Receitas bloqueadas pela Justiça Federal, treinador sem experiência e com as baixas já confirmadas de quatro titulares. Não é fácil a missão de Renê Simões, apontado diretor executivo pelo Vasco depois de passagem de nove meses pela base do São Paulo . Sem recursos, Renê tentará ser ágil nos bastidores e promover trocas e reforços a custo zero. Para isso, recebeu carta branca da direção vascaína. Exatamente o que não teve em Cotia…
Em nove meses, Renê Simões deu murro em ponta de faca ao tentar se impor como diretor técnico do São Paulo, mas para ele tudo ficou bastante claro desde o início. Na demissão de Zé Sérgio depois da Copa São Paulo, Renê foi contrário ao retorno de Sérgio Baresi, que havia deixado o Paulista de Jundiaí. Mas foi voto vencido por Marcos Tadeu Novais, diretor da base, e por José Geraldo Oliveira, gerente da base. E, claro, por Juvenal Juvêncio.
Para tentar se adaptar às necessidades da função no São Paulo, Renê Simões foi até o Barcelona passar por estágio. Também se inscreveu em curso de gestão de futebol promovido pela Fifa. Sua bagagem no futebol profissional ainda o credenciou para ser líder dos clubes das Séries A e B em seminário organizado pela CBF. Animado com o cargo, Renê tentava se capacitar, tinha contrato de longo prazo e um objetivo: oito titulares criados em Cotia entre os profissionais de um time vitorioso.
A decepção ao ser voto vencido no retorno de Sérgio Baresi foi seguida de mais frustrações nas contratações que o São Paulo realizou para as categorias de base no segundo semestre. Foram mais de 15 jogadores adquiridos para os juvenis e juniores, mas poucos tiveram o aval de Renê Simões. Aos jogadores indicados por ele, o clube só formalizou contratos de experiência. Mas com nomes do Desportivo Brasil e Guarani, respaldados pelas informações dos olheiros são-paulinos, foram feitos contratos definitivos.
Apesar de tentar uma reciclagem pessoal, Renê ainda entrou em rota de colisão com profissionais mais jovens da formação, em um conflito comum às categorias de base. Ciente de que não poderia agir conforme gostaria, amadureceu seu pedido de demissão, prontamente acatado pela direção são-paulina. Nos dias seguintes, jogadores que ele próprio havia indicado ainda acabariam dispensados.
O gesto provou quão era limitado o raio de ação de Renê Simões em um clube onde o presidente põe sua mão no trabalho do jardineiro até o diretor de futebol. Com Renê, não seria diferente. Agora no Vasco, ele prova a carta branca que não teve no São Paulo.
Fonte: Terra