O choro pelas sucessivas contusões e, também, pelo rebaixamento de 2008 está na história. E, neste domingo, é bem possível que Pedrinho chore mais uma vez. Mas de emoção. Ele reforçará o Vasco no amistoso contra o Ajax, da Holanda, a partir das 17 horas, em São Januário. Será o fim de uma carreira de total identificação com o clube cruzmaltino pelo qual Pedrinho foi campeão da Libertadores (1998), da Mercosul (2000) e bicampeão brasileiro (1997 e 2000).
Futuro
Minha mulher e eu temos duas lojas de mate. Temos também uns imóveis. Graças a Deus, fiz meu pé de meia. E tenho alguns atletas. O mais conhecido é o Rafinha, do Coritiba. Mas não gosto de ser empresário. Quero ser comentarista. Espero ter uma chance nesse meio.
Jean Elias
Nunca crucifiquei esse jogador, apesar do rompimento dos ligamentos do meu joelho (em 1998). Assisti várias vezes ao vídeo e o que posso dizer é que usou uma força desproporcional. Mas ele tocou na bola, sim. Apenas achei estranho ele não ter me ligado. A gente se cruzou uma vez, eu no Palmeiras e, ele, no América-MG. Não falou comigo. Recentemente, ele disse numa entrevista que tinha vergonha. Fiquei com pena. Aquela contusão aconteceu dois dias depois de o Luxemburgo me convocar para a seleção.
Contusões
Após essa lesão de 1998, rompi novamente o ligamento do joelho. Acho que aquilo gerou um desequilíbrio no meu quadril. Mas, no Santos, fazendo um trabalho com o Filé, joguei 60 partidas em 2007, mesmo já com 31 anos. Mas, ali, eu já estava rotulado. Para ninguém me chamar de bichado, treinava mesmo com dor muscular. Isso agravava o problema. Gerava contusões.
Embaixadinhas
Todo mundo fala até hoje dessas embaixadinhas contra o Flamengo, em 2000. Foi um jeito de dominar a bola. Um recurso. Não me arrependo.
Arrependimento
Tenho um: ter treinado demais. Acho que o excesso de treino contribuiu para que tivesse tantas lesões. Nunca treinei 99%. Sempre treinei 100%. Se tinha que fazer um tiro de 300 metros, eu dava a vida. Mas não tinha estrutura muscular para tanto. No Santos, o (Antônio) Melo (preparador-físico) fechou a academia quando descobriu que eu treinava escondido.
Amigos
Não tenho inimigos. Dizem que se conta nos dedos as amizades no futebol. Mas, meus amigos não cabem nos dedos. Felipe é o maior deles. É mais do que um irmão. Temos treinado juntos desde que foi afastado. Passamos parte das férias em Miami.
Jogo mais marcante
A final da Libertadores foi o jogo mais importante. Mas os mais marcantes, devido ao meu desempenho individual, foram a vitória de 5 a 1 sobre o Flamengo em 2000 e os dois jogos das quartas de final da Libertadores, contra o Grêmio.
Pior derrota
Foi aquela do gol de falta do Petkovic, em 2001. E, também, a do rebaixamento (para o Vitória), em 2008.
Rebaixamento
Somando todas as vezes em que entrei em campo na campanha do rebaixamento, só vai dar dois jogos. O Renato não me botava pra jogar. Fiquei de mãos atadas.
Melhor técnico
Antônio Lopes foi o que me ensinou muitas coisas. O melhor de todos foi o Vanderlei Luxemburgo. O que me deu oportunidade no futebol foi o Zanata.
Pior técnico
Ah, houve um. Mas eu prefiro não falar.
Decisão de parar
Se eu falar pra você que não passa pela minha cabeça uma certa vontade de continuar, estarei mentindo. Só que já sofri tanto no futebol, que fico com medo. Não vou ser capaz de dar ao Vasco o que o clube merece. Felipe acha que tenho condição ainda. Mas, será que me dariam o respaldo necessário? Será que entenderiam que, se eu tivesse uma lesão, seria um fato normal? Quantos jogadores têm problemas? Mas eu não posso ter.
Despedida
Estou com medo de o estádio não estar cheio. Estou mais preocupado com isso do que ansioso pelo jogo. Gostaria que a torcida fosse, não somente por mim, mas pelo momento difícil do Vasco. Os que estão chegando precisam sentir o carinho. Mas não esperem nada de mim. Estou velho e cansado (risos).
Felipe
Acho que ele não vai ao estádio na minha despedida. Pra mim, isso é muito triste. Quando ele voltou para o clube, foi recebido com uma festa da qual eu participei. Fui eu que entreguei a ele a camisa 6.