O nome do empresário Carlos Leite volta ao mercado com força total ao entrar de cabeça na nova gestão rubro-negra. No Flamengo, de quatro reforços até agora, três tiveram participação direta dele, que é vascaíno e se distanciou recentemente de São Januário. Segundo Leite, nada de desavenças com o presidente Roberto Dinamite, mas ocasião de transações apenas. Na entrevista abaixo, ele comenta o papel do diretor Paulo Pelaipe no Flamengo e rebate críticas e desconfianças sobre o seu trabalho: ‘As pessos precisam entender quem trabalha correto e quem não trabalha assim. Empresário de jogador não é sinônimo de picareta’.
Jogo Extra: Como houve essa aproximação com o Flamengo?
Carlos Leite: Não começou agora minha relação com o Flamengo. Ano passado trouxe o Ramon, do Corinthians. Mas antes já tive outros jogadores, como o Renato Augusto (meia), o Cristian (volante), o Souza (atacante). Hoje, também tenho o Lucas, o Camacho, o Frauches. Tenho boas relações com os clubes. Sempre sou muito direto, transparente.
Mas há uma aproximação maior agora nessa gestão? Como aconteceu isso? Influência do Pelaipe?
Tenho relação com o Paulo (Pelaipe) desde 2005, no Grêmio. A partir dele, tive contato com o Wallim (Vasconcellos, vice de futebol), com o (Flavio) Godinho (vice de relações externas). Mas essas condições (de ter mais relações, negócios) depende do momento financeiro do clube, das coisas se encaixarem em determinadas situações.
Verdade que você emprestou o dinheiro para a aquisição de 50% do Gabriel para o Flamengo?
Não é verdade. Não sei te dizer quem foi, como o Flamengo organizou o negócio, quem esteve envolvido.
Hoje seu papel no Flamengo é parecido com o que teve no Corinthians, no Vasco... (interrompe)
No Grêmio, em 2005 e 2006... Eu sou um amante do futebol. Gosto de desafios. Procuro sempre ajudar, atrapalhar eu não vou. No Flamengo as coisas se encaixaram agora um pouco melhor do que antes (na gestão da Patrícia Amorim). Não havia uma aproximação como tem agora, mas tinha negócios já.
A vinda do Wallace pode ser encarada como contrapeso a Elias e Gabriel?
Nunca trabalhei dessa forma. Tudo depende do momento de cada clube. Os reforços que o Corinthians teve em 2008 são totalmente diferentes do que conseguiram depois. A mesma coisa o Vasco em 2009, que só tinha cinco jogadores de linha e três goleiros. Se eu coloquei dessa forma, “ah, para levar um jogador tem que levar outro meu”? Não, não tem isso. Agora, por exemplo, dos três reforços do Corinthians, o Gil e o Renato Augusto eu que trouxe. Somente o Pato que não. 66% foi com minha contribuição. No Vasco, em 2009, era um nível de reforço, depois foi outro. Trouxe Eder Luis, Diego Souza. As pessoas veem que existe seriedade no negócio. Se o jogador dá certo ou não, isso não tem nada a ver com o representante. O meu trabalho é outro.
Você se afastou do Vasco, houve problemas com o presidente Roberto Dinamite?
Não tenho problema algum com o Vasco, continuo fazendo negócios lá. Não tenho relação ruim com Roberto. São coisas normais do futebol. As oportunidades se encaixam numa realidade, em outras não.
Você tem boa relação com o Cristiano Koehler (novo diretor geral do Vasco). A volta dele ajuda na sua reaproximação com o Vasco?
Não deixei de trabalhar com o Vasco. Acontece que algumas coisas não se encaixaram, alguns atletas não se enquadram no padrão financeiro do clube hoje.
O Vasco ainda te deve dinheiro?
Não, não deve absolutamente nada. Cumpriram tudo comigo. Trabalho com quase todos clubes. Agora negociei o Vitor Junior (ex-Botafogo) e o Fellipe Bastos (ainda no Vasco) com o Internacional. Negociei outros com Vitória, com Cruzeiro. O que acontece é que as pessoas querem botar todo mundo no mesmo saco.
Como assim?
Não devo R$ 1 para a Receita Federal, declaro meu imposto de renda, tenho endereço fixo. Falam muito dos empresários, mas as pessoas têm que saber, entender e saber quem trabalha correto e quem não trabalha correto. Empresário de jogador não é sinônimo de picareta. Lá fora, na Europa, é bem visto o agente. Aqui no Brasil tem preconceito. No futebol, infelizmente, as pessoas acham que todo mundo vai levar algo de “esquema”. Ninguém falou nada quando o Dunga (ex-técnico da seleção) convocou o Lucas Leiva para a seleção, mas quando foi o Mano Menezes (técnico que Leite representa) todo mundo meteu o pau. Estou há 10 anos na profissão. Precisa haver mais respeito com os representantes.
Como vê essa nova direção do Flamengo?
Vejo que são pessoas gabaritadas, comprometidas, não que antes não fossem, que têm chance de fazer as coisas acontecerem bem. E agora calhou de trabalhar mais com eles. O Pelaipe não foi indicação minha, até fiquei surpreso quando ele chegou. Eu não tinha relação com nenhuma dessas pessoas novas (do Flamengo). São vitoriosas nas suas profissões e acho que vão bem de procurarem gastos mais profissionais nos clubes. Tomara que todos sigam assim.
Fonte: Extra Online