Carlos Alberto: 'Fiquei muito chateado com o clube quando racionaram o pagamento'

Quarta-feira, 16/01/2013 - 10:36

Autêntico e um dos jogadores mais experientes do Vasco, Carlos Alberto possui voz ativa com elenco e diretoria. Mesmo com quase seis meses de salários atrasados, o jogador tem se empenhado na pré-temporada realizada em Pinheiral, interior do Rio de Janeiro, e deu uma pausa nas atividades para conversar com a reportagem do UOL Esporte. Entre os temas abordados, o camisa 10 descartou a possibilidade de reduzir o salário até o final do contrato atual - 2 de agosto de 2013.

“Isso não existe. Não tem condição nenhuma. Estou aqui, tenho o meu contrato, vou cumpri-lo, e o Vasco vai cumprir o que é devido”, afirmou.

A questão chegou a ser levantada pelo diretor executivo René Simões e foi prontamente rechaçada pelo atleta. Além disso, Carlos Alberto pediu transparência e clareza nas questões envolvendo o relacionamento diário e prazo para quitar as dívidas. Ele não escondeu o desapontamento em razão de a diretoria ter racionado o pagamento do elenco no final do ano passado. Ainda durante o bate-papo, o meia projetou o futuro e assegurou que pretende atuar por mais dez anos antes da aposentadoria. Confira abaixo a entrevista:

Salários atrasados e seis meses sem receber

“A situação do Vasco não é a ideal. Vou completar seis meses de salários atrasados. São coisas que fiz no futebol e me permitem segurar durante esse tempo sem receber. Não me assusta, mas lógico que dependo do dinheiro. Quero receber e trabalhar. Mas me preparei para viver isso. Tudo o que faço penso nos meus filhos e muita gente depende de mim. Os exemplos estão aí. Jogadores que tiveram oportunidades e hoje vivem em situação delicada. Não conseguiram administrar”.

Pagamentos para somente alguns jogadores ao final de 2012

“Fiquei muito chateado com o clube quando racionaram o pagamento. Podiam até não me pagar, mas precisava de uma satisfação. Fiquei sabendo só depois pelo René [Simões, diretor executivo de futebol]. Não recebi e nem por isso fui reclamar na imprensa e expor o clube. Posso ter cometido vários erros, mas nunca fiz isso. O dia que tiver que resolver alguma coisa será direto com a diretoria. O clube não me expõe e não exponho o clube. É uma parceria. Depois teve esse papo comigo e aceitei numa boa. Com satisfação você recebe melhor as coisas. É um jogo limpo e de transparência. Precisa ser assim. Me disseram que não seria constante e concordei. O pessoal recebeu dois salários no final do ano e não recebi nenhum. Estão tentando resolver. Mas sou tranquilo e não vou deixar de estar aqui bem humorado e trabalhar para cumprir as minhas obrigações”.

Possibilidade de redução salarial pela crise financeira do Vasco

“Isso não existe. Não tem condição nenhuma. Estou aqui, tenho o meu contrato, vou cumpri-lo, e o Vasco vai cumprir o que é devido. Só pode acontecer se você encerrar o contrato e promover outro na renovação. No compromisso que está assinado não tem como. Me desculpe quem ficar chateado, mas não existe possibilidade. É zero. Não adianta nem criar esse fantasma. Depois, quando acabar o compromisso atual, eles podem propor o contrato que quiserem. Posso aceitar, ou não. Não adianta criar história. Não reduzi nada e tive a promessa de que as coisas seriam cumpridas comigo”.

Amadurecimento na carreira e conselhos aos mais jovens

“O tempo passa. Sou pai de dois filhos e você analisa muita coisa. O legal quando você dá um conselho é a humildade do outro lado. Sou um cara que todos consideram vencedor na profissão e isso faz parte das coisas que vivi, inclusive erros cometidos. Acho bacana e sempre gostei de trocar experiências quando era mais jovem. Sou totalmente identificado e gosto do Vasco. Estou disposto a abraçar essa causa e mudar o momento adverso que vivemos”.

Trabalho com psicologia

“Essa questão é importante. Gosto muito do trabalho. Foi uma área que me ajudou. Me sinto menos ansioso com as coisas que estão acontecendo e controlo mais os meus limites. Isso tem sido muito bom e vou levar para a vida inteira”.

Planos para a aposentadoria

“Estou com 28 anos e vou jogar mais uns dez anos, no mínimo. Quero que meus filhos me vejam atuando. Aprendi muito com o Juninho enquanto estava no Vasco. Tem o Deco, Seedorf... Espelhos não faltam. Peguei esses exemplos e estou fazendo medicina ortomolecular. Me cuido muito melhor hoje para não perder a questão física. Mas é bom projetar o pós-parada. Tenho outras coisas que faço fora o futebol. Investimentos em imóveis e estou montando um negócio que ainda não posso falar. Vou viver bem quando parar. Nunca quis ostentar e será assim”.

Objetivo de voltar a exibir o futebol de 2009

“Não gosto de viver o passado. Carrego as coisas para melhorar. Estou bem positivo. O ano de 2009 foi legal, mas infelizmente a vida não é da forma que planejamos. Tenho novamente a oportunidade de conquistar títulos em 2013. Fica difícil prometer, mas o meu empenho e dedicação serão maiores do que em todos esses anos. A alegria é a conquista. Não quero chegar em quinto no Brasileiro. As pessoas só lembram dos grandes feitos. O ano passado foi ruim e não adianta querer tirar da cartola um quinto lugar. Para o futebol brasileiro isso não serve. Precisamos fazer diferente”.

Carlos Alberto criticou o racionamento, mas esbanjou confiança no Vasco em 2013


Fonte: UOL