Ricardo Gomes: 'Voltar para o Vasco foi a melhor coisa que poderia ter acontecido'

Domingo, 30/12/2012 - 11:53

Mesmo feliz em voltar a trabalhar no Vasco como diretor técnico, Ricardo Gomes ainda tem limitações que foram deixadas pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu em 2011. Com dificuldade em pronunciar algumas palavras, ele conversou com o Esporte Espetacular sobre a vida, a profissão, as restrições, a Seleção e o time da Colina.

Como o trabalho com o futebol não prejudica sua saúde e não há contraindicação médica, Ricardo não teve dúvidas em voltar quando o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, fez a proposta.

- Não atrapalha em nada. Não dá para executar a função de treinador ainda. Vou discutir e resolver com o Gaúcho o que é melhor para o time, até na hora da escalação. Voltar para o Vasco foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para mim e só os resultados vão dizer se foi o melhor para o time também. Estava com saudade de trabalhar. Futebol é uma cachaça.

Em 15 meses de recuperação, ele precisou reaprender a se comunicar e a se locomover, com muitas sessões de fisioterapia e com fonoaudióloga.

- Minha vida ainda não está normal, nem tranquila. Mas tive sorte com os profissionais que estão comigo. Hoje a maior dificuldade é o lado direito, que pesa um pouco. Eu era destro e passei a ser canhoto, estou aprendendo a escrever com a mão esquerda.

Uma das pessoas mais importantes quando Ricardo começou a voltar a vida ativa foi o ex-técnico do time da Colina Cristóvão Borges.

- Ele foi um parceiro. Pedi para ele segurar que eu estava tentando voltar, mas eu não tive sucesso, ele foi irredutível. Fiz de tudo para ele não sair do Vasco, mas não deu.

Atento ao mundo do futebol fora o elenco cruzmaltino, o diretor técnico disse que ficou surpreso quando soube da saída de Mano Menezes da Seleção. Mas após o anúncio dos novos comandantes do time brasileiro, ele entendeu a lógica da troca.

- O Mano estava no melhor momento, na melhor fase. Mas houve uma troca por técnicos campões do mundo. A Copa vai ser no Brasil e é preciso experiência para blindar toda a pressão para não chegar aos jogadores. O time do Brasil é muito bom, só tem fera, mas são muito jovens. A dupla Parreira e Felipão tem experiência, e isso faz diferença.

Apesar dos momentos difíceis pelos quais passou, Ricardo disse que o AVC deixou uma lição de vida.

- Nem deu tempo de ter medo de morrer. Só fui parar e pensar nisso muito depois. E pensei durante só uma tarde e vi que era melhor esquecer e deixar o assunto de lado. Não foi fácil, não está sendo fácil, mas ficou uma grande lição: a saúde está em primeiro lugar - declarou.



Fonte: GloboEsporte.com