Em fim de ano decisivo para os esportes olímpicos em termos de existência (a votação do orçamento do clube para 2013 será no dia 27), publicamos registros de um particular patrimônio do Club de Regatas Vasco da Gama cujo estado de (não) conservação é emblemático, no sentido de observar da maneira que ficou após anos de negligência e a falta de movimentação por parte do clube para reformá-lo. Fica a pergunta: seria que a não reforma dele pode significar que no futuro ele não teria razão de existir em virtude da extinção de vários esportes de quadra? Vejamos os próximo capítulos.
O Vasco possui uma enorme tradição, com inúmeros títulos importantes, nos esportes de quadra. Como não poderia deixar de ser diante deste vitorioso quadro, o clube possui um ginásio poliesportivo com porte suficiente para receber grandes jogos. Trata-se do Ginásio Cyro Aranha. Inaugurado em 23 de setembro de 1956, por ele passaram os vitoriosos times de basquete (masculino e feminino) campeões estaduais, sul-americanos e até vice mundial pela FIBA em 1999 (derrota para o San Antonio Spurs em torneio disputado em Milão, na Itália, na primeira vez em que um time sul-americano enfrentou uma equipe da liga de basquete mais forte do mundo), os times de futsal campeões estaduais e brasileiros, o handebol hexacampeão estadual masculino, diversos atletas do salão que fizeram sucesso no campo (Felipe, Pedrinho e Phillipe Coutinho, por exemplo) etc.
Após a inauguração, foi realizada uma grande reforma na gestão de Antônio Soares Calçada (em 2000). Coroando-a, houve a realização do primeiro Campeonato Sul-Americano de Futsal em São Januário. Era a grande chance do dono da casa de conquistar seu primeiro título deste porte, porém foi vice-campeão (perdendo a final para o Internacional-RS por 6 a 5). Até hoje o Vasco não possui este título.
Porém, o quadro atual do ginásio em nada lembra os áureos tempos. Interditado em dezembro de 2011, após um taco de madeira grande se soltar da quadra durante um treino do futsal (recentemente, no Paraná, houve uma morte de jogador por perfuração de um taco na perna do atleta), a instalação também possui goteiras, paredes descascando, arquibancadas e quadra imundas etc. É importante ressaltar que a interdição não foi devido a um fato isolado, mas resultado de um longo processo de negligência e desleixo para com o ginásio. Já eram realizados jogos com esparadrapos tampando buracos na quadra, imundície, vestiários em péssimo estado etc.
Indo de encontro ao quadro geral, promessas de reforma não saíram do papel durante o ano de 2012. A reforma do ginásio faria parte do projeto da arena para as Olimpíadas, mas o clube foi excluído como sede dos Jogos Olímpicos Rio-2016. O Vasco reconstruiu do zero o ginásio II, o "Forninho", inaugurando-o no final de 2011. Divulgado com muita pompa e estardalhaço por parte do clube, o ginásio sempre foi, em virtude do tamanho, voltado principalmente para os treinos, enquanto o ginásio principal geralmente recebia os jogos oficiais (além de treinos, também). O "Forninho", que ganhou o nome do presidente Antônio Soares Calçada, ironicamente o presidente da última reforma do ginásio principal, após sua reconstrução, ficou bastante moderno, sendo o único ginásio do Rio de Janeiro voltado e adaptado para os esportes paraolímpicos. Porém, o tamanho (capacidade de bem menos de 500 espectadores) e o piso são grandes complicadores. Além de ficar bastante restrito a eventos menores, como jogos das categorias de base, dentre os esportes atualmente praticados no clube, o ginásio II serve para jogos oficiais somente ao vôlei. A Confederação Brasileira de Basquete permite apenas jogos em quadras de madeira (o piso do "Forninho" é em poliuretano). Além disto, há a questão da área de escape (espaço entre o fim da quadra e eventuais obstáculos), o que também é um complicador para jogos de basquete (nas categorias maiores, até mesmo um impedidor). Já quanto ao futsal, a área de escape é fator determinante, embora o piso seja aceito. Desta forma, com a inatividade do ginásio principal, o basquete tem que mandar seus jogos fora de São Januário (neste ano, mandou na Associação de Basquetebol de Veteranos do Rio de Janeiro - ABVRJ); já o futsal manda seus jogos numa quadra auxiliar externa ao ginásio - quadra 3 do Complexo Esportivo João Silva, inaugurado em 2001 -, mas a capacidade de público é muito pequena (concebida para ser principalmente uma quadra de treino, não para jogos oficiais), o que limita maiores eventos e até mesmo jogos das fases finais do Campeonato Estadual nas categorias sub-20 e adulto.
No final deste ano, foi iniciada uma reforma pontual para troca do piso, porém, cerca de um mês após seu começo, avançou praticamente em nada e o ginásio continua bastante parecido com o estado em que esteve durante todo o ano de 2012. Porém, não é uma reforma que suprima plenamente todos os problemas da instalação, sem esquecer o fato de que está bastante estagnada, pondo em xeque sua realização de fato. Confira galeria de fotos que mostra a atual situação do ginásio poliesportivo: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.306209762814597.54713.290532267715680&type=3. Porém, o único detalhe que difere do começo da troca do piso são os amontoados de tacos. De resto, tudo já se encontra como já se encontrava durante o ano de 2012. Por isso, também disponibilizamos fotos tiradas em abril - portanto, há oito meses. Para deixar o sentimento nostálgico, também colocamos uma foto antiga do ginásio lotado pela torcida vascaína e em ótimo estado. Infelizmente, dois fatores essenciais vêm sendo permanentemente negligenciados: o respeito ao patrimônio do clube e o fato de o Vasco não ser apenas um time de futebol.
Fotos tiradas em abril e, sete meses depois, em novembro de 2012 mostram o estado do Ginásio Cyro Aranha, o ginásio poliesportivo principal do Club de Regatas Vasco da Gama.