Poeta com um sapato na boca
Na primeira passagem de Juninho pelo Vasco ele veio de contrapeso, junto ao companheiro de Sport Recife, Leonardo. Foi reserva, passou à titularidade, andou se contundindo, perdeu a condição de titular absoluto na Libertadores de 1998, a retomou depois.
No Mundial de clubes da FIFA de 2000, pipocou na hora de decidir um lance capital.
Na final do campeonato brasileiro de 2000, marcou um gol que não comemorou. Tinha então um pré-contrato assinado, sob os panos, e um desejo escondido: dar uma rasteira no Vasco.
Assim o fez, valendo-se da transição da Lei do Passe e da fama de sua então advogada, Gislaine Nunes, que depois veio inclusive a trabalhar no ramo do futebol como representante de atletas.
O Vasco não sossegou, foi à FIFA e fez valer os seus direitos. O clube, que à época também precisava de receita, poderia ter obtido alguma importante com a negociação de Juninho. Mas ele, vascainíssimo, optou por sair nas sombras. Na FIFA até que se conseguiu uma reparação, mas nada comparado com aquela que poderia vir originalmente. A rigor, a reparação foi principalmente moral.
Em seu retorno ao Vasco, aparentemente amadurecido dentro de campo, Juninho foi ainda mais importante do que no passado. Seja pela liderança, seja pelo futebol diferenciado que jogadores do nível dele, cada vez mais raro, fazem sobrepor sobre adversários diariamente mais fracos.
Mas fora de campo, Juninho, infelizmente, continuava o mesmo: jogou para a galera, no falso contrato do salário mínimo. Aproveitou-se da fraqueza da “diretoria” para emplacar um contrato posterior absolutamente lesivo ao Vasco, no qual se previa o pagamento de 50 mil reais por vez que entrasse em campo, além de 10 mil reais por gol anotado (quanto deverá o Vasco a ele hoje?). Meteu-se a fazer discursos com vieses políticos, calcados na filosofia chapa-branca. Ou seja, apoiou isso que aí está destruindo o Vasco, tudo com a intenção, quem sabe, de açambarcar algum cargo no Vasco assim que parasse de jogar.
Agora, ao sair mais uma vez, admite a bagunça que o Vasco vive, menciona o desastre administrativo, reclama do atraso salarial, finge-se de bom moço ao dizer que só ficaria se garantissem o pagamento aos funcionários, mas não perde a pose de falastrão desastrado: atira contra o que ele chama de “euriquistas de plantão”. Na concepção torta de Juninho, são eles os culpados de tudo. A culpa é d’Ôrico. A culpa é d’osÔriquistas.
Nestes termos e tamanha a idiotice proferida, como há muito pouco a falar a mais um vascainíssimo até a página 2, a um pseudo-conhecedor do Vasco, a um palpiteiro sem noção, deseja-se boa sorte, que vá pela sombra e que, se possível, no caminho, vá lamber sabão. Quem não assume seus atos, suas responsabilidades, seus erros e, pior, tenta empurrá-los para quem nada tem a ver com a zona que o Vasco se transformou, não merece nenhuma atenção. Se Juninho está tendo dificuldades em explicar à torcida e aos seus parceiros de diretoria a sua saída, é uma coisa. Aliás, nem deveria. Agora, se para fazê-lo, delira e vocifera contra quem só se põe a contar a sua historinha verdadeira, que não é o conto de fadas que se imagina, é sinal de que perdeu o rumo.
Adeus, Juninho. E saiba que junto a essa gente você ajudou a destruir o Vasco. Mas fique tranquilo: nós vamos recuperá-lo e você vai poder fingir que torce pelo clube de novo.
Equipe CASACA!
Fonte: Casaca