, com uma multa rescisória para o mercado de R$ 70 milhões e R$ 250 mil mensais de salário. Essas datas e valores se mantêm.
Na verdade, a reunião da última quarta selou uma revisão dos termos que orientavam o contrato anterior. O acordo antigo previa, entre outras coisas, que o clube carioca liberasse o zagueiro caso o parceiro comercial apresentasse uma proposta de 7 milhões de euros (R$ 19 milhões). A outra opção seria exercer seu direito de prioridade pagando o valor correspondente em um período pré-definido, que extra-oficialmente foi divulgado como sendo de 30 a 60 dias.
A nova composição dos direitos de Dedé animou o Vasco a tratar a apresentação do novo diretor-geral, Cristiano Koehler, como um evento especial. Trabalhando no clube desde o fim do ano passado, o cartola falará em entrevista coletiva nesta sexta-feira e promete explicar os novos detalhes sobre a situação de Dedé.
“O contrato já mudou. Alguns prazos e cláusulas foram substituídos. É o contexto de uma relação muito maior. Tudo o que é falado causa repercussão e chama atenção. Por isso, o Vasco trata o assunto Dedé com toda a cautela. Vamos preservar essa situação. É um trabalho intenso nos bastidores”, disse Koehler, que fez questão de que fosse o Vasco, e não qualquer outro envolvido, o responsável pelo anúncio.
“Sou apenas o advogado do grupo, então não posso te adiantar nada. O Vasco pediu a primazia da informação”, explicou Fernando Carvalho, ex-dirigente do Inter e hoje parceiro da Liga Participações. “Não quero comentar esse assunto até o fim da negociação”, disse Meer Kaufmann, dono do grupo de investidores.
Desde o início do processo, o Vasco vê com maus olhos a possibilidade de negociar Dedé. Em uma situação política frágil, o presidente Roberto Dinamite sabe que enfrentará a ira da torcida se negociar o ídolo depois de ter perdido jogadores como Fernando Prass, Alecsandro, Felipe e, principalmente, Juninho Pernambucano.
As conversas, no entanto, ainda estão abertas. O UOL Esporte apurou que a Liga, no início das negociações, pressionou para que Dedé deixasse o Vasco, o que teria desagradado o clube carioca. Como a DIS tem boa relação com todas as partes envolvidas, poderia facilitar um acordo amigável para a saída do jogador, seja agora ou no meio do ano.
O destino mais provável segue sendo o Corinthians. Os atuais campeões mundiais vivem um drama com a lesão de Chicão e têm poucos zagueiros no elenco. Oficialmente, o clube nega ter conversado com qualquer parte envolvida nas conversas. Os dirigentes apenas ressaltam que se Dedé vier com a ajuda de investidores, praticamente de graça, ele interessa.
As pessoas que compõem a negociação dizem que a participação do Corinthians, no entanto, é mais ativa do que os cartolas querem fazer parecer. Na reunião que definiu a nova composição dos direitos de Dedé, por exemplo, duas pessoas se apresentaram como representantes do clube paulista, que na mesma hora jogava em São Paulo, sob os olhares de seus principais dirigentes de futebol.
Os emissários seriam empresários autorizados a falar pelos atuais campeões mundiais. O próprio empresário de Dedé, Giuliano Aranda, já admite que o interesse corintiano é “inegável”, embora reafirme que o jogador nunca falou diretamente com o clube.
Dedé assiste a tudo de longe e já não descarta mais uma saída para o mercado interno. Na última quarta, por exemplo, ele agradeceu os pedidos da torcida do Vasco para que ficasse e à proposta do Corinthians, mas não disse qual será seu destino.
“Não tenho como descrever esse carinho da torcida. É só emoção. Cresci bastante no Vasco e agradeço ao Corinthians pela proposta, pois eles me valorizaram bastante. Sou feliz no Vasco e tenho que agradecer ao que fizeram hoje [quarta-feira]. Foi brincadeira. Só quero jogar e agradar a instituição Vasco da Gama”, disse ele.
O maior derrotado com os avanços da negociação foi o Santos. O clube da Vila Belmiro também busca reforços para a defesa e chegou a sonhar com a contratação de Dedé, apostando na influência que Neymar poderia exercer. Só que a entrada da DIS, inimiga declarada da diretoria praiana desde a negociação de Ganso, praticamente inviabiliza o acordo.
Fonte: UOL