Em um ano e meio na Itália, foram 19 jogos e só dois gols. A versão "Giuseppe Amore" de Zé Love - ou só Zé Eduardo para os italianos - não deu muito certo para quem havia balançado a rede 27 vezes no mesmo período pelo Santos e tinha acabado de conquistar a Libertadores antes de mudar de país. De volta ao Brasil e perto de ser confirmado como reforço do Vasco por empréstimo, o atacante terá até o fim de 2013 para tentar reerguer a carreira depois de uma passagem apagada pela Velha Bota, onde pouco jogou por Genoa e Siena. Em meio a lesão e insatisfação, ele chamou mais a atenção dos torcedores italianos em uma rede social do que nos gramados.
Adepto do Twitter, Zé Love é um usuário assíduo da ferramenta, seja para criticar a postura do próprio time, para avisar que comprou um novo carro, para conversar com amigos e até mesmo para torcer para o Santos, seu ex-clube, na final do Mundial de Clubes da Fifa do ano passado, contra o Barcelona. Mas o hábito não pegou bem entre os torcedores do Genoa, principalmente pelo fato de o atacante não corresponder dentro de campo.
- A torcida do Genoa não fala bem dele. Ele foi apelidado de "Zé Twitter" pelo seu hábito de ficar horas e horas na internet escrevendo em seu perfil na rede social, algumas vezes até duas ou três horas da manhã. E as pessoas se perguntavam: "Por que não dormir à noite, em vez de gastar o tempo na internet?" - contou Filippo Grimaldi, que acompanha o time da cidade de Gênova para o jornal Gazzetta dello Sport.
Entre a titularidade e o banco de reservas, Zé Love disputou com a camisa 9 do Genoa apenas dez das 41 partidas da equipe na temporada 2011-2012, sem marcar nenhum gol. Mas segundo Grimaldi, a responsabilidade não pode ser jogada inteiramente sobre o atacante, que demorou cinco meses para estrear pelo clube após sofrer uma lesão na tíbia.
- Ele chegou num ano difícil do Genoa, a equipe trocou de técnico várias vezes e só escapou do rebaixamento na última rodada. Precisavam de jogadores de personalidade para se salvar, e já conhecidos no futebol italiano, e ele não andava bem. Além disso, quando chegou, vinha se recuperando de uma temporada inteira no Brasil, mas quis começar logo a preparação e sofreu uma fratura por estresse no pé, forçando-o a uma longa parada. Depois de curado, teve um ataque de apendicite que o deixou mais um tempo de molho. Tanto que ele só conseguiu estrear no campeonato em dezembro - explicou.
A fase negativa deixou Zé Love desapontado e sem clima no Genoa, o que abriu espaço para ele ser negociado. Depois de rejeitar o interesse do Milan - pois se recusou a passar por um período de testes -, o atacante foi emprestado por seis meses ao Siena. Com a camisa 57, ele ganhou mais chances como titular, disputou nove jogos e fez seus dois primeiros gols no país: um de pênalti, no empate por 2 a 2 com o Udinese pelo Campeonato Italiano, e um na vitória por 2 a 0 no Torino, pela Copa Itália.
Porém, seu desempenho não foi suficiente para fazer o clube tentar renovar por mais tempo o empréstimo. De acordo com Alessandro Lorenzini, correspondente da Gazzetta dello Sport em Siena, a imprensa local considera Zé Love um jogador versátil e de qualidade, mas não o vê preparado para atuar no futebol italiano.
- É um jogador de qualidade, mas neste momento não está adequado para o futebol italiano, que tem a característica de jogadores mais fortes fisicamente. Taticamente, ele não tem uma localização precisa no campo: pode jogar como primeiro atacante, mas não é forte nas cabeçadas; pode jogar de segundo atacante, mas segura demais a bola; e pode jogar como meia de ligação, mas marca pouco. Começava os jogos como titular, mas sempre era substituído. Provavelmente precisa de mais tempo para se adaptar e algum treinador que acredite mais nele - opinou Lorenzini.
Aos 25 anos, Zé Love vê no Brasil a chance de mostrar serviço para convencer um clube do país a contratá-lo em definitivo, ou então recuperar à distância o prestígio no Genoa, com quem tem contrato até junho de 2015.