Em época de vacas magras, as categorias de base do Vasco devem ser observadas cada vez com mais carinho para cobrir certas lacunas deixadas pela debandada causada pela crise financeira. Um dos nomes cotados para serem promovidos logo após a Copa São Paulo de Futebol Júnior (que começa no dia 4) é Marquinhos, atacante de 18 anos que se destacou no segundo semestre, desde que Sorato assumiu o comando da equipe. Apelidado de "The Flash da Colina", a joia não teme a falta de maturidade. Ansioso por se firmar, diz que desde as primeiras categorias era precoce nos campos de pelada e lembra que, pela baixa estatura (1,67m), costumava enfrentar garotos muito maiores.
Nascido em Campinho, na Zona Oeste da capital carioca, e criado em Bento Ribeiro, bairro em que Ronaldo Fenômeno marcou seus primeiros gols, o garoto se diverte contando que se dividia entre a chupeta, a mamadeira e a bola ainda com quatro anos. O início foi na escolinha de futsal do Madureira, com cinco, na categoria de seis e sete anos. A velocidade sempre foi sua principal característica, mas os gols a cada temporada (fez oito em um só jogo mais de uma vez) é que chamaram a atenção de um olheiro do futsal do Vasco, que o levou aos 13 anos. Daí em diante, novos recordes até ir para o campo. Marquinhos garante que o amor pelo clube supera as dificuldades e pede passagem para as promessas em 2013.
- Eu me sinto bem no Vasco, que sempre apostou em mim e me deu valor. Se espero três meses para receber, por que não esperar quatro ou cinco? O que investiram é muito maior. Estou por amor ao clube, não por dinheiro. Nós ficamos um pouco preocupados com a família, mas não atrapalha em nada no campo. Defendo a camisa do Vasco com o maior orgulho e fico ainda mais motivado porque os caras estão dando oportunidade. Não podemos reclamar disso. Vai depender da gente se firmar e provar o valor para a torcida - disse.
Articulado, o atacante não gosta de enumerar ídolos na atualidade. Diz que prefere o futebol "à moda antiga", com esquemas ofensivos e correria. Assim, Pelé, Zico, por meio de vídeos, e os mais recentes Zidane e Romário são os que mais encheram seus olhos.
- No Vasco, observava muito o Juninho e tenho uma afinidade legal com o Tenorio, que dá conselhos para mais os jovens. Gostava de ver o Romário, ficava olhando as imagens do Zico, Pelé... do Zidane também. Gostava mesmo do futebol à moda antiga (risos). Era muito bem jogado, correria, e o meu negócio é correr, né? Então estou fazendo a minha parte.
Parceiro de bagunça na concentração, o meia Guilherme Costa, que será puxado para os profissionais já na pré-temporada, tentou inventar apelidos que os companheiros evitam tornar públicos. Principalmente para não ofuscar o "The Flash da Colina", que pegou e Marquinhos repete com orgulho, abrindo um sorriso quando escuta o grito da arquibancada. Na verdade, a ascensão do meio do ano para cá foi mesmo meteórica. Ele era reserva de Yago, mas tomou a vaga e se transformou em peça-chave ao longo das últimas competições.
Mais do que qualquer treinador, Marquinhos dá valor aos ensinamentos de sua mãe, Rita, que o acompanha e apoia desde os primeiros chutes. Além dela, a namorada, Rafaela, e a "sogra", Glória, formam o trio feminino que dá suporte à trajetória que começa a dar frutos.
- Acho que sempre foi um sonho mais da minha mãe do que meu (risos). Ela foi em todas as viagens, todos os campeonatos. É uma torcedora fanática - brincou.
É consenso entre os juniores do Vasco que o trabalho desenvolvido pela comissão técnica de Galdino não estava rendendo. Agora, com Sorato e o auxílio fornecido pela estrutura do novo CT de Itaguaí (RJ), tudo mudou. O apreço do atacante pelo chefe é tão grande que ele tem um uma foto antiga do autor do gol do título brasileiro do Vasco, em 1989, na gaveta do quarto.
- O Madureira foi jogar contra o Cabofriense, e o Sorato estava em campo. Tirei foto com ele e guardei. Quando falei, ele ficou surpreso. É um cara superbacana e trabalhador demais. Acho que faltou isso na outra comissão: trabalho. Houve uma revolução agora, está tudo em ordem, nos sentimos mais confiantes e no caminho certo - afirmou.
Para finalizar, mais uma declaração de amor à Cruz de Malta ao ser questionado se sonhava com Europa e riqueza.
- A minha primeira meta é chegar ao profissional, depois me firmar, estar junto com a torcida e ser reconhecido. Isso não tem preço. Quero virar ídolo do Vasco e espero ficar sempre aqui. Não penso em Europa, sinceramente. A cada dia de dificuldade que passamos era uma forma de nos aproximarmos mais. Treinávamos em campo ruim, mas quando tinha um melhorzinho, ficávamos felizes. Esses problemas e essa má fase vão passar. O Vasco é um gigante, não vai ficar em crise. É capaz de mudar essa situação e vai mudar.
Fonte: GloboEsporte.com