Revelados pelas categorias de base do Vasco da Gama, Mauricinho e Catarino surgem como grandes promessas em meio ao processo de renovação que vem sendo implantado na seleção brasileira de futebol de areia. Recentemente, os "Meninos da Colina" apareceram na lista de 25 convocados para a pré-temporada da amarelinha. Agora, esperam figurar entre os 15 que irão compor o elenco para a Copa América, de 18 a 20 de janeiro, em Santos. O grupo ainda permanecerá no litoral paulista para a disputa da Copa das Nações, entre os dias 25 e 27 do mês.
- A seleção brasileira está no caminho certo, a mescla de experiência e juventude é o caminho para que ela volte ao lugar de onde nunca deveria ter saído. E o Júnior Negão conhece o futebol de areia mais do que ninguém, ganhou tudo na seleção e sabe falar a língua dos jogadores. Além disso, ele tem um espírito de vitória que será muito importante para motivar ainda mais o grupo. Estou realizando, mais uma vez, o sonho de defender o Brasil e sei que milhões gostariam de estar no meu lugar. Vou treinar muito e fazer de tudo para ficar entre os 15, mas quero o melhor para a equipe, e falo isso também como torcedor - afirmou Mauricinho, que foi convocado pela primeira vez, no ano passado.
A estreia no time principal do Vasco ocorreu na Copa Brasil, vencida pelo "Trem Bala da Areia" no início do ano passado, em Manaus. Aos poucos, os novatos foram ganhando o seu espaço até brilharem no segundo Mundialito, que reuniu clubes de tradição como Barcelona, Milan, Boca Juniors, Flamengo, Botafogo e Lokomotiv. O bom desempenho depertou a atenção de olheiros do Inter de Milão, que os contraram para a disputa da Liga Super 8, ao lado de Roma, Lazio e outros grandes do futebol de italiano. A competição contou com quatro etapas - Roma, Baia Domizia, Riccione e Vasto -, e os brasileiros ajudaram a equipe a conquistar o lugar mais alto do pódio.
A chegada dos atletas ganhou destaque no site do Nerazzurri com a manchete: "Inter vai dançar samba". E foi no embalo do samba, do funk e até do sertanejo que os cariocas "quebraram o gelo" e agilizaram o entrosamento com os novos companheiros.
- Logo que chegamos, eles pediram para ensiná-los a sambar. Aproveitamos para fazer algumas comemorações criativas depois dos gols, dançamos aquelas clássicas "Ai, se eu te pego" e ainda ensinamos um pouco de funk, um ritmo que nós gostamos. Formamos uma família e grandes amigos, esperamos voltar lá neste ano para disputar novamente o Super 8 - disse Catarino, de 22 anos, que deu os primeiros passos na carreira nos gramados, em times da terceira divisão, mas se encontrou nas areias. Ele foi levado por Júnior Negão, ex-coordenador técnico do Vasco, para as categorias de base do time da Colina, assim como aconteceu com Mauricinho.
Para superar as dificuldades com o idioma na primeira viagem, a dupla cruz-maltina recorreu à mímica. Depois, criou um dicionário básico com as palavras mais utilizadas e aproveitou para dar uma aulinhas de portugês aos novos amigos. Mauricinho foi o que mais se adaptou ao italiano e virou o intérprete oficial do Vasco no Inter de Milão.
- A comunicação no início foi difícil, era mímica, gestos, mas, aos poucos, a gente foi se adaptando. Aprendemos o básico, como "oi, tudo bem", "ciao, va bene?", e desculpa, que é "scusa". Ensinamos também algumas gírias cariocas, como "e aí, meu cumpade?", "tá maluco, rapá?", "coé" e "tranquilão". Quando eles falavam mais devagar, dava para entender melhor - contou o atacante de 23 anos, que defendeu recentemente o Al Ahli, dos Emirados Árabes.
Após a temporada de dois meses no Velho Mundo, Mauricinho tinha dois grandes desejos, trocar as macarronadas e risotos pelo bom e velho arroz com feijão, e superar um de seus maiores temores.
- Eu morro de medo de avião e não gosto nem de sentar na janela para ver o que está se passando lá embaixo. Eu fico muito inquieto, basta uma balançada que eu já fico morrendo. Agora já viajei mais, mas acho que não importa o número de vezes, eu sempre terei pavor.