Vestir a camisa do Vasco faz, de novo, parte do passado de Juninho. Acertado com o New York Red Bulls, dos Estados Unidos, o meia resistiu aos encantos de fora enquanto pôde para permanecer na Colina. Na última quinta-feira, o camisa 8 recebeu uma ligação de Minas Gerais. Do outro lado da linha, estava Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG. O dirigente reiterou que a proposta de R$ 500 mil mensais por um ano ainda estava de pé. Bastaria dizer não ao New York Red Bulls e deixar o Vasco para jogar a Copa Libertadores. Juninho, então, disse não, mas ao Atlético-MG. E por um motivo: não gostaria de macular sua relação, mais do que reestabelecida na última passagem, com a torcida vascaína.
Seu desejo era jogar no exterior e o acerto com os norte-americanos estava bem encaminhado, com contrato redigido e toda estrutura apresentada. Faltava apenas a assinatura. Ao voltar dos Estados Unidos, Juninho Pernambucano decidiu dar ao Vasco duas semanas para que alguma proposta lhe fosse apresentada. Neste fim de semana, a corda com os Estados Unidos esticou ao máximo. Sem o retorno vascaíno de forma oficial, Juninho assinou o contrato com os norte-americanos e enviou os documentos rumo aos Estados Unidos. Selava, assim, sua saída do Vasco pela segunda vez na carreira.
Na decisão de Juninho pesou muito a influência da família. Casado com Renata, o Reizinho tem três filhas: Giovanna, Clara e Rafaela. Durante a visita a Nova Iorque, o meia ficou encantado com os colégios oferecidos para a educação de todas elas. Uma das filhas, inclusive, tem interesse em estudar em Los Angeles, também nos Estados Unidos. A indefinição no Vasco, em crise financeira e com a saída de jogadores após ações na Justiça, também teve peso considerável. Tão logo o acerto com o clube norte-americano foi propagado, Juninho recebeu mensagens de apoio de muitos jogadores do atual elenco vascáino. A situação do futebol do clube é considerada tão delicada que muitos nem mesmo acreditaram que aos 37 anos Juninho cogitava recusar uma oferta para jogar no exterior.
Ao tomar a decisão na manhã desta segunda-feira, Juninho Pernambucano, de férias com a família em Recife, pegou o telefone e ligou para o presidente Roberto Dinamite, explicando seus motivos. Recebeu desejos de boa sorte e a menção de que as portas do Vasco continuam abertas. Diretor de futebol do clube, Renê Simões lamentou profundamente a saída de Juninho e admitiu que não houve proposta oficial, já que o Vasco aguardava apenas a decisão do meia sobre uma possível permanência em 2013.
"É lamentável a saída. Tudo o que ele quisesse, a gente arrumaria. Qualquer coisa, não teria problema. A decisão nunca passou por isso aí (formalizar uma oferta). Isso não ia modificar a decisão em nada. A partir do momento em que ele dissesse que queria ficar, a gente faria o possível e o impossível", afirmou Renê Simões ao ESPN.com.br
Diante da espera mútua, o Reizinho, mais uma vez, deu adeus aos seus súditos. Ao menos dentro do campo, a nau vascaína perdeu seu grande comandante. Nos mares revoltos de São Januário, a busca é, ao menos, por uma bússola que indique um horizonte de bonança.
Fonte: ESPN.com.br