Dois dias após anunciar sua saída do Vasco, o MARCA BRASIL falou com o ídolo vascaíno sobre a decisão. Bastante sincero, o jogador falou a respeito dos motivos que o levaram a terminar sua segunda passagem pela Colina.
MARCA BRASIL - O que o levou a sair do Vasco?
Juninho - Voltei para o Vasco com chances de continuar no Catar para cumprir uma promessa que havia feito. Era a última chance que tinha. Vim para ficar seis meses e acabei ficando um ano e meio. Essa situação complicada colocaria em risco tudo de bom que fiz na minha carreira, justamente na minha última temporada. Não queria correr o risco de ir mal e, ao invés de eu parar, acabar sendo aposentado.
MARCA BRASIL - Na sua opinião, do jeito que está a tendência é o rendimento do time piorar em 2013?
Juninho - Isso eu não posso ter certeza, mas torcedor, com o resultado ruim, esquece de tudo. Jogador precisa de condições para trabalhar e isso o Vasco não oferece mais. Já tivemos um segundo semestre muito ruim e coisas que nuca tinha visto na minha carreira aconteceram. Cheguei a me reunir com organizadas, que cobravam melhor rendimento.
MARCA BRASIL - Tem medo que essa sua saída deixe os vascaínos decepcionados?
Juninho - Na minha concepção, o ídolo é aquele cara que se dedica, que vai para casa irritado se perder e que não mede esforços para ajudar o time. Desde que voltei ao Vasco, joguei 76 vezes, 50 só neste ano e fiz minha melhor temporada no clube. Cumpri tudo o que prometi. Entendo o lado do torcedor, mas essa situação de manchar a idolatria não me preocupa. Quando cheguei, nunca tive a pretensão de ser ídolo e sempre me preparei para dar o melhor.
MARCA BRASIL - Você já disse que o ambiente em São Januário atualmente é sujo e que chegou a ser usado como escudo. A que se refere?
Juninho - Atualmente o Vasco vive uma crise política. Para atingirem o Roberto Dinamite (presidente do clube), tentaram me usar. Como me garanti dentro de campo, começaram a jogar sujo. Fui alvo de conselheiros, beneméritos e um monte de coisa sobre a minha, como detalhes do meu contrato, começaram a ser vazados. Isso me incomodou muito. Com um jogador importante do grupo, que tem uma história no Vasco, acho que deveria ter sido mais protegido. O ambiente em São Januário é propício, pois é muito amador. A situação vai melhorar quando profissionalizarem o clube.
MARCA BRASIL - Qual é a parcela de culpa da atual diretoria nessa crise financeira e política que o clube passa?
Juninho - Roberto Dinamite tem culpa, pois é o atual presidente. Mas ele não está sozinho. Existe uma grande dívida feita pelas administrações passadas. Mas ele formulou errado o contrato de alguns atletas, que acabaram negociados no meio do ano. Nunca imaginava que chegaria a esse ponto. Além da falta de dinheiro, ainda tem a questão política. Tem muita gente interesseira dentro do clube. O jogador no Vasco não tem salário, nem tranquilidade para trabalhar. Se tivesse tranquilidade, a questão do dinheiro ficaria em segundo plano.
MARCA BRASIL - Com 37 anos, você assinou contrato de um ano e afirmou que não pensa mais a longo prazo. Essa sua saída é um adeus ao Vasco?
Juninho - Esse é o meu adeus ao Vasco, pois tenho a convicção de que assinei o meu último contrato. Mas saio com a minha consciência tranquila. Meu rendimento foi melhor que na primeira passagem e acho que consegui ajudar de alguma forma. Recebi uma proposta tentadora do Atlético-MG, mas, pela história que escrevi no Vasco, decidi ir para os Estados Unidos. Fico triste por não ter conseguido ser campeão de novo, mas as coisas aconteceram desse jeito. Pelo menos pude jogar, pior seria se eu tivesse me machucado toda hora.
MARCA BRASIL - Você voltou dos Estados Unidos já acertado com o Red Bull?
Juninho - Roberto Dinamite já sabia que eu iria para lá a convite do clube. Em Nova York conheci escolas, apartamentos e visitei o Red Bull. Tirei uma foto sem vestir a camisa com a promessa que só seria divulgada se acertassem o contrato. Assinei o vínculo apenas na segunda-feira, depois de comunicar o Vasco que eu não iria continuar.
MARCA BRASIL - Você se arrepende de ter voltado para o Vasco?
Juninho - Não me arrependo de nada, pois joguei bem nesse retorno. Pude voltar a entrar em São Januário, disputar clássicos e uma nova geração pôde me atuar de perto. Me desgastei muito fora de campo, pois faltou proteção e acho que deveria ter sido respeitado. Mas fica o sentimento de dever cumprido.