Dedé chegou para a conversa com a reportagem dirigindo o seu carro. E não é qualquer carro. É um carro com a cara de Dedé. Nada de importados ou marcas da moda. O zagueiro tem um Opala, que dirige pelas ruas de sua cidade à vontade, cumprimentando as pessoas por quem passa na rua. De certa forma essa cena ilustra bem a relação do jogador com o seu cantinho preferido no Rio: Volta Redonda.
O carro escolhido a dedo por ele, sem ostentação ou luxo, mostra a personalidade do jogador, que mesmo com o sucesso na carreira faz questão de estar sempre em Volta Redonda, uma cidade com forte pólo siderúrgico, mas longe de ser reconhecida por seus atrativos turísticos. Para Dedé, entretanto, os pontos que importam ali são outros. E nem são pontos físicos. São pontos emocionais.
O jogador gosta de andar pelas ruas perto da sua casa onde encontra com os amigos de infância e volta no tempo contando as suas histórias. De volta à sua casa, encontra o aconchego da mãe, com quem tem uma relação muito próxima. Falar de amigos e família faz o jogador se emocionar.
- Você não conhece minha família e meus amigos. Aqui é meu lar. É aqui que eu me sinto bem. As pessoas às vezes me perguntam por que eu não moro em outro lugar, mas eu não tenho motivos para isso. Volta Redonda só não tem praia, mas tem tudo que eu preciso.
Os resultados em campo fizeram Dedé ter uma situação econômica melhor. Mas isso não o faz querer sair de Volta Redonda nem um minuto. Seja nas folgas ou nas férias, o zagueiro não sai da cidade. E aproveita para estar com os amigos o máximo de tempo possível.
- Aqui em casa, as portas estão sempre abertas. Meus amigos chegam e vão ficando aqui. No outro dia, tinha mais de trinta pessoas aqui de noite. Pessoal vai chegando e entrando. Aqui é casa de todo mundo. Todo mundo se sente bem aqui. Às vezes minha namorada quer viajar, mas eu falo que ela pode até ir sozinha, mas que eu vou ficar aqui com a rapaziada.
A forte relação com os amigos se explica não só pelo fato de ter crescido junto deles, mas também por ter recebido muita ajuda nos períodos mais difíceis de sua vida. Dedé conta que muitas vezes precisou de um ombro amigo para seguir na carreira.
- Eu dou muito valor aos meus amigos mais antigos. A mãe do João Paulo, por exemplo, chegou a ajudar a gente em momentos de dificuldade. Minha mãe trabalhou muito para dar as coisas para a gente e dar a chance de eu ser jogador. Mas tinha momentos difíceis, que a gente precisava de ajuda. Eles me ajudaram. Devo muito a eles.
Amor em Volta Redonda
Além dos amigos e da família, Dedé tem outro forte motivo para gostar de estar sempre em Volta Redonda. A namorada Patrícia também vive na cidade. Aliás, foi lá que se conheceram e começaram a relação que dura há quase cinco anos.
- A gente namora há quase cinco anos, mas se conhecia bem antes. A gente era amigo. Eu ficava com as amigas dela e ela me ajudava (risos). Todo mundo falava que a gente ia acabar ficando junto, mas a gente não percebia. Aí, um dia rolou e estamos juntos até hoje - explica o zagueiro.
- A gente deu o primeiro beijo no sofá lá de casa, do nada. Meus pais não sabiam disso até agora (risos). Nós temos uma relação muito longa e nos conhecemos muito bem. O Dedé faz questão de estar aqui o tempo todo. Às vezes eu até queria viajar, mas ele gosta de ficar aqui, de aproveitar o tempo todo - conta Patrícia.
Além do amor por Patrícia, foi na Cidade do Aço que Dedé também começou a cultivar o amor por futebol. Um de seus incentivadores é o pai de outro filho ilustre de Volta Redonda.
- Foi o pai do Felipe Mello que ficava falando para eu jogar de goleiro porque era alto. Até que um dia ele me viu jogar e disse que eu tinha potencial para ser um bom defensor. Foi a partir daí que eu comecei a acreditar que poderia ser zagueiro.
Um zagueiro adorado e venerado pela torcida do Vasco. Chamado de Mito, Dedé vive uma lua de mel com os cruz-maltinos. Uma lua de mel constantemente ameaçada por conta das propostas que vivem chegando para que se transfira. Mas nessa hora, Volta Redonda acaba ajudando os vascaínos. Embora não coloque isso como fator determinante, Dedé admite que a proximidade com a família o faz pensar duas vezes antes de sair.
- Não é que eu recuse propostas só por causa disso. Mas é muito bom estar perto da minha mãe, da minha família, dos meus amigos. É claro que isso é levado em conta também na hora de avaliar o que aparece.
Dedé ficou em Volta Redonda até o início de janeiro, quando se juntou ao elenco do Vasco para a pré-temporada.