Se depender de Julio Baptista, o Vasco terá de procurar outro nome para reforçar o ataque. Em fase final de uma cirurgia no tendão de Aquiles, o jogador do Málaga descartou a possibilidade de retornar ao Brasil neste momento e afirmou que, agora, pensa apenas em voltar a jogar e retribuir o apoio que recebeu do clube espanhol após ficar um ano longe dos gramados.
- Ninguém me procurou. Acredito até que exista o interesse, meu clube comentou que alguns clubes vieram sondar, mas não há a intenção de me vender. Nem eu nem as pessoas que trabalharam comigo conversamos com ninguém. No momento, não penso em voltar ao Brasil. A única coisa que estou pensando agora é em voltar a jogar – garantiu Julio Baptista.
O atacante chegou ao Málaga em janeiro de 2011 e teve um bom início, ajudando o time a se livrar do rebaixamento. Depois, porém, sofreu duas lesões graves que o tiraram dos gramados em 2012. Primeiro, teve um problema na coxa; depois, passou por uma cirurgia no tendão de Aquiles. Durante este tempo, recebeu o apoio do clube espanhol, achou conforto na filha Isabella, de um ano e três meses, e agora, prestes a voltar, quer justificar o carinho que recebeu. O objetivo, claro, é retornar à seleção brasileira. Mas brilhando na Europa.
Confira a entrevista completa com Julio Baptista:
GLOBOESPORTE.COM: Você foi especulado como possível reforço do Vasco nos últimos dias. Houve algum contato?
Julio Baptista: Ninguém me procurou. Acredito até que exista o interesse, meu clube comentou que alguns times vieram sondar, mas não há a intenção de me vender, até porque estou voltando de contusão. Nem eu nem as pessoas que trabalham comigo conversamos com ninguém.
Mas você tem a intenção de voltar a atuar no Brasil?
No momento, eu não penso em voltar. A única coisa que eu estou pensando é em voltar a jogar. Tive duas lesões que dificultaram bastante meu ano, e o Málaga foi um time que se comportou muito bem comigo, segue apostando em mim, querendo que eu me recupere e volte a jogar. Só quero poder atuar em grande nível. Por agora não tenho cabeça para voltar (ao Brasil), só daqui a um ou dois anos.
Você não acha que atuando no Brasil teria mais chances de retornar à Seleção?
Eu acho que, se o jogador estiver bem, será visto onde estiver. Eu estou aqui num dos melhores campeonatos do mundo, meu time vem bem nos dois últimos anos, está disputando a Liga dos Campeões. O Málaga tem um time muito bom e, quando eu voltar, poderei demonstrar aqui o que eu sou. Por isso não tenho o pensamento de voltar ao Brasil por causa da Copa. Os treinadores conseguem ver tudo. Pode ser que num campeonato menos visto, no Catar, por exemplo, seja mais difícil, mas acho que posso mostrar meu valor aqui.
Tem também a questão da gratidão ao Málaga?
Eu cheguei aqui e fui muito bem recebido, mas tive a infelicidade de me machucar e estou há um ano parado. Eles poderiam ter má vontade, tentado me vender, mas em nenhum momento aconteceu isso, pelo fato de eles acreditarem que eu posso ajudar o time. Nada mais justo do que eu poder demonstrar por que eles apostaram em mim, retribuindo o carinho, continuando aqui e mostrando o meu valor.
Como foi este tempo longe dos gramados?
É sempre difícil, por mais curta que seja a lesão. Eu tive duas lesões. Quando estava saindo de uma, sofri outra justo quando estava melhorando. Foi na época do nascimento da minha filha, então acompanhei todo este período dela. É duro passar muito tempo sem jogar, você fica naquela expectativa de voltar.
Pelo menos você pôde aproveitar o tempo com sua filha. Serviu de conforto?
Amenizou um pouco o sofrimento da parte profissional. Na parte emocional, da família, com certeza me ajudou. Ela me deu esse toque da alegria que no futebol foi deixada de lado.
Durante este tempo longe do time, o Málaga teve boas atuações e se destacou no Campeonato Espanhol e na Liga dos Campeões. É frustrante ficar fora da equipe neste momento?
É duro, porque você está vendo que o time está jogando bem e gostaria de estar participando e não pode, pelo fato de estar acontecendo isso (a lesão). Fica uma vontade de querer e não poder. Uma certa impotência.
Você chegou ao Málaga assim que o clube foi comprado pelo novo dono (o sheik catari Abdullah Al Thani), que prometia montar uma grande equipe. No início da temporada atual, porém, houve um desmonte e surgiram novos problemas financeiros. Foi difícil?
Foi um período complicado, mas todos os clubes passam por isso. Hoje em dia o clube está muito mais estabilizado. O Málaga teve um momento de incertezas, mas foi logo solucionado. Agora está mais tranquilo, e isso se reflete nas atuações do time.
Os bons resultados em campo foram uma surpresa, depois de tantos problemas?
Não chegou a ser uma surpresa, mas é um fato importante, que deixa todo mundo ver o trabalho que vem sendo realizado. Temos jogadores jovens como Isco e Portillo, que têm muito caminho para percorrer. Todos são pessoas aplicadas, que gostam de trabalhar, de treinar.
Já pensou em voltar justamente na Liga dos Campeões?
Só o fato de poder estar com o grupo me deixa super contente. Voltar na Liga dos Campeões é só um detalhe, mas claro que seria incrível. Estou fazendo o trabalho para jogar no fim de janeiro, poder jogar algumas partidas e começar a recuperar a forma. Talvez no meio de fevereiro eu já tenha jogado e possa participar (da Liga dos Campeões).
Você acha que o time pode chegar longe?
Já demonstramos que somos um time competitivo e, a partir deste momento, em que você passa a enfrentar boas equipes, com qualquer erro você fica fora. O mais importante é não perder este foco e seguir forte.
A possibilidade de suspensão das competições europeias preocupa vocês? Pode acarretar num novo desmanche?
A punição ainda não foi realmente decretada, o Málaga entrou com um recurso. Não tenho ideia se pode haver desmanche, porque isso está muito na frente. O time está super tranquilo, tenta fazer o melhor e esperar. Se acontecer (a suspensão), a gente vai ter de aceitar.
N.R.: O Málaga foi punido com a suspensão de uma temporada dos torneios europeus pela Uefa por conta de dívidas com empregados, outras agremiações ou qualquer autoridade social ou tributária, mas já recorreu da decisão. O clube tem até 31 de março para saldar o débito para evitar ser suspenso também em um segunda temporada. Na atual Liga dos Campeões, porém, a equipe está mantida.
Fonte: GloboEsporte.com