Bernardo, nem de longe, lembra mais aquele jogador que apareceu pela primeira vez na Colina, no início de 2011. Vivendo uma nova fase na carreira, quer deixar o estigma de “garoto problema” para trás. Nos últimos tempos, tantas vezes ouviu que, se colocar a cabeça no lugar, vai longe. E é dessa forma que pretende trilhar seu caminho.
O amadurecimento veio a duras penas. Mas veio. Aos 22 anos, pai de quatro filhos, desde muito jovem tido como grande promessa do Cruzeiro, admite que o “mundo doido” do futebol atrapalha. Por isso a necessidade de se tomar o rumo certo o mais rapidamente possível. Quem sabe, a partir deste ano. Pronto, garante estar.
Em entrevista ao LANCE!Net, em Pinheiral, onde o time faz a pré-temporada, Bernardo, destaques no treinos, falou sobre o momento conturbado que vinha vivendo, uma nova fase na carreira e até em Seleção Brasileira.
Como tem sido esse retorno ao Vasco, após tanta polêmica vivida na temporada passada?
Foi um momento muito chato, mas hoje eu aprendei o que é certo e errado. Faz parte, é uma página virada. Hoje estou chegando com motivação grande. Aprendi muito com o Muricy Ramalho no Santos. Quero buscar aquela confiança, mostrar um bom futebol para essa torcida que merece, mostrar para o Vasco, que não merece o que está passando. Com certeza vai mudar.
Desde que você surgiu no Cruzeiro, o comentário é um só: se o Bernardo colocar a cabeça no lugar, vai longe. Como avalia isso?
Quando falam isso, às vezes concordo sim. A gente é jovem, vive num mundo doido, louco e tem que escolher certo e errado. Mas acho que esse tipo de conselho é bom. Guardo para mim. Se eu tiver cabeça, se eu botar na minha cabeça, vou longe. E quero o ir longe. Tenho talento, qualidade. Se não tivesse isso, seria outra pessoa, seria um trabalhador qualquer. Sei onde quero chegar e isso vai começar no Vasco. Tive uma boa base no Cruzeiro, passei pelo Goiás e aprendi muito aqui. Hoje me sinto diferente, mais maduro, claro que às vezes cometo erros, mas tenho que aprender com isso.
Em que momento você pecerbeu que havia errado com essa história de ter acionado o clube na Justiça e, posteriormente, acertado com o Santos?
Bateu logo depois do jogo. Vou ser sincero, depois que sai, não estava entendendo nada. Fui substituído durante o jogo contra o Volta Redonda e estava todo mundo vaiando. Não entendi nada. Apesar de não ter feito boa partida, estávamos ganhando. Quando cheguei no vestiário, o pessoal falou (que a notícia sobre ter colocado o clube na Justiça havia vazado). Ali que eu botei a mão na cabeça e pensei: meu Deus, o que é que eu fiz. Aí, poxa, fui para o dopping e, quando sai, fui mais vaiado. Meu Deus, foi difícil para caramba...
Você tem quatro filhos e sempre teve uma simpatia grande da criançada vascaína. Sabe o tamanho da responsabilidade que tem com isso?
Hoje vejo que o que fiz em 2011 ficará marcado e as crianças, quando iam a São Januário, era uma gritaria imensa. Cada vez mais entendo o quanto isso é importante, esse carinho. Quanto a meus filhos, não tem nem que falar. Tenho que ser exemplo para eles, para meu pai também, um cara sensacional. Tenho uma família boa, isso ajuda. Tem jogador por aí que tem talento e não consegue ir longe por não ter ninguém do lado, apoiando. Tenho que agradecer a Deus pela família que tenho.
Está pronto para, de repente, substituir um Juninho, um Felipe ou até mesmo um Diego Souza?
Sim, sei do meu potencial. Aprendi muito com esses três, dentro e fora de campo.
Você era reserva do Vasco. Então, está pronto para ser titular?
Estou pronto. Prontísismo.
Você segue mostrando uma personalidade forte...
Quando comecei, no Cruzeiro, era muito quietinho, na minha. Agora vivo outra fase. Se tiver que ser, vai ser. Vou botar a cara, quero vencer na vida, ser um grande pai, um grande homem, um grande jogador. Deixar minha marca no Vasco e, se Deus quiser... Ainda penso em Seleção.
O que a torcida do Vasco pode esperar de você?
Muita vontade, muita raça. Sempre querendo buscar as vitórias. Sempre, sempre. E o torcedor vê isso, gosta do jogador que, pode estar pedendo por 10 a 0, mas está ali se empenhando, buscando o resultado.
No ano passado, em entrevista ao LANCE!Net, você disse que pediria para voltar a vestir a 31. Isso já está definido?
Já defini, sim: vou usar mesmo a 31, tanto que já tenho uma tatuagem com o número. É um número que me deu muita força, caiu bem em mim e espero usar ele, se Deus quiser, pelo resto da carreira.
Fonte: Lancenet