Como diretor, Ricardo Gomes revela que não quis contrato com o Vasco

Segunda-feira, 21/01/2013 - 08:08

Quase um ano e cinco meses após o susto causado pelo AVC, Ricardo Gomes já contabiliza mais de dois meses no cargo de diretor técnico do Vasco e não esconde os planos para a sequência da carreira. O desejo de retornar ao trabalho no banco de reservas move a recuperação. Tanto que recusou a assinatura de contrato com o Cruzmaltino na nova função e assegura que estará novamente na área técnica após a Copa do Mundo de 2014.

Ricardo Gomes conversou com a reportagem do UOL Esporte na véspera da estreia do Gigante da Colina no Campeonato Carioca - 3 a 0 sobre o Boavista. Esbanjando simpatia, o agora cartola falou sobre a recuperação, Neymar, Dedé e seleção brasileira. Confira a entrevista com o diretor técnico do Vasco.

Ausência de contrato com o Vasco após dois meses de trabalho

“Temos um acordo de cavalheiros. Não precisa de contrato. O Vasco foi muito correto comigo. Saí em 28 de agosto de 2011 e cumpriram com o compromisso até o fim. Não precisa de mais nada. Deram muitas provas da correção. O Roberto [Dinamite, presidente] propôs um contrato de um ano, dois anos, na minha volta... Não foi necessário. A minha função pode funcionar, como também não acontecer. Não vou deixar o presidente preso por causa disso”.

Retorno definitivo ao trabalho no banco de reservas

“Não será este ano, com certeza. Dizem que para zerar o AVC leva entre três e quatro anos. Espero recuperar no tempo mínimo. No meio de 2014 quero voltar a ser treinador, logo depois da Copa do Mundo. Mas posso gostar dessa função de diretor técnico (risos). Ninguém sabe o dia de amanhã. Penso nos planos pequenos e deixo os grandes planos para Deus”.

Recuperação e desafio no comando do Vasco da Gama

“Ainda falta o lado direito melhorar, está um pouco pesado. A fala também, mas dá para trabalhar. Tem essa resistência se vou curar 100%. Isso não tem estudo, mas a previsão é a de que cure totalmente. Vou trabalhar diariamente por isso. Estou satisfeito com a minha recuperação. Vale muito a pena voltar ao esporte. O fato de o AVC ter acontecido em um jogo não tem nada a ver com o futebol. É uma coisa hereditária. Por isso, voltei ao futebol com uma função diferente, mas é o que gosto e sei fazer de melhor”.

Mudança de rotina

“Mudou muito. Hoje, a saúde é primeiro lugar. O trabalho vem depois. Tenho que acordar mais cedo para fazer exercícios. Levo uma vida mais regrada na alimentação e tomo remédio contra hipertensão. Essa é a mudança significativa para melhorar a parte aeróbica. Não fazia isso antes do AVC”.

Entrosamento com o técnico Gaúcho nos jogos

“Antigamente falava-se pelo rádio. Essa história não existe mais. Não é a questão agora. O Gaúcho tem condições e liberdade para tocar o trabalho. Só em uma situação extraordinária que vamos nos comunicar durante os 90 minutos. Ele conhece futebol muito bem para isso. Ficamos com a parte técnica, enquanto o René [Simões] cuida da questão executiva”.

Brasil: 18º no ranking da Fifa

“Esse ranking não diz muita coisa. O futebol mudou muito dos anos 90 para cá. Os clubes brasileiros ainda estão se adaptando as mudanças econômicas. Já vi jogador amador e profissional ficar menos de dois meses em um clube. Estamos nos reencontrando. A posição de 18º é apenas uma fase. Hoje os clubes tem uma visão melhor. Por isso, o Brasil voltará a ser o número um em cerca de dez anos pelos títulos e formação de jogadores”.

O papel de Neymar no futebol atual

“O Santos conseguiu segurar o Neymar. Isso faz diferença. A formação muda. Os jogadores vão ficar no Santos com o Neymar simbolizando uma estrutura montada. Certamente novos atletas irão surgir. Isso é muito especial. O Neymar é o símbolo da reviravolta do futebol brasileiro. O Romário saiu cedo do Vasco, o Ronaldo Fenômeno... A situação mudou. Por isso, a seleção voltará a ser forte”.

Permanência de Dedé em meio ao caos financeiro

“O Dedé está seguindo esses passos do Neymar. Segurá-lo junto aos principais jogadores formados no clube faz a diferença. Não era fácil acontecer antes. A coisa mudou e a parte econômica tomou outro rumo. Os clubes estão se reencontrando no mercado e entendendo bem o futebol".

CONFIRA A PREPARAÇÃO DE RICARDO GOMES PARA A TEMPORADA 2013

Diretor técnico do Vasco, Ricardo Gomes participa da primeira pré-temporada após o AVC sofrido em agosto de 2011. O profissional tem mostrado a serenidade habitual dos tempos de jogador e treinador. Mas o retorno ao trabalho tem curiosidades observadas quase que diariamente. Gomes não abre mão de um passeio pelo CT João Havelange, conversa bastante com o técnico Gaúcho na busca pela melhor formação do time, e possui no preparador físico Luiz Otávio um fiel escudeiro. Ricardo Gomes não abandonou a delegação nem um dia sequer em Pinheiral, interior do Rio de Janeiro, sede da pré-temporada cruzmaltina. Ainda em fase final de recuperação do grave problema de saúde, o profissional aceitou o convite do Vasco e tem trabalhado bastante para solucionar os problemas e colocar a equipe de volta ao rumo após um 2012 conturbado.

Fonte: UOL