Com a perspectiva de receitas menores pela renovação de suas concessões, algumas subsidiárias da Eletrobras já iniciaram programas de redução de despesas, antes mesmo de o comando da holding aprovar o novo plano de negócios do grupo para readequar os custos à nova realidade do setor elétrico.
Formalmente, a Eletrobras ainda está analisando onde cortar despesas e até o fim do primeiro trimestre deve aprovar um novo plano de negócios. Uma fonte graduada da empresa informou que o pacote geral de cortes ainda não chegou às mãos do Conselho de Administração da holding estatal.
Algumas controladas e até a própria holding, porém, já começaram a buscar economias. É o caso da geradora e transmissora de energia Chesf. Segundo uma fonte da companhia, a meta é reduzir o custeio anual em cerca de R$ 200 milhões, o equivalente a 20% do total. Além de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), a empresa tem cortado horas extras e verbas com viagens.
"Já estamos fazendo ajustes. Tem coisa que não muda do dia para a noite", disse a fonte, sob condição de anonimato.
Em setembro do ano passado, a Chesf anunciou a suspensão, por tempo indeterminado, do recebimento de propostas de patrocínio.
Quem também está cortando patrocínios é a própria holding Eletrobras. Segundo uma terceira fonte no grupo, o contrato anual de R$ 16 milhões com o Vasco da Gama deve ser cancelado.
No basquete, reduções estão a caminho. Em 2012, a holding aportou R$ 16,2 milhões à Confederação Brasileira de Basquete (CBB), liga nacional masculina de basquete (NBB), liga feminina e basquete Master. Para 2013, deverão ser cancelados os patrocínios às ligas. Segundo a fonte da empresa, restará apenas o apoio às seleções da CBB, mas há negociações para reduzir o montante.
Na Eletrosul, a tesoura também começou a agir e os cortes atingiram dois dos principais times de futebol de Santa Catarina. A empresa encerrou, em dezembro, os contratos de patrocínio com Avaí e Figueirense, que somavam cerca de 6,1 milhões de reais por ano, segundo a assessoria de imprensa da estatal.
Também em dezembro, a Eletrosul anunciou o cancelamento dos editais de patrocínios sociais e institucionais que valeriam para 2013, economizando outro 1,5 milhão de reais.
Meses antes, em setembro, a geradora e transmissora Furnas divulgou um plano para reduzir o quadro de funcionários em mais de um terço e cortar despesas operacionais para melhorar os resultados.
Na ocasião, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, explicou que o programa de reestruturação em Furnas estava em andamento havia um ano e meio, tendo sido iniciado quando o governo federal sinalizou que a renovação das concessões elétricas seria onerosa às empresas, com queda de tarifas aos consumidores.
Pessoal na holding e distribuidoras
Uma das fontes disse que uma das maiores dificuldades será fazer ajustes nas despesas de pessoal da holding. Apesar de não ser uma empresa operacional, ela tem atualmente cerca de 1.300 funcionários.
"Não tem muito sentido a holding ter um quadro muito cheio, já que ela tem as subsidiárias operacionais. A holding tem de ficar é com os grandes números, as estratégias", disse esse executivo do grupo.
Diferentemente de estatais estaduais como Cemig e Cesp, e contra a vontade de parte dos acionistas minoritários, a Eletrobras aceitou integralmente a proposta de renovação das concessões de geração e transmissão apresentadas no ano passado pelo governo. A prorrogação antecipada das concessões elétricas foi condicionada à redução das receitas, com a exclusão da remuneração dos ativos que já haviam sido amortizados.
Outra questão que continua na pauta da Eletrobras e que pode ajudar na redução de custos é a possibilidade de vender o controle das seis distribuidoras federalizadas, tradicionais acumuladoras de prejuízos que pesam no balanço do grupo. Segundo uma das fontes, uma possibilidade em análise seria vender o controle, mas manter a Eletrobras como sócia minoritária das empresas, até para poder recuperar, com a gestão privada, o dinheiro injetado nessas distribuidoras.
As distribuidoras atuam no Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas, Alagoas e Roraima e, segundo a própria Eletrobras, só devem sair do vermelho a partir de 2014. A reestruturação da Eletrobras foi discutida na segunda-feira em Brasília pelo presidente da empresa e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Fonte: Terra