No dia em que se recusou a vender o zagueiro Dedé para o Corinthians e venceu o Macaé por 4 a 2, o Vasco inaugurou uma cartilha na tentativa de acabar com a chamada “farra do vestiário” nos jogos em São Januário. Na última quarta-feira, o diretor executivo René Simões determinou as regras e isolou o local de trabalho dos jogadores. O dirigente detectou focos de desatenção e colocou a ideia em funcionamento. A partir de agora, o objetivo é que o vestiário seja frequentado apenas por atletas e membros do departamento de futebol envolvidos nas partidas.
Na Colina histórica, a circulação de vice-presidentes, conselheiros, artistas e sócios é fato comum no vestiário antes e após os jogos. Pedidos por fotos, autógrafos e até bate-papos se tornaram constantes nos últimos tempos. Incomodado, René Simões chamou a responsabilidade e anunciou as mudanças antes do confronto contra o Macaé pela Taça Guanabara.
O diretor executivo de futebol determinou que apenas atletas e membros da comissão técnica escalados para o jogo possuem acesso ao local. A entrada de pessoas não relacionadas ao trabalho só será autorizada 50 minutos após o encerramento da partida do dia. As regras estão valendo e têm por objetivo profissionalizar o departamento de futebol e promover a manutenção da concentração dos jogadores antes dos compromissos.
“Você percebe o atleta desconcentrado. Isso atrapalha bastante. Tomei a decisão. O meu trabalho é esse. Fui contratado pelo presidente [Roberto Dinamite] para cuidar do futebol. Entra um para conversar, outro para tirar foto, autógrafo... Quando vê a partida já vai começar. O vestiário é um local de trabalho e precisa ser tratado como tal. Só deve entrar quem está escalado para o jogo. Você vai ao dentista e não ficam cinco pacientes em volta da cadeira esperando. Vai ao advogado e não discute o processo com outros cinco clientes. É uma questão profissional”, explicou ao UOL Esporte.
Além do pré-jogo, as repercussões dos resultados também preocupam o dirigente. “O jogador sai de uma partida com a cabeça quente. Às vezes, besteiras são ditas. Com mais gente no vestiário fica ainda mais fácil vazar e criar situações desnecessárias. Todos podem entrar depois de 50 minutos. Antes é um momento de o elenco comemorar ou desabafar. Esse espaço precisa ser respeitado. É sagrado. O Vasco tem problemas e lutamos para resolvê-los a cada dia”, concluiu.
René Simões foi um dos últimos a deixar o estádio na noite da última quarta-feira. Antes, o diretor ainda conversou com torcedores e dirigentes. Satisfeito, desejou “boa noite” aos que circulavam pelo estacionamento e mostrou-se convicto em ter dado mais um passo para a reconstrução do Vasco.
Fonte: UOL